Numa esquina do mundo

Numa esquina do mundo Mário Medeiros




Resenhas - Numa esquina do mundo


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Thais.Carvalho 26/12/2023

Conjunto de contos com protagonistas negros. Histórias que envolvem o cotidiano com diversos panos de fundo.
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Ferferferfer 30/04/2023

Ao flanar, não me encontro
“O verdadeiro amigo do cidadão médio é ele mesmo, seu bolso e o quanto ambos podem suportar. Uma rua são seus moradores.”
“Numa esquina do mundo” reúne 12 contos que estão inseridos no habitat-caos paulistano. Mário Medeiros sabe muito bem como abordar essa atmosfera incessante de encontros e desencontros, afetos e desafetos, e, sobretudo, o silêncio que precede o boom. O livro é dividido em três partes, que se interligam geograficamente: 1) “Linha 1 - Onde os gritos agora”?, 2) “Linha 2 - Verdade? Hoje não, obrigado” e 3) “Linha 3 - A volta do silêncio para algum lugar”. São as linhas azul, verde e vermelha do Metrô de SP, respectivamente.
Este é o primeiro ponto a ser destacado: a vida de um paulistano é pautada nas articulações, ou melhor, nos desdobramentos feitos para o seu emprego. Sem essas linhas, o planejamento urbano seria ainda mais caótico do que normalmente é. É um desafogo para todos nós, trabalhadores. A partir dessa delimitação, coloca-se em questão o ambiente urbano, que é, ou deveria ser, acessível para todos. Medeiros e nós, periféricos, sabemos: não fazemos parte disso.
Nesta primeira parte, o autor se centra bastante na narrativa de personagens marginalizados e sua relação com o espaço. Há descrição de casas tipicamente dessa região, e, sem dúvidas, a molecada com a pipa, no rasante. Aquela coisa: quem vem para São Paulo, sabe que chegou aqui. Há um aprofundamento nas relações intrapessoais na segunda parte, afinal, as pessoas com as quais nos relacionamos estão diretamente ligadas com os espaços que frequentamos – você já percebeu isso? E, na última parte, existe uma preocupação no desenvolvimento dos fluxos de consciência dos personagens. Posso citar três contos, um de cada parte, que mais dialogaram comigo: “Baciada”, “Um mediano” e, claro, “Encontre-me numa esquina do mundo”.
A cidade foi pensada para o olhar que repousa no outro, mas qual é o momento em que olhamos? A cada porta de vagão do metrô e as pessoas em situação de rua, seus vendedores ambulantes, que fogem da fiscalização diariamente: olhamos? Entendemos? Não, a viagem para o meu destino é a única escolha. Para se fazer ver, a violência é a escolha. É Natal e ninguém olha.
A cada esquina do mundo, talvez uma encruzilhada, mas sempre uma narrativa.
Medeiros apresenta uma cidade que engole os personagens, sem misericórdia. É apenas um monstro faminto, agindo pela necessidade de deslocamento. São Paulo ou Paris: Saia ou seja deglutido.
Ana Sá 18/05/2023minha estante
Que resenha deliciosa!! Preciso ler o livro urgentemente!


Ferferferfer 19/05/2023minha estante
Sou uma pequena gafanhoto ao seu lado hahaha mas obrigada! Vale a pena ler.




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