laura 06/05/2021
Último... vou sentir falta da encantadora Anne
É uma coletânea de poemas separada em duas partes:
- 1°: antes da primeira guerra mundial, contém alguns poemas escritos pela Anne, a maioria é sobre amor ou a natureza, e ao final de cada um, comentários sobre ele feitos por ela, Susan, Gilbert e alguns dos filhos.
- 2° pós Guerra: essa parte incluí poemas da Anne novamente e do filho Walter, esses já são mais reflexivos, e vários sobre o amor deles pela primavera e verão... Também têm ao final de cada as opiniões, reflexões de cada um sobre (filhos da Anne, Filhos do Ministro Meredith, Gilbert, Anne e Susan).
Eu tenho um problema que amo ler poemas, acho lindos e poéticos, mas não entendo nem uma mísera palavra deles. Esses não foram diferentes, porém gostei mesmo assim, principalmente os comentários.
E o fim foi como uma facada...
Enfim, vou deixar meus dois favoritos aqui:
LUTO
O luto bateu à minha porta um dia:
Em meio à aurora que nascia,
Entrou sem ser convidado,
Tomou o lugar da Alegria com um brado;
Em meu túmulo, quando o fulgor
Da minha chama perdeu seu ardor,
No lugar que o Amor ocupava,
O luto se acomodou com sua clava.
Durante minha reza sagrada,
O luto empunhou sua enxada;
No entardecer tristonho,
O luto roubou-me os sonhos;
Esquivando-me de seu pesar rabugento,
Em todos os cantos busquei um alento.
A música perdeu sua graça sadia
Quando fitei sua face sombria;
Flores perderam seu perfume,
O sol perdeu o seu lume,
O riso escondeu-se de pavor
Daquela Presença de angústia e horror;
Sonhos e anseios desesperados
Fugiram para longe, amedrontados.
Privada do que me fazia feliz,
O luto tornou meus dias febris,
Então eu o acolhi junto ao peito,
Em meu lar ofereci-lhe um leito;
Com o tempo, ele se tornou mais belo,
Mais amado, gentil e singelo...
E assim o luto se tornou para mim
Um amigo e um companheiro, enfim.
Finalmente, o dia chegou
Em que meu caro luto debandou;
Em um amanhecer de raios prateados,
Despertei e não o vi ao meu lado;
Ah, o vazio e a solidão
Que ele deixou em meu coração!
Vã foi minha suplicante cantiga
?Luto infiel, volta para tua amiga!?
Anne Blythe
O FLAUTISTA
Certo dia, o Flautista desceu até o vale... Doce, extensa e suave era sua toada!
As crianças o seguiram de lar em lar,
A despeito dos entes queridos a implorar,
Tamanho o encanto de sua balada,
Como a canção de um regato da floresta.
Um dia, o Flautista retornará
Para entoar aos filhos desta terra suada!
Eu e você seguiremos de lar em lar,
Muitos de nós para nunca mais voltar...
De que importa, se a Liberdade ainda resta
Como a coroa de cada montanha funesta?
Walter Blythe