Marcia 13/05/2022
ruxas! Ahh as bruxas... Meu Deus, quantas mulheres foram perseguidas, queimadas e enforcadas por serem rotuladas como bruxas. E quem eram ou quem são essas mulheres? Nesses últimos dias viajei para a comunidade Salem, Massachusetts, EUA, do século XVII e fui conhecer a historia de Tituba, uma escrava que foi rotulada como bruxa, perseguida, maltratada e condenada a forca em Salem.
Viajei atraves do livro "Eu, Tituba: Bruxa Negra de Salem" escrito pela escritora caribenha Maryse Condé. Esse livro foi publicado em 1986, é ficção mas baseado na historia real de Tituba e aos julgamentos feitos as mulheres rotuladas como bruxas em Salem.
Um llivro intenso, forte e maravilhoso em sua escrita que nos envolve e nos emociona desde o começo. Ele é narrado pela Tituba que nos conta toda sua historia, desde seu nascimento, sua vida como reclusa e depois como escrava e todo sofrimento e perseguiçoes por ser negra, escrava e rotulada como bruxa.
Mulheres que tinham conhecimentos das ervas, faziam chás, poções, unguentos que muitas vezes curavam doenças, amenizavam dores, acalmavam.. enfim conhecimentos da natureza que ajudavam. Muitas dessas mulheres foram rotuladas como bruxas e queimadas ou enforcadas.
Vejam o começo do livro como é forte quando Tituba nos começa contando: "Abena, minha mãe, foi violentada por um marinheiro inglês no convés do Christ the King, num dia de 16**, quando o navio zarpava para Barbados. Dessa agressão nasci. Desse ato de agressão e desprezo.”
E assim como a mãe de Tituba e a Tituba, muitas outras negras sofreram, foram maltratadas, escravizadas e muitas assassinadas.
Um livro que recomendo leitura. Aprendi muito e agradeço a escritora por dar voz a Tituba e nos ensinar tanto.
Sinopse da editora: Livro premiado de uma das mais importantes escritoras negras da atualidade, vencedora do New Academy Prize 2018 (Prêmio Nobel Alternativo)
Tituba, mulher negra, nascida em Barbados, no século XVII, renasce, três séculos depois. Torna-se outra vez real, pelas mãos da premiada escritora Maryse Condé, vencedora do New Academy Prize 2018 (Prêmio Nobel Alternativo).
No início do livro, Maryse Condé anota: “Tituba e eu vivemos uma estreita intimidade durante um ano. Foi no correr de nossas intermináveis conversas que ela me disse essas coisas que ainda não havia confiado a ninguém.” Da mesma forma, quem lê Tituba poderá ouvi-la falar, do invisível, desestabilizando estruturas cristalizadas, mediando novas concepções de identidades e culturas e protegendo as pessoas insurgentes.Aqui, essa personagem fascinante, é retirada do silêncio a que a historiografia lhe destinou. Filha de uma mulher negra escravizada, viveu cedo o terror de ver a mãe assassinada por se defender do estupro de um homem branco e de saber que o pai se matou por causa do mesmo homem branco. Cresceu sob os cuidados de uma mulher que tinha o poder da cura e que a iniciou nos mistérios. Adulta, apaixonou-se por John Indien e abdicou, por ele, da própria liberdade. Uma das primeiras mulheres julgadas por praticar bruxaria nos tribunais de Salem, em 1692, Tituba fora escravizada e levada para a Nova Inglaterra pelo pastor Samuel Parris, que a denunciou. Mesmo protegida pelos espíritos, não pôde escapar das mentiras e acusações da histeria puritana daquela época.
A história de Tituba é a história das mulheres da diáspora e do povo negro. É também a história de todas as pessoas que seguem a própria verdade, em vez de professar a fé do colonizador. É a história dos e das dissidentes e dos seres de alma livre. Por isso é uma história bela e complexa, cujo final, a despeito dos infortúnios, é sempre benfazejo, pois é a história dos que resistem.
“Para saber de Tituba, a bruxa negra de Salem, é preciso acompanhar quem sabe lidar com a alquimia das palavras. Maryse Condé tem as fórmulas, as poções mágicas da escrita.” – Conceição Evaristo