Leonardo Lemos 15/02/2023
Útil, didático e, de quebra, contém tiradas divertidas
Me pareceu introdutório até certo ponto. Trata-se de um livro voltado majoritariamente para a escrita de textos jornalísticos, apesar de ter ficado com a impressão de que a lição principal serve para todo e qualquer texto: não complique desnecessariamente o texto.
Amei as epígrafes colocadas ao início de cada parte. Selecionei minhas citações favoritas:
"Montaigne, há quatrocentos anos, ensinou: “O estilo deve ter três qualidades – clareza, clareza, clareza”."
"Escrever é cortar" – Marques Rebelo.
"“O que é escrito sem esforço é lido sem prazer”, dizia Samuel Johnson. [...]"
Mas o livro não se restringe a frases de efeito: apresenta muitos conceitos e teorias do jornalismo (a técnica da pirâmide invertida, os primórdios do New Journalism) e de nossa gramática (com uma atenção maior para questões sintáticas, já que trata da escrita), as "armadilhas" e peças que nossa língua nos prega constantemente.
É penoso melhorar a escrita, porém, o livro nos adverte: não tem muito o que fazer. É difícil para nós todos:
"“Lutar com palavras”, escreveu Drummond, “é a luta mais vã. Entanto lutamos mal chega a manhã”. [...] A luta é difícil porque se trava contra fantasmas. Vale, aí, a receita de Leonel Brizola: para lutar contra o diabo, é preciso recorrer a todos os demônios. Afinal, o diabo nunca tira férias. Se necessário, faz hora extra. Quando não pode comparecer, manda a sogra. Resistir a ele? Só há uma receita. É a eterna vigilância."