O Homem que Ri

O Homem que Ri Victor Hugo
Victor Hugo
Victor Hugo
Victor Hugo




Resenhas - O Homem que Ri


70 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5


Carolina.Gomes 19/06/2021

A voz dos excluídos
Gwynplaine, quando criança, foi abandonado pelos traficantes de crianças- os comprachicos.

Tendo o rosto deformado, transformado numa caricatura ambulante, ele vaga perdido e sozinho até encontrar abrigo e formar uma família peculiar.

Até a vida adulta, ele vive como saltimbanco, ganhando a vida fazendo as pessoas rirem de sua fealdade?

Até que seu passado emerge e ele tem que lidar com acontecimentos transformadores.

É através da história desse personagem que Victor Hugo faz críticas ferrenhas à monarquia, à aristocracia, à sociedade da época, fazendo da sua pena instrumento para se insurgir contra a desigualdade social, a pena de morte, os privilégios dos nobres, trazendo à tona temas tão relevantes para a reflexão: a exclusão social, o bullying, a extrema pobreza, a injustiça social, o preconceito, a condenação sem o devido processo legal.

É um livro riquíssimo e extremamente atual.
Foi uma experiência enriquecedora e emocionante.
Ana 20/06/2021minha estante
Será que o coringa foi baseado nesse personagem?


Carolina.Gomes 20/06/2021minha estante
Não vi semelhança c o vilão. ?


re.aforiori 27/06/2021minha estante
Ótimo resenha, Carol! Abordou com maestria os aparentes principais aspectos do livro.

E este livro do autor do magnífico ?Os miseráveis? e do espetacular ?Os trabalhadores do mar?, pretendo ler tão logo. Na verdade, Hugo é um de meus autores preferidos, no entanto, gostaria de poder ler tudo que ele escreveu...

Infelizmente para o nosso português, só chegam traduções de parte de suas obras, que são os principais romances. Mas, Hugo, além de ter sido um grande romancista, foi também um grande poeta e um grande dramaturgo. Sem falar, que fora da literatura, foi um grande político e estadista.

Entretanto, Victor Hugo foi grande em tudo que fez!
Hugo foi um dos escritores mais célebres já em vida; foi aclamado pela crítica e pelo público. Quando morreu, parou Paris, milhares de pessoas foram a seu enterro.
Nunca houve na história, algo próximo com qualquer outro escritor.

Carpeaux defini em sua obra-prima ?História da literatura ocidental? o século XIX, como o século de Hugo (imaginemos quantos outros grandes escritores tivemos no século XIX; a lista é enorme, não é verdade?) devido naturalmente a importância de sua obra, e também pela enorme influência que exerceu na literatura mundial.

Vi que você está para ler ?Os miseráveis?, Carol; ou seja, o melhor de Hugo ainda lhe espera... ??

Ah, meu amor por Hugo é tão grande, que pretendo ler também biografias dele... E, sobretudo, se eu um dia tiver outro filho homem, ele há de se chamar Victor Hugo ?; em homenagem a ele, e porque gosto deste nome. Assim como já homenageio meu poeta preferido, que é o Fernando
Pessoa, tendo dado o nome de Fernando ao meu filho, enfim, digressões a parte kkk ?.

Ah, eu só fui ver hoje esta sua resenha, que acessei seu perfil, justamente porque lembrei que você estava lendo este livro, e não via mais atualizações de leitura. Não sei como, na correria, eu não a tinha visto (mas vou passar a dar atenção diária a timeline do Skoob); que desperdício estava cometendo... Mas agora fico feliz em poder apreciá-la!

Enfim, parabéns por mais uma vez nos prestigiar com suas admiráveis resenhas, Carol! ?

PS: Eitah escrevi um textão; não consigo falar de Hugo com poucos palavras kkk ?, mas, tenho certeza, que vc vai entender essa minha profunda admiração por Hugo, depois de ler ?Os miseráveis?, e acredito que tende a gostar tanto, que vai querer ler também os ?Os trabalhadores do mar?.
??


Carolina.Gomes 04/07/2021minha estante
Hahahaha Re, agora q vi esse maravilhoso comentário. Obrigada por compartilhar comigo suas impressões. Temos gostos afins.


re.aforiori 04/07/2021minha estante
Kkk rs ?

De nada, querida! Temos sim, verdade! ??


Ricardo.Silvestre 08/08/2022minha estante
Não conhecia essa obra mas confesso que já fiquei bem curioso!!! ?




ElisaCazorla 01/03/2021

Queria mais ficção e menos História
Queria mais ficção e menos HISTÓRIA!
Acho que Victor Hugo tinha uma preocupação gigantesca com manter um registro histórico do que ele achava que era o centro do mundo. Eu gostei muito do texto mas há tantas e tantas e tantas páginas preocupadas em descrever o funcionamento de um navio e como se navegar um navio e como se achar no meio do mar - que me senti mais lendo um livro de história do que um romance. Informações demais e completamente irrelevantes para a narrativa ficcional deixam o livro um pouco cansativo. É mais um documento do que um romance.
Depois mais e mais páginas sobre a hierarquia da nobreza e da aristocracia na monarquia de Londres - infinitas páginas! Informações DEMAIS que não fazem diferença pra narrativa. É muito claro que Victor Hugo teve muito cuidado em documentar o que ele achava que não podia desaparecer da História. Mas isso deixou pouco espaço para os personagens maravilhosos! Ursos, personagem incrível que amei desde a primeira frase e que poderia ter tido mais e mais páginas.
Um desfecho que não me agradou em nada. Um drama cansativo que deixou TANTAS portas e janelas abertas e que se tivessem sido trabalhadas poderiam ter sido TÃO MELHORES!!!
Uma pena. Uma leve decepção.
regifreitas 01/03/2021minha estante
veja pelo lado bom: se um dia vc se perder no mar, em um navio abandonado, saberá se virar bem. rsrsrsrs


ElisaCazorla 01/03/2021minha estante
Regi, é uma maneira de ver as coisas - mas eu devo admitir que entendi muito pouco desses longuíssimos capítulos porque são bastante técnicos e eu não estou nenhum pouco familiarizada com aquele vocabulário hehe


regifreitas 01/03/2021minha estante
eu tive esse problema com Moby Dick, quando li lá no começo do milênio. muitas descrições sobre a vida no mar e a pesca de baleias. tenho até vontade de reler a obra, mas quando penso nessas partes, bate a preguiça.


ElisaCazorla 02/03/2021minha estante
Acho que esses autores tinham objetivos que ultrapassavam a literatura: documentar. Fica mesmo bem cansativo algumas partes.




Reginaldo Pereira 25/06/2022

Uma homenagem à grandeza da alma
Acabei de terminar de ler esta obra e escrevo esta resenha ainda com os olhos molhados? Um misto de tristeza, profunda tristeza por tudo o que aconteceu? e de ausência pelo final de algo tão grandioso.

Definitivamente foi a obra mais triste que já li, e ao mesmo tempo uma das mais belas. Victor Hugo me fez passar por um turbilhão de emoções, e que culminaram com uma espécie de tapa na cara da sociedade. E não apenas a do século XVIII, mas também de todas as outras subsequentes, inclusive a atual.

Os pontos altos que destaco na obra são a Matutina passando pelas fúrias oceânicas; as atribulações de Gwynplaine: as tentações, as descobertas ocultas na garrafa e seu discurso na Câmara dos Lordes (inigualável e atemporal!!!); e o fim?

Os 4 personagens principais serão inesquecíveis pra mim: Gwymplaine, Dea, Ursus e, sem dúvida, o tão querido Homo! A saudade que já sinto de vocês é realmente de doer?

Victor Hugo me surpreendeu! Mesmo com algumas passagens um tanto densas (a ?burocracia? dos Lordes, Príncipes, Barões, etc?), sua escrita é fascinante e poética. A obra se desenrola de uma forma tão empolgante e ao mesmo tempo sem dar ideia de como irá prosseguir! E isso é fantástico!!!

Foi um imenso prazer conhecê-lo, Victor Hugo!! Nos veremos daqui a algum tempo em ?Os Miseráveis?.
Carolina 25/06/2022minha estante
Estou estupefata com o Victor Hugo. Sua obra é magnânima.


Reginaldo Pereira 25/06/2022minha estante
Carol, estou até agora pensando em tudo o que passou! Gostei demais dele!!!!


Carolina 25/06/2022minha estante
Já vi que vou gostar desse ?O Homem que Ri?. Victor Hugo deve ser especialista em criar personagens grandiosos.




Emilia.Reis 26/02/2022

A burguesia sempre vence
A gente sabe que o mundo é um caos e que os ricos massacram os pobres desde sempre, "é um bom sistema".
.
No entanto, a forma que Victor Hugo fala sobre isso e ainda cria personagens que vivem toda a questão social da época é formidável e angustiante.
.
Esse não é livro fácil, mostra todo o sistema podre da sociedade, que existe pra manter os Lordes ricos em troca da miséria de tantos outros. Não há momentos felizes, é real e vai ser pra sempre atual, infelizmente.
.
Obs: Como sempre o autor detalha muita coisa que pra maioria das pessoas não importa e nem faz falta na história, porém não foi motivo pra tirar estrelas dessa obra. (No final ele sempre entrega um bom livro.)
.
"Evidentemente Lorde C era convicto, ou seja, idiota"
Rayza.Figueiredo 26/02/2022minha estante
Vitinho não decepciona


Emilia.Reis 27/02/2022minha estante
acaba com a gente.

.




spoiler visualizar
Lívia 15/06/2023minha estante
Descreveu a minha opinião




Nara Andrade 26/02/2020

O Homem que Ri
O homem que ri é um livro que foi escrito por Victor Hugo e inicialmente publicado em 1869.
A história se passa na Inglaterra entre os séculos XVII e XVIII, os primeiros personagens que Victor Hugo nos apresenta são Ursus, que um homem e seu fiel companheiro Homo, que e um lobo. Ursus e Homo levam vida errante, de cidade em cidade, Ursus é um pensador, se diz filósofo, solilóquio e um pouco de saltimbanco também.
Paralela à história de Ursus e Homo, nós teremos um outro personagem, Gwynplaine, que é uma criança, e antes de falarmos sobre esta criança e sua característica incomum, se é assim que podemos chamar, é importante falarmos sobre um grupo que viveu na Inglaterra durante o período que se passa a história, esse grupo, conhecido como "comprachicos" eram pessoas que compravam crianças, por isso "comprachicos" termo derivado do espanhol, este grupo compravam crianças e as mutilavam para usá -las em apresentações.
Essa prática se tornou crime que poderia ser levado a morte. Diante disso, voltemos a nossa criança, Gwynplaine, havia sido comprado por esse grupo e teve seu rosto mutilado, quando a prática da mutilação foi considerada crime, este grupo foge e abandona esta criança, quando se vê abandonado, se põe a caminhar sem saber ao certo pra onde ir, no caminho encontra um bebê cego que está sobre a mãe já morta pelo frio e provavelmente fome, Gwynplaine salva o bebê, mesmo sem saber se poderia salvar a si mesmo, e retoma seu caminho.
Depois de muito caminhar, em muitas portas bater e nenhuma abrir, já quase perdendo a esperança ele encontra uma espécie de casa sobre rodas, chama, e quem os recebe é ninguém mais ninguém menos que nossos primeiros personagens.
Ursus e Homo acolhe Gwynplaine e Dea, a criança cega, e formam uma família incomum. Juntos levam vida de saltimbancos, de cidade em cidade e a mutilação de Gwynplaine se torna atração.
Victor Hugo mais uma vez usa sua obra para falar sobre política, monarquia e principalmente sobre misérias, definitivamente não é um livro sobre finais felizes, mas isso não é surpresa pra quem lê Victor Hugo, também não é um livro fácil, porém é um livro que vai se tornando interessante com o crescimento de cada personagem que nos é apresentado, com segredos e reviravoltas intrigantes.
É um livro sobre quem detém o poder e quem está abaixo dele, nas classes que sofrem e, nos deixa um enorme diálogo sobre o papel daqueles que detém o poder, e porque não sobre o nosso papel também enquanto cidadão, é uma história atemporal, muda-se os personagens, o cenário, o período, porém o preconceito, o julgamento, a fome, o medo são sofrimentos que existem ainda hoje, e o livro nos questiona, qual o nosso papel como agente transformador dessa realidade?
Daniel.Souza 26/07/2020minha estante
Veja o filme de 1928.




Luiz Pereira Júnior 21/04/2022

O mais terrível dos Coringas...
Primeiramente uma observação importante em relação à edição de 2014 da Editora Estação Liberdade (não sei se o mesmo ocorre na edição da Editora Martin Claret): de colocar um texto que conta todo o enredo do livro (até mesmo o destino final dos protagonistas) logo no início da obra. Tudo bem, é uma Introdução, como o próprio nome diz, mas, se é esse o problema, mude-se o nome e coloque-se a tal Introdução no final. Em outras palavras: imagine-se pagando 60 reais para assistir a um filme e logo nos primeiros dez minutos todo o enredo é resumido e contado aos telespectadores. Ou, pior ainda, imagine-se vendo o primeiro capítulo de uma novela e descobrir que esse primeiro capítulo faz o resumo completo da novela, até mesmo o último capítulo com o destino final dos protagonistas! Com todo o respeito, senhores editores, essa foi uma das decisões mais ............... que eu já vi em uma publicação (completem a lacuna a seu gosto e vontade).

Em relação à obra em si, é um clássico talvez seja a melhor e mais sucinta definição que eu possa imaginar para ela. Um enredo inquietante, personagens bem construídas, linguagem completamente adequada ao contexto (vocabulário culto, mas sem chegar ao irritante hermetismo daqueles escritores que parecem apenas querer deslumbrar o leitor com seu léxico ou com suas experimentações vocabulares), detalhes que acabam por fazer toda a diferença (sim, eu sei que é um paradoxo), informações beirando o curiosismo mas que retratam os terrores e o magnífico de uma época, muitas e muitas frases que podem ser marcadas como pensamentos ou aforismos... É um clássico, como já disse. Menos conhecido que “Os miseráveis” e “O corcunda de Notre-Dame” do mesmo escritor, porém até mesmo mais profundo e impactante que esse último.

Sim, eu sei dos defeitos do livro. Melhor dizendo, eu sei não dos defeitos, mas do que pode não agradar ao leitor contemporâneo, ao leitor iniciante, ao leitor jovem acostumado aos livros de séries em que cada livro parece repetir o outro (e talvez seja essa a ideia: a fórmula deu certo, então repita-se a fórmula). Enormes trechos descritivos, muitas repetições usando-se palavras diferentes, digressões que acabam por adiar a trama principal do enredo (péssimo para os leitores que gostam de ação e mais ação), personagens maniqueístas (não tem como negar isso), a mesma linguagem usada para todos os personagens não importa a classe social ou a faixa etária em que se encontrem (sim, também sei que isso contradiz o que disse no parágrafo anterior, mas o vocabulário reflete o ideal de todos os personagens falarem do mesmo modo – uma característica do Romantismo: basta lembrar das falas de Inocência, Peri, Iracema, Augusto de “A Moreninha”). Como eu disse, é um clássico e, sem preconceitos nem generalizações, um clássico não é necessariamente (acredito que nunca seja) uma leitura fácil e meramente divertida...

E o enredo: um garoto é abandonado em terra firme por um grupo que fugirá em um oceano tempestuoso. O barco afunda, o garoto caminha na neve e encontra o cadáver de uma mulher e um bebê (menina) tentando mamar nele. O garoto (Gwynplaine) recolhe a menina e a carrega consigo, sendo adotados, depois de enorme sofrimento, por um saltimbanco e seu lobo de estimação. Com o passar do tempo, descobre-se que Gwynplaine é o lorde da família mais nobre do Reino Unido, logo abaixo da posição da rainha. O mais importante eu ainda não o disse: o rapaz era filho de um inimigo do rei e foi dado para um dos grupos dos chamados comprachicos. E o que faziam esses grupos? Compravam crianças e as desfiguravam para vendê-las aos circos de horrores. No caso de Gwynplaine, os comprachicos cortaram a boca do menino de forma a fazer com que ele passasse a exibir eternamente um riso em sua face...

Sim, já sei o que você está pensando. Pelo que eu pesquisei, “O homem que ri” deu origem a um filme homônimo e, posteriormente, o personagem se transformou no famosíssimo Coringa, que, como todos sabem, tem a origem de seu sorriso ao cair em um tanque de ácido, que deformou seu rosto. E por que essa diferença na origem do sorriso? Na verdade, até que é bem óbvio... A DC Comics jamais faria filmes para o grande público (adeus, bilhões de dólares) em que uma criança tem a boca retalhada de orelha a orelha , exibindo uma máscara cômica mas de inacreditavelmente profundo sofrimento interior...

A pergunta de sempre: vale a pena? Sem dúvida, mas saiba onde está se metendo. Um livro clássico é atemporal – e o atemporal não quer dizer necessariamente que você encontrará tudo o que deseja, tudo o que pensa, da forma como pensa e deseja e que se emocionará como à época em que foi publicado. E talvez seja esse mesmo o segredo do clássico: permanecer clássico mas de uma forma diferente a cada leitura que façamos dele...
Débora 15/02/2024minha estante
Obrigada por avisar, o mesmo aconteceu comigo em O quinze da Rachel de Queiroz na última edição da José Olympio. Fiquei muito chateada.




Lidiane 27/02/2017

Magnífico
Essa obra de Victor hugo é bem diferente dos miseráveis. Ambos sao clássicos de uma profundeza impecável.
No entendo a obra em questão foca muito mais nas ocorrências da época em que a história se passa do que no romance, oq pode tornar a história bem cansativa, mas vale cada minuto, pois é de uma sensibilidade incrível.
comentários(0)comente



none 16/10/2017

Assista o filme antigo (década de 20), leia o livro, leia o livro, leia o livro!!!
Conheci primeiro o filme mudo e em preto e branco, que ficou famoso pelo fato da maquiagem do protagonista ter inspirado o visual do Coringa de Cesar Romero na série de TV Batman. O filme é emocionante pela trilha sonora (canção de Dea no final), o livro é repleto de personagens cativantes (o próprio Gwynplaine, sua cega amada Dea, Ursus o ventríloquo -filósofo, o cão Homo, a princesa Josiane, o vilão Barkilphedro, David Dirry-Moir, Tim-Tom-Jack, os hediondos Comprachicos, o sinistro wapentake, e os bonachões Lordes ingleses e tantos mais).
Confesso que tenho um sentimento passional quanto aos romances de Hugo, ou amo, e amo a maioria (Trabalhadores do mar foi o primeiro clássico que li) ou estranho (Os Miseráveis é excessivo, exagerado, sentimental, perdi as vezes de quanto chorei, quanto ri, quanto tive vontade de abandonar o romance (e o fiz por volta da página 1500...), ao mesmo tempo admiro demais o autor por ser assim, pelo estilo inconfundível que já irritou Machado de Assis (tradutor que resumiu e cortou trechos de Hugo e Dickens, para ficar nos clássicos dos clássicos) pela pessoa que é: mesmo que não concorde com ele politicamente, estou seguro que é o autor que mais me identifico quando trata dos assuntos gerais da política, da época em que vivia. Victor Hugo na maioria dos livros, e principalmente neste nos oferece uma aula de latim, de história, de geografia. Hoje muitos jornais e sites de internet (à direita e à esquerda) apenas jogam informações e dados a partir do nada, sem conteúdo. Hugo vai às fontes, estuda, nada melhor que apresentar um personagem secundário filósofo, Ursus, e obviamente seu lobo Homo, para nos introduzir ao seu mundo, suas ideias, seus personagens, sofredores, amantes, erráticos, demasiadamente humanos.
comentários(0)comente



Diego Rodrigues 25/01/2020

Victor Hugo Permanece Atual
Victor Hugo é um dos meus autores favoritos, isso é fato. "O Último dia de um Condenado à Morte", "Os Trabalhadores do Mar" e "Os Miseráveis" foram obras que proporcionaram leituras incríveis e que me marcaram, cada uma à sua maneira. E claro que "O Homem que Ri" não poderia ter sido diferente. Aqui vamos acompanhar a trajetória de Gwynplaine, o garoto órfão que é comprado pelos comprachicos, uma espécie de gangue que trafica crianças na Inglaterra do século XVII, e que por eles é mutilado e desfigurado tendo os dois lados da boca cortados, formando assim em sua face um eterno "sorriso". Com a mudança da coroa e, consequentemente, o enrijecimento das leis, os comprachicos passam a ser perseguidos e condenados à morte por seus crimes. Com medo, a gangue de Gwynplaine resolve deixar a Inglaterra, abandonando o garoto desfigurado à própria sorte.

A partir desse ponto vamos acompanhar o crescimento de Gwynplaine até a vida adulta e seu encontro com personagens marcantes, como a cega Dea, o velho Ursus e o lobo Homo. Aliás, a criação de personagens marcantes e cativantes é marca registrada de Victor Hugo. Gwynplaine traz muito de Jean Valjean, apesar de tudo que sofre durante a história e das tentações que enfrenta, ele se mantém fiel a seus princípios e fiel a seus amigos. Dea em alguns momentos faz lembrar Cosette, foi acolhida quando estava fragilizada e se tornou a "cola" que mantém o grupo unido. Ursus é um filósofo que ás vezes se faz de durão mas por dentro seu coração se derrete todo ao contemplar o amor e a luz que vêm dos mais jovens a sua volta. Homo, o lobo, forma uma bela dupla com Ursus. Como diz uma passagem do livro: Ursus tem mais de lobo do que Homo, e Homo tem mais de homem do que Ursus.

Victor Hugo também é conhecido pelas longas digressões presentes em suas obras, o que é muito criticado por parte de alguns leitores que não estão acostumados com o estilo do autor. Confesso que quando eu estava lendo "Os Miseráveis" essas digressões me incomodavam um pouco, eu queria saber o que ia acontecer com os personagens no capítulo seguinte e era surpreendido por um longo capítulo que contava a história dos esgotos de Paris ou falava das táticas de guerra de Napoleão. Mas depois de concluída a leitura eu percebi o quanto essas digressões foram importantes para a ambientação e o enriquecimento da história. Victor Hugo trabalha muito o contexto histórico e político em suas obras, o que pode tornar a leitura um pouco mais lenta, porém mais rica. Em "O Homem que Ri", por exemplo, vamos ter muitas digressões sobre aristocracia inglesa da virada do século XVII para o XVIII. O autor em nenhum momento vai se intimidar de fazer uma pausa na narrativa da história para filosofar sobre o gênero humano ou tecer críticas a sociedade da época. Críticas essas que, infelizmente, permanecem atuais na nossa sociedade em inúmeros pontos. Talvez por isso essas digressões sejam tão importantes e não devem ser negligenciadas, principalmente nos tempos de hoje que têm sido tão obscuros. Victor Hugo permanece atual.

site: https://discolivro.blogspot.com/2020/01/o-homem-que-ri-victor-hugo.html
comentários(0)comente



DaniBooks 17/03/2020

O HOMEM QUE RI
Victor sempre me encanta. E com O Homem que Ri não foi diferente.

Aqui, acompanhamos a trajetória de Gwynplaine, uma criança que foi deformada por uma gangue chamada comprachicos. Essa gangue pegava crianças abandonadas e as transformava em atrações grotescas de circo. Gwynplaine teve seu rosto deformado e um sorriso eterno estampado na face.

Por questões políticas, Gwynplaine foi abandonado pelos comprachicos em um porto inglês, em uma noite de neve e tempestade. No seu caminho, ele salva uma bebê da morte e encontra abrigo na casa ambulante de Ursus, um homem que ganha a vida se apresentando como filósofo e até como médico. É um homem pobre, que tem como única companhia um lobo: Homo. Ursus abriga Gwynplaine e a bebê, que passa a se chamar Dea. Dea, por ter ficado exposta ao frio e à neve por muito tempo, é cega.

Esse grupo insólito se apresenta toda noite para poder sobreviver. Gwynplaine e Dea crescem apaixonados, um amor idealizado e puro. Ele vira saltimbanco e passa a ser conhecido como O Homem que Ri. Tudo vai relativamente bem, até o momento em que resolvem partir para Londres. Lá, fatos extraordinários mudam a vida de Gwynplaine e põem sua nobreza de caráter à prova.

Mais uma vez, Victor Hugo escreve sobre os miseráveis, sobre os renegados, sobre os excluídos, sobre o grotesco, mas também sobre o sublime. E o sublime é sempre o amor.

Mais uma vez, vemos a crítica ácida à nobreza e à aristocracia, dessa vez inglesa, a ironia, o apreço pela República e pela Democracia, o grito por igualdade social, o desprezo pelo abuso de poder e pelo descaso com as massas.

Gwynplaine é visto como um monstro, todos riem dele. E a única que enxerga sua verdadeira face é Dea, a cega. O sorriso de Gwynplaine é o sorriso do povo: triste, falso, resultado de violência e mutilação social.

Pleno de personagens marcantes, O Homem que Ri nos brinda, mais uma vez, com a escrita espetacular de Victor Hugo: uma escrita delicada e crua, emocionante e chocante, rica e cheia de recursos. É tudo amarrado, tudo se encaixa, não há nenhuma ponta solta. Tudo tem um propósito, nada é gratuito. É uma verdadeira aula.

Só não ganhou 5 estrelas porque houve um momento em que a prolixidade do autor me cansou. Mas foi um quase nada em meio a essa história maravilhosa.

O final é doído, é triste, digno do auge do Romantismo. Confesso que não esperava esse desfecho, ansiava por algo mais alentador. Porém, ele é coerente com todo o enredo.

Obviamente, você deve ter se lembrado do vilão dos quadrinhos, o Coringa, durante a leitura dessa resenha. Sim, aqui está a origem desse palhaço das trevas. Gwynplaine e Coringa não têm, a princípio, muito em comum, a não ser o sorriso perpétuo, que simboliza tanta coisa. Porém, assistindo ao último filme do vilão do Batman, percebemos que há muitos paralelos entre esses dois personagens sim. Aconselho ver o filme após a leitura do livro.

Enfim, mais uma obra prima desse autor francês que eu adoro. Uma obra injustamente pouco comentada e meio esquecida. Vale muito a pena a leitura; é uma experiência enriquecedora.
comentários(0)comente



laramaximo 27/02/2024

O livro que inspirou a criação do Coringa
Esse livro se passa na terceira pessoa, na Londres do século XVII e conta a história de um menino chamado Gwynplaine, um menino que ainda na infância foi sequestrado pelos comprachicos (pessoas que sequestravam criancas e as deformavam para vendê-las à nobreza como forma de entretenimento).

Os comprachicos fizeram cortes na boca do menino de modo que ele parecia estar sempre rindo, mesmo quando estava chorando.

Gwynplaine foi abandonado e, encontrando-se em uma floresta em um inverno muito rigoroso, ouviu o choro de um bebê. Era uma bebezinha tentando mamar no seio de sua mãe, que morreu congelada.

O menino então toma a menina em seus braços e continua andando com ela até encontrar um homem chamado Ursus que vivia sozinho com seu lobo (chamado Homo) em uma espécie de casa-ambulante.

Ursus e Homo adotam a criança e o bebê, e passam a levá-los às apresentações que Ursus fazia com seu lobo pelas cidades em que passavam, como forma de ganhar dinheiro. Ursus utiliza o menino como atração - devido à deformidade em seu rosto - e o menino torna-se bastante famoso na região.

Fim da resenha sem opinião.

Agora com opinião:

Que livro MARAVILHOSO. Victor Hugo ensina tudo sobre como funcionava a aristocracia da época, a hipocrisia da igreja católica ao saber da existência dos comprachicos e mostra como os seres humanos podem encontrar amor mesmo nas situações mais adversas.

Ursus é um dos melhores personagens que eu já vi. Um homem extremamente sensível que preferiu se isolar do que conviver com a população hipócrita, mesquinha e egoísta da Inglaterra naquela época e resolveu educar as crianças como se fossem seus filhos.

O livro tem um final lindo, emocionante e me fez chorar algumas vezes ao imaginar as cenas de Gwynplaine envergonhado de seu próprio rosto, ao mesmo tempo em que sua ?irmã? (a bebezinha que ele resgatou) crescia ao seu lado totalmente cega dos dois olhos, enxergando o Gwynplaine como o homem mais lindo do mundo pois ela via apenas o seu coração.

Cada página vale muito a pena.
comentários(0)comente



Camila 04/08/2020

Victor Hugo mais uma vez brincando de Deus
Deslumbre frente a Victor Hugo. Que livro!!!
Acho que é o mais político dos que já li do autor, críticas sociais fortíssimas. Personagens tão elaborados, com detalhes tão minunciosos de inteligência e loucura e carisma.
Quão grandes são os abismos sociais que separam as classes!
Na primeira parte do livro não há nomes para os personagens, como se fossem representantes de todo um gênero humano.
27 páginas para afundar um navio! Toda a densidade e suspense que envolve o passado, presente e futuro daquelas pessoas e o destino que à elas estava ligado. A velocidade que as mudanças transformam o mundo destes personagens no mundo do autor, 180 anos depois, e no nosso, 150 anos à frente.
O povo é o cavalo das estátuas dos reis. O povo pode ser o leão, mas se contenta em ser asno. Citações assim estão em cada página da obra, riquíssima em poética e análises sociais. Todas as formas de manipulação usadas para manter o povo na ignorância estão belamente descritas.
Para reler!
comentários(0)comente



carolina :) 26/10/2020

o homem que ri;
Todo livro que leio desse autor, na hora que vou fazer a resenha, não tenho palavras para explicar e descrever o que é entrar no mundo e no romance dele.
Sou apaixonada por Dea e Gwyplaine (fiquei em choque com o final do livro), as revelações,o desenvolvimento.
Esse livro aborda assuntos políticos de forma clara e é um foco desse livro, a maldade humana,pobreza e riqueza.
O que faz Gwyplaine ser disforme não é culpa dele, ele nunca pediu para ter sua boca cortada, e isso me trouxe o pensamento, até quando vamos rir daquilo que as pessoas não tem domínio sobre?
comentários(0)comente



ferbrito__ 14/11/2020

"É do inferno dos pobres que é feito o paraíso dos ricos."
Tal como "Os Miseráveis" essa foi uma narrativa impressionantemente crítica que aborda sobre os miasmas da humanidade. Não esperava menos de Victor Hugo. É um livro tão bom que me faltam palavras para descrevê-lo. Além de quase ter chorado com o final. Recomendo muito!!
comentários(0)comente



70 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR