spoiler visualizarchuwanning 24/05/2021
brilhante, atemporal, significante, inteligente, divertido, cativante, bem escrito...
[SEM SPOILER]
Eu já me acostumei com a coisa da dualidade em novels chinesas. Geralmente tem esse plot que é um "clichê" dentro do danmei/wuxia do protagonista de moralidade cinza e dupla personalidade que pode ser tanto um anjo quanto o capeta encarnado. Então, após ser seduzido pela complexidade dele, a gente vai lentamente aprendendo mais sobre aquela pessoa e descobrindo que as coisas não são como parecem. Sério, tem muitos plots assim. O danmei adora brincar com a coisa da dualidade, moralidade cinza e eu ADORO. "Por quê?" Ora, porque como eu disse antes, é um clichê próprio do gênero e isso é foda!
Em Tian Ya Ke, Zhou Zishu é um ex. combatente com um passado bastante complexo como uma espécie de "soldado" que cometeu barbaridades que nós não compreendemos bem por razões de: não vem ao caso mesmo. É o passado dele, um sombrio do qual ele se envergonha. Zhou Zishu por x motivos está com uma maldição afetando seu corpo, que o levará a morrer lentamente, perdendo gradativamente seus sentidos e, aos poucos, colapsando seu núcleo e seus meridianos (quem nunca leu novels, é onde eles armazenam o poder do cultivo, para terem acesso a magia e força, etc.). Zhou Zishu está morrendo, e isso não é spoiler.
Ele tem seus motivos para embarcar numa estranha empreitada, cercada de mistérios envolvendo uma certa "Armadura de Lápis" (na novel é assim, mas no drama optaram por Armadura de Vidro. Não vou falar do drama, porém). Então, o clichê do artefato sagrado, clássico. No caminho das suas andanças durante o envolvimento com esse mistério, ele esbarra "ocasionalmente" com um jovem mestre chamado Wen Kexing (a.k.a. TESUDO). Wen Kexing é sarcástico, abertamente um corta-manga (homossexual) e bastante incisivo quanto a querer saber quem Zishu é por baixo dos seus disfarces.
A dinâmica é gato-e-rato, estilo Tom e Jerry mesmo. Ambos querem desmascarar um ao outro, então acabam sempre discutindo e brigando, mesmo enquanto Kexing persegue Zishu e se gruda a ele como bosta de cachorro na sola do sapato. Kexing é claro sobre querer "levá-lo pra cama", mas você percebe que existe algo ali, por trás do fato dele insistir em seguir aquela pessoa. Ver o Kexing tomando noção do quanto ele na verdade AMA o Zishu e não vai conseguir viver sem ele, e o Zishu notando que, na verdade, É TOTALMENTE LOUCO pelo Kexing, é uma experiência LINDA.
Em meio aos arcos (comuns em novels chinesas), a gente vai acompanhando os dois, Zhang Chengling (o discípulo do Zishu), Gu Xiang (a irmã adotiva e quase filhinha do Kexing) e Cao Weining (um anjinho que aparece do completo nada e me lembra o Wen Ning de MDZS). Você tem uma boa perspectiva de que é um quebra-cabeça, e a Priest vai juntando os pedacinhos aos poucos. E é incrivelmente bem escrito. Todavia, se o wuxia é algo que mais te agrada, eu não achei que tem muito. Foca mais no danmei, na dinâmica incrível e bem construída do Kexing e do Zishu.
É uma história bem leve. Dá pra rir, dá pra chorar, dá pra ter raiva. Não tem nenhum conteúdo gráfico que eu lembre, as cenas não são explícitas e isso é bom. Eu me apaixonei de verdade pelo Wen Kexing, ele é brilhante, muito ciente do que quer, e no fim de tudo é realmente uma pessoa muito boa, como vivia dizendo no começo. Só que o Zhou Zishu, pra mim, foi o ponto alto. O protagonismo dele é impressionante, ele é inteligente pra caralho, astuto, selvagem, não baixa a cabeça pra ninguém, não se sente acanhado pelas investidas descaradas do Kexing (muitas) e é o tipo de protagonista que você sabe que vai resolver tudo no final sendo um completo fodão do caralho. Embora, na maior parte do tempo, ele demonstre uma terrível fraqueza. Zishu é bem humano, com inseguranças e medos, muita culpa. Eu sou muito grata por ter conhecido os dois.
É uma novel curta e bastante bem desenvolvida. São 77 capítulos bem estruturados e com personagens marcantes, um enredo bem feito e cativante. Não tem um probleminha sequer. É com Tian Ya Ke que eu percebi que sou fã da Priest. Ansiosa pra ler mais obras dela.