Gárgula 12/05/2021
Uma capa que te leva para o quadrinho
Assim que recebi do Fernando Caruso o quadrinho A noite dos mortos-vivos, com roteiro de Jean-Luc Istin e arte de Elia Bonetti, sabia que seria minha próxima leitura. O quadrinho é uma publicação da Mythos Editora.
A começar pela capa, que é um convite à obra, de tão bela. Nela, como vocês veem na imagem acima, apenas uma estrada coberta de neve, com milhões de carros largados, enquanto um pai leva seus filhos tentando achar sua esposa. A capa é clichê, mas nem por isso deixa de funcionar perfeitamente, nos colocando já dentro do apocalipse zumbi.
Uma versão moderna de um filme clássico
Na contracapa, uma sinopse apresenta o quadrinho como uma versão moderna e interessante do filme A noite dos mortos-vivos (1968), de George Romero. Eu, como bem vocês sabem uma negação cinéfila, li uma parte e parei: precisava ver o filme.
Pois tenho de admitir que gostei, por mais datado que seja, é nitidamente um marco e hoje, um filme cult. Me veio à mente a análise que é feita no livro Horror Noire, de Robin R. Means Coleman (leia nossa resenha aqui): o filme é importante não só pelo surgimento do zumbi, mas também pelo protagonista negro em uma época de racismo ferrenho na sociedade americana.
Vamos ao quadrinho de Istin e Bonetti
Apesar de se inspirar no filme de Romero, o enredo deste quadrinho segue num rumo completamente diferente, mas nem por isso pior ou melhor. A história aqui ganha outros desdobramentos quando uma família é separada no meio deste apocalipse.
Aqui não temos uma história simples. Camadas e camadas da vida e das lembranças da protagonista Lizbeth vão vindo à tona enquanto todos tentam desesperadamente sobreviver. Entretanto, nem mesmo suas lembranças lhe trarão paz, afinal, do que adianta estar vivo em um mundo que morreu?
A arte de Bonetti é perfeita para um quadrinho de zumbis. Ela é suja e escura, criando a atmosfera necessária ao horror morto-vivo.
Considerações finais
Um quadrinho que jurava ser apenas mais um quadrinho de zumbi mas que conseguiu certamente me surpreender. O final é digno de nota pela poderosa reflexão que levanta.
Indico para os amantes não apenas de zumbis, mas também de quadrinhos de terror. Uma experiência bem interessante.
Boa leitura!
Resenha publicada no blog Caverna do Caruso
site: http://cavernadocaruso.com.br/sexta-feira-13-50-a-noite-dos-mortos-vivos-de-istin-e-bonetti/