spoiler visualizarMari Canan 18/10/2020
Devastdor
“Nós sempre caminhamos em uma linha tênue
...Tantos sinais, tantos sinais.
Acho que já vi esse filme antes.”
Exile – Taylor Swift
Charlotte Montgomery, uma atriz de cinema em decadência, causada pelas suas escolhas erradas.
Tom Radford, um ator em ascensão.
Duas pessoas tão diferentes, que são unidas por um trabalho, mas essa diferença não impede a paixão avassaladora que nasce, no entanto, essa paixão não impede que as consequências dos erros os alcancem, não impede que se tornem duas pessoas machucadas, desgastando assim a relação.
Charlie cometeu um grande erro no passado, e esse erro, desencadeou uma série de equívocos que a fizeram sofrer, que a fizeram lidar com situações que lhe fugiram do controle e esse processo, levou junto sus carreira, seu casamento e sua felicidade. Devastou o coração de Tom, que mesmo sabendo o quanto tudo isso acabou com ele, não conseguia se afastar. Até que extremamente cansado, ferido, magoado e se sentindo traído, resolveu colocar um basta nessa relação, que só o fez sofrer.
Ela sabia que, se continuasse por esse caminho, perderia o amor da sua vida. Sabia que nem carreira e nem todo o dinheiro do mundo, valiam perder Thomas para sempre. Então, disposta a esclarecer todos os equívocos, contar toda a verdade, corre atrás do prejuízo, mas o encontra nos braços de outra mulher. Desta vez, é ela quem fica devastada, e, desorientada, em uma noite chuvosa, nas escuras ruas de Londres, sofre um acidente que, de certa forma, muda completamente o curso e sua vida.
Acorda desorientada e sem memória, em um hospital. Ao seu lado, um homem lindo, que ela não sabe quem é. Informada de que ele é seu marido, busca nele, pistas que confirmem isso e encontra a aliança em seu dedo e um olhar de puro medo e preocupação.
Tom, apesar de tudo o que passou, não consegue seguir em frente. Charlie, sem opção, confia nele.
Só isso, já seria capaz de me devastar, mas como sofrência pouca, é bobagem...
Sem reconhecer nada nem ninguém, não entende por que é tão rechaçada pelas pessoas, porque sua vida é uma sucessão de tumultos e exposições. Ela quer se lembrar, mas a cada tentativa, as coisas ficam mais confusas. Ela não gosta do apartamento em que vive, sente um enorme aperto no peito, cada vez que olha para seu marido e para completar, a mãe de Tom aparece, jogando em sua cara situações da qual ela não se lembra.
Disposto a seguir os conselhos da terapeuta, a leva para fora da cidade, para o seu refúgio particular, o lugar onde em um passado não tão distante, foram felizes.
Fragmentos de uma vida, é tudo o que ela tem e Tom sinceramente, não sabe se quer que ela se lembre.
Ele é extremamente carinhoso, cuidadoso e ela sente em seu coração que o ama, sente que seu corpo reage de forma totalmente receptiva quando ele está perto.
A saudade o queima, a falta do que ela não lembra, a consome. Mas Tom não sabe se aguentará mais uma vez, o inferno de ser abandonado. Receoso, mantem-se a beira de seus sentimentos, até que esses mesmos sentimentos, os sentimentos de ambos se chocam e a entrega se torna inevitável.
O que passam a viver nesses dias, é a realização dos seus sonhos, é a realização do amor devastador que ele sente por ela.
Tudo está bem! Claro que não e mais uma vez, os fragmentos das lembranças que Charlie tem, somados ao espírito de porco que é Anya, a governanta da casa, fazem com que mais uma vez, Charlie fuja no meio da noite.
E mais uma vez, Tom cai no abismo que é o sentimento de ser abandonado, levando junto toda a minha sanidade.
Sabe aquela parte da história em que você sente todos os sentimentos que os personagens sentem, seu coração falha junto com os deles, seus olhos derramam as lágrimas que eles derramam?
Pois é, assim foi comigo daí por diante.
Tom é atingido por um tsunami, que chega de repente e devasta tudo o que encontra pela frente. Meu peito doeu tanto, mas tanto, que foi preciso me desligar por uns instantes da história.
Mas como diz o velho ditado, quem tem amigos nunca está só, lá estavam eles, seus fiéis escudeiros, Edmund e Rupert.
Tom mergulha de cabeça no trabalho, pois precisa se manter distante de tudo o que envolve Charlie. Edmund se torna a sombra de Tom, a fim de não o deixar fazer besteira e Rupert, com suas habilidades investigativas, não deixa um segundo sequer, de fazer a missão de sua vida, descobrir o que aconteceu e onde está Charlie.
Ela foi enganada e ao constatar isso, mesmo não tendo a certeza de que o rumo que tomaria seria o correto, seguiu seu coração e o meu coração se encheu de orgulho pela coragem e determinação da garota, mas ao mesmo tempo, ficou tão apertado, sabendo que ela se manteria distante do nosso Rei de Espadas.
De volta as suas origens, Charlie só quer recomeçar, afinal de contas, sua vida até antes de acordar no hospital é uma grande incógnita. E é aí que Valentina está de volta a sua vida, enfim ela pode contar com alguém e é realmente preciso, pois sua vida dá mais uma volta, ela se lembra de tudo.
Ah! É aí que tudo finalmente fica bem? É óbvio que não e, os acontecimentos me deixam mais uma vez caída na estrada da vida junto com Charlie.
Tom está mortalmente ferido, entendo que isso o torna a pessoa mais burra da face da Terra, mas isso não justifica a forma mesquinha e torpe que ele trata Charlie, quando o procura para finalmente colocar as peças do quebra-cabeças no lugar. Mais uma vez, meu coração se quebrou e só de lembrar, meus olhos se enchem de lágrimas, talvez essa tenha sido a parte da história em que mais chorei. Até mesmo Debbie, que nunca teve motivos para amar Charlie, ficou ao seu lado, tamanha foi a estupidez dele.
Talvez existam amores na vida, que mesmo sendo enormes como era o deles, não seja capaz de suportar tantas dores, não seja capaz de apagar as mágoas e as feridas que um causaram nos outro.
Mais uma vez, a falta de diálogo, a impetuosidade de atos falhos e os equívocos se fazem presentes e desta vez, Tom acredita que perdeu de vez o amor da sua vida.
Eita, que eu já dei spoiler demais dessa história, então vou falar das minhas impressões.
Estava mega ansiosa para ler DEVASTA-ME, cheia de expectativas.
Devo dizer que, nunca, um título se fez tão apropriado para uma história, pois tudo o que aconteceu com Tom e Charlie, não só os devastaram no processo, literalmente devastou a mim também.
A história é um tremendo sacode nas nossas vidas, cheia de sinais e significados.
Charlie foi na verdade, envolvida em um esquema de ambição, mentiras, falsos valores, que acabaram com a sua vida e assim levando junto a de Tom, ela foi simplesmente uma peça manipulada nesse jogo e ao descobrir isso, tudo passou a ter um novo sentido em sua vida, ele revisitou o seu passado, colocando-o a limpo e tendo assim a chance de reescrever a sua história.
Em um discurso repentino, mas de extrema importância, levantou a bandeira da solidariedade e da sororidade. Fez valer a sua nova força e reescreveu a sua linda história de amor.
Encontramos nesta história o valor das verdadeiras amizades, a importância que a família tem em nossas vidas, seja para impulsionar ou para derrubar. Vimos que o sentimento quando é verdadeiro, nem mesmo a falta de memória é capaz de apagar, pois ele está gravado no nosso coração e na nossa alma.
Senti na minha alma cada rejeição, cada ofensa, cada recusa de ambos, assim como a aceitação, o reconhecimento e o amor que Charlie e Tom sentiam um pelo outro, fizeram meu coração se encher de alegria e transbordar pelos olhos.
Uma trama construída e desenvolvida em juma maestria que me deixou devastada.
Como disse, ali em cima, criei tantas expectativas para esta história, mas devo dizer que nenhuma chegou aos pés do que realmente encontrei.
Mas muitas vezes, nem a devoção que Tom sentia por Charlie, foi capaz de me impedir de querer ultrapassar as páginas do livro e querer esmurra-lo, tamanha era a burrice que o acometia cada vez que se sentia acuado, que enxergava vermelho, tirando de si toda a racionalidade. Quis, por diversas vezes, estar ao lado de Charlie, quando ela se sentia sozinha, quando não tinha ninguém em quem pudesse confiar.
DEVASTA-ME, tirou meu sono, minha sanidade, fez meu coração perder uma infinidade de batidas, fez com que eu me sentisse tal qual Charlie, molinha e suspirando por Tom, me fez sentir uma enorme admiração e um enorme orgulho de Charlie e me fez chorar um oceano de lágrimas.
Lucy mais uma vez não nos decepcionou com esta história com uma carga emocional enorme, de uma montanha russa de sentimentos.
“Eu já o perdi duas vezes. Ele já me perdeu o mesmo tanto.
Nós nos machucamos demais no processo”
Mas felizmente, existem segundas, terceiras e infinitas chances!