O Reino de Cobre

O Reino de Cobre S.A. Chakraborty




Resenhas - O Reino de Cobre


186 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Queria Estar Lendo 29/01/2022

Resenha: O Reino de Cobre
O Reino de Cobre é o segundo volume da trilogia de Daevabad, da autora S.A. Chakraborty. Com um ritmo de crescente tensão, esse livro trabalha as consequências de tudo que aconteceu em A Cidade de Bronze, e abre espaço para uma conclusão de tirar o fôlego.

Esta resenha vai conter alguns spoilers do livro anterior.

Cinco anos se passaram desde os incidentes no porto de Daevabad. Ali foi exilado, e sobrevive no deserto depois de se aliar a um povo que conhecia muito da sobrevivência; graças ao incidente com os marid, Ali tem uma conexão com a água, e ela responde a ele sem que ele entenda como faz isso - o que garantiu ao rapaz e seus aliados uma chance nas terríveis areias do deserto.

Em Daevabad, Nahri vive com cautela. Ciente de que qualquer passo em falso pode causar tragédia para o seu povo Daeva, em quem Ghassan, o comandante daquela cidade, desconta sua fúria, Nahri anda em uma corda bamba. Seus poderes e sua herança mágica são os únicos fatores que garantem sua sobrevivência naquele lugar; mas não apagaram o fogo da revolta e da injustiça que queimam dentro dela.

E Dara, distante de todos, encontra aliança com uma figura inesperada que, em uma crescente de guerra, pode garantir a ele o retorno a Daevabad e o fim da tirania dos Al Qahtani.

O Reino de Cobre foi um livro intenso. Ele é lento, um slowburn de fantasia, mas mais carregado em perigo do que A Cidade de Bronze porque, agora, conhecemos o mundo, os riscos e o que está por vir.

A guerra entre os povos desse universo fantástico é certa, mas como ela vai eclodir é o que garante a tensão da narrativa. O Reino de Cobre pareceu, para mim, um pavio aceso, com um barril de pólvora no fim dele. O caminho que esse pavio percorre é tenso e tumultuado, cheio de reviravoltas e paradas bruscas, mas, eventualmente, chegamos à explosão de emoções que é o fim desse volume.

S.A. Chakraborty leva seu tempo para desenvolver as mudanças na história e para pesar as consequências de tudo que aconteceu no fim do primeiro livro. Dara, Ali e Nahri estão diferentes; eles carregam as cicatrizes físicas e emocionais do que viveram, dos horrores aos quais foram submetidos, e agem de acordo com o que aprenderam a fazer para sobreviver.

A questão política se entrelaça à religiosa e à mágica de tal maneira que uma não se desenvolve sem a outra; crença, fé, lealdade, herança, sangue. Tudo isso move a história, as injustiças, a sede de vingança. Esse é um mundo castigado por guerras antigas, movido por opressão e privilégios e por rancor. A magia oprime tanto quanto cura; o passado fortalece tanto quanto fere.

O quanto personagens oprimidos estão dispostos a erguer sua voz contra o governo terrível, o quanto esse governo está se estilhaçando pela falta de controle, o quanto sombras se levantam entre as areias do deserto para reivindicar o que lhes pertence, tudo isso cresce com o desenrolar da história.

"- Estou cansado de todos nesta cidade se alimentando de vingança."

O Reino de Cobre discute muito bem as questões políticas e sociais. Eu gostei demais dos caminhos pelos quais ela levou todos os personagens. Daqueles que agem de maneira extrema porque é como aprenderam a responder às desigualdades, até os que são comedidos porque sabem que precisam ter cuidado quanto confrontam um poder maior que o seu. Tem aqueles que nunca vão agir, tem aqueles que vão agir entre as sombras, e tem aqueles que vão erguer a voz sem medo das consequências.

Esse é um livro sobre rebeliões silenciosas, sobre batalhas explosivas e escolhas que pavimentam a ascensão ou a queda definitiva de impérios.

Os arcos dos protagonistas, divididos entre Dara, Nahri e Ali, são intensos. Começam com calma, porque temos uma passagem de tempo e o desenvolvimento do que se tornaram as vidas deles depois do caos que foi o fim de A Cidade de Bronze e, devagar, a autora trabalha a crescente das suas escolhas e das suas jornadas.

Nahri, da ladra trambiqueira das ruas do Cairo para a Banu Nahida, curandeira e salvadora do seu povo, uma figura de poder e respeito, quase mística, para prisioneira dos Al Qatani, submissa ao governo deles para se manter viva; mas jamais dobrada ao seu favor. Jamais quebrada o suficiente para deixar todo o seu fogo e revolta se apagarem.

"- Sinto que o centro de nosso mundo deveria pertencer a todos nós."

O arco dela em O Reino de Cobre é grandioso porque explora todo o potencial da personagem. Ela usa o privilégio da sua posição entre os nobres para garantir privilégios aos que jamais os teriam sem alguém lutando por eles. Ela vê essa guerra entre os povos que habitam Daevabad e conhece o suficiente de conflitos para entender o horror que eles carregam. E esse é um conflito que existe há muito tempo, milhares de anos, e que definitivamente não vai ter fim com palavras inflamadas ou vinganças pouco comedidas.

Nahri se mostrou uma personagem feminina incrível, com falhas e forças, fazendo boas escolhas e outras que se mostravam complicadas. É uma personagem interessante de acompanhar, em toda sua concepção e principalmente em todo o seu crescimento; da garota perdida para uma figura ciente do poder que tem, especialmente da manipulação que ele carrega, é um grande salto. Ela encontrou sua voz e não tem mais medo de usá-la. Já se cansou do sofrimento causado por se calar, e sabe o preço de erguê-la.

Meu deus como eu quero ver o que está reservado para ela no último livro dessa série!

Ali, por outro lado, passa por rompantes mais radicais envolvendo seus ideais, sua fé e sua fidelidade à família e Daevabad. Enquanto Nahri é muito fiel a si mesma e a todos os povos, Ali ainda vive questionamentos envolvendo sua criação e sua família.

Mesmo exilado, a lealdade dele aos Al Qatani é poderosa; mesmo depois de tudo pelo que passou com o pai, ainda existe uma parte frágil no coração de Ali que mais se ressente do que se zanga pelo que Ghassan fez ele viver. E isso é importante, porque mostra a fragilidade do personagem. Faz com que a gente torça para que ele se fortifique, para que quebre as amarras dessa relação abusiva com uma figura tão terrível quanto a de Ghassan.

"Na experiência de Ali, sonhar com um futuro melhor só levava à ruína."

Tem também todo o mistério envolvendo o incidente no lago e sua conexão com os marids que o livro explora de maneira magistral, guardando o melhor para os momentos mais explosivos. S.A. Chakraborty sabe como explorar a lentidão e a ação da sua narrativa, e o faz nos pontos de virada mais intensos possíveis; ela constrói toda essa sensação de que estamos nos aproximando da beirada de uma montanha-russa, e nos deixa a beira dela até o limite.

Por fim, falar sobre o Dara é estragar uma experiência emocional impactante do início ao fim, então deixo apenas meu coração para todo o arco dele. Um dos personagens mais complexos que já tive o prazer de ler, o Afshin tem grande destaque durante o livro todo, e vive os maiores conflitos de emoção, de razão e de moral na história.

Sem decepcionar, a autora desenvolve seus protagonistas junto aos coadjuvantes de tal maneira que não existiria história principal sem as paralelas. É tudo muito conectado, fluído e, tal como Daevabad, as tramas se entrelaçam através de sangue, família e amor.

Personagens como Muntadhir, Nisreen, Ghassan, são essenciais para o que a cidade, e seus protagonistas, vivem. Daevabad, por si só, é não apenas o palco, mas a alma dessa série; é onde tudo acontece, mas é onde todos acontecem.

"Era aquela cidade inteira. Daevabad tinha destruído todos que ali viviam, do rei tirano ao trabalhador shafit que espreitava no jardim dela. Medo e ódio dominavam a cidade - acumulados durante séculos de sangue derramado e os rancores resultantes deles."

A magia corre solta pela trama, por seus personagens, pela cidade e além dela. É um mundo rico e criativo, que nos apresenta uma mitologia única e que, como toda boa fantasia, nos faz acreditar que sim, existe uma cidade perdida em meio à oásis e um deserto imenso, escondendo criaturas mágicas do mundo humano.

Tem alguns flashes de romance, discretos em comparação à política, fé e problemas familiares, mas servem para trazer um pouco mais de suavidade para a história. Para quem não curte tanto foco em romance, como eu, é outro ponto muito positivo dessa série.

A guerra se aproxima, mas o caminho que a pavimenta é o que torna O Reino de Cobre uma continuação tão emocionante. Do começo ao fim, a sensação de uma explosão que se aproxima mantém seus olhos grudados nas páginas. São 704, mas passam voando.

Aliás, o motivo para o livro ter o título que tem! Surto e gritaria.

Por aqui, eu fico roendo as unhas até o lançamento de O Império de Ouro, volume final da Trilogia de Daevabad que a Morro Branco já confirmou pra esse ano. E, de novo, se você gosta de fantasia da mais intensa e complexa possível, essa é a sua série.

site: https://www.queriaestarlendo.com.br/2022/01/resenha-o-reino-de-cobre-sa-chakraborty.html
decko 20/07/2022minha estante
Nossa que resenha incrível!!!! Amei o primeiro livro e estou louco para começar o segundo!!! Muito obrigado por essa obra de arte de resenha. Me deu certeza que vai valer o investimento.


decko 20/07/2022minha estante
Li a resenha ate mais ou menos a metade e já parei para devorar o livro em seguida.


decko 20/07/2022minha estante
Não consegui parar na metade, acabei a resenha e to roendo as unhas pra ler esse segundo volume!!!!!




Qnat 23/11/2020

Li o livro em inglês, mas comento aqui também para incentivar a Morro Branco, já que essa série é espetacular!

----

Depois de apresentado o mundo e personagens no primeiro livro, este livro intensifica as questões políticas e conflitos étnicos.

Temos aqui maior detalhes no carácter dos personagens, e entendemos seus motivos. Podemos não gostar, mas entendemos.

O ritmo é muito bom... O final é de se prender os olhos, devorar as páginas, parar de ler por um momento para absorver o impacto.

Concordo com algumas resenhas que a autora foi boazinha no final... Se fosse um George Martin, metade dos personagens teriam passado pela ponta de espada (bom, ou por um flagelo ou por uma zulfiqar). Mas o final não deixa de ser empolgante.

Este é um dos poucos livros que gostaria de ver como uma série ou filme. Seria muito bom, sair daquele mundo medieval ou fantasioso "ocidental" e se inserir neste mundo persa/árabe/turco, sem soar como Aladdin haha.
comentários(0)comente



Iaszz 04/05/2023

Uma obra prima. Que perfeição. O primeiro livro é muito muito bem escrito, mas esse segundo consegue ser ainda melhor. Tô arrasada, me destruiu em vários momentos e esses últimos capítulos e o final pqp
comentários(0)comente



Maisa @porqueleio 26/08/2021

Mais e melhor...
Por se tratar do segundo livro da trilogia, pode conter spoiler do livro anterior!

5 anos após os acontecimentos de A Cidade de Bronze, vamos encontrar Nahri casada com o emir, se sentindo andando sobre o fio da navalha para sobreviver entre seus inimigos. Já Ali, exilado pelo pai, conseguiu se sair bem das emboscadas dos assassinos enviados, e até mesmo encontrou um lugar onde suas estranhas habilidades são vistas mais como um dom do que uma maldição. Quase se considera feliz...

Já Dara está com aliados um tanto quanto inusitados. É o Asfhin de sua nova Banu Nahid, cujos planos envolvem o retorno de todos à Daevadad, numa tomada que pode ser no mínimo, tão sangrenta quanto a de Quizi.

Com o retorno de Ali à cidade de Bronze, engrenagens começam a entrar em movimento, tendo a invasão projetada por Manizheh sendo o ápice de toda a tensão política que encontramos no primeiro livro. A intolerância, os conflitos étnicos, a luta pelo poder são muito acentuados, e com a alternâncias das vozes dos três personagens, a trama vai ganhando contornos bem definidos.

Eu preciso confessar que Ali me fez rever todos os meus preconceitos em relação a ele. De um príncipe mimado, moralista, mas não sabia o que acontecia de fato no reino, ele se transformou, mesmo que gradualmente, numa promessa para essa trilogia. Adorei esse novo Ali.

Nahri, apesar de continuar astuta, me pareceu bem diferente daquela mulher impetuosa, que encontrava formas de escapar de situações difíceis, e parece em alguns momentos muito acomodada. Tudo bem que é uma situação no mínimo, periclitante. Já o Dara... é um personagem que merece muito alcançar a paz. Ele é novamente uma arma mortal nas mãos de outros... só quero que ele possa ser feliz – mesmo que o conceito de ser feliz provavelmente será diferente do caminho que ele parece trilhar!

Tão bom quanto o primeiro livro, agora é esperar ansiosamente pela chegada de The Empire of Gold!

site: https://www.instagram.com/p/CTAyDYerZyg/
comentários(0)comente



kas maroni 24/04/2021

Uma nova era.
Eu tô passando pano pro Dara ou só enxergando um lado dele que nenhum dos personagens conseguem??

Volto a dizer que me impressiona muito todo esse mundo criado pela S. A. Chakraborty. Acho que posso dizer que é um dos melhores.

O segundo livro com certeza superou o primeiro em tudo. tem plot twist, tem personagem novos, tem revolução, tem traição, tem volta de personagem. Tem tudo e muito mais, e não deixou de me surpreender.

Porém, acho que essa vibe de deserto não faz meu estilo de leitura. Porque achei a historia um pouco arrastada e só foi ter emoção do capítulo 30 pro final.
Mas estou esperando ansiosa pelo terceiro livro. Eu preciso saber como vai acabar a história.
comentários(0)comente



Danyelle.Gardiano 10/05/2021

Que livro!
Tentei ler devagar para não sentir tanta falta enquanto ainda não sai o último. Que trilogia.. e vimos como as pessoas podem ser manipuladoras... Eu só tenho uma coisa a dizer.. leia essa trilogia maravilhosa!
comentários(0)comente



Andy.Sena 31/07/2021

Eita que esse livro superou demais o primeiro. Nahri cresceu demais e foi muito lindo vê esse amadurecimento da personagem. Ali foi uma surpresa bem agradável nesse livro, vê como ele amadureceu e lutou para tornar sua cidade melhor. Dara na minha opinião continua sendo um fantoche. Muntadhir me dividiu durante o livro, a redenção veio, praticamente, nos 45 do 2 tempo. Ghasan mereceu o final. O plot do final faz você roer a unha e chorar querendo o próximo livro.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Virginia 14/09/2023

Este livro quebrou-me e estou feliz com isso
Ainda estou um bocado embriagada na emoção que foi este livro. Chakraborty eleva a fasquia narrativa neste livro, de uma forma absolutamente magistral, levando quase a considerá-lo como um dos meus favoritos de sempre. Se a autora mantiver este ímpeto narrativo, então irei adicionar a trilogia à minha estante de favoritos.


“É difícil ver o modo como esta cidade destrói aqueles que amamos”


O reino de cobre foi uma jornada intensa e emocionante. A forma como as personagens foram destruídas e reconstruídas foi simplesmente maravilhoso. Enquanto que no livro anterior, a autora alternava entre os pontos de vista de Nahri e Ali, neste livro temos a adição de Dara, formando assim um trio de protagonistas. Por um lado, temos Nahri e Ali em Daevabad, mas em lados opostos ideologicamente. Por outro, temos Dara, dando-nos conta de uma aliança com Manizeh e a sua tentativa de recuperar o poder.

Entre A cidade de bronze e O reino de cobre dá-se um salto temporal de cinco anos. Devo confessar que a princípio achei um tanto estranho essa escolha por parte da autora, mas assim que fui me embrenhando mais na narrativa tornou-se claro o motivo desse salto temporal. As personagens precisam tempo de amadurecer, de lidar com as consequências das suas ações do livro anterior.

Nahri

“Não preciso que homens coloquem ideias na minha cabeça”


Nahri voltou a roubar todas as cenas. A personagem teve tempo para realmente compreender o que significa ser uma Nahid, estar numa posição de poder. Todos à sua volta, especialmente Ghassan, tentam quebrá-la e diminuí-la, no entanto Nahri mantém-se firme nas sua convicções, jamais se deixando quebrar, uma chama resistindo. A personagem é colocada numa posição de poder e ela faz de tudo para lutar por aqueles que não o possuem, tentando proteger a sua tribo, mas igualmente tentando melhorar a cidade - nem que seja uma coisa de cada vez. É muito interessante vê-la manobrar o campo político a seu favor. Naturalmente, nem sempre corre bem, contudo Nahri não se deixa desmotivar, encontrando outras formas de obter aquilo que deseja.

Amei a relação dela com Nisreen. Para além de mentora, Nisreen preenche o papel de mãe para Nahri, ainda que a personagem seja reservada e não lhe conte tudo.

Ali

“Estou cansado de todos nesta cidade se alimentando de vingança. Estou cansado de ensinar nossas crianças a odiar e temer outras crianças porque os pais delas são nossos inimigos. E estou farto de agir como se a única forma de salvar nosso povo fosse eliminar todos que podem se opor a nós, como se nossos inimigos não fossem retribuir o favor assim que o equilíbrio da balança se deslocar"


Ah, Alizayd al Qahtani! Do trio de protagonistas, creio que foi Ali quem mais cresceu neste segundo livro. Que espetáculo de personagem!

Como se devem recordar, na minha resenha de A cidade de bronze eu queixei-me do facto de Ali ter sido imensamente ofuscado na narrativa em relação às demais personagens. Apesar de interessante, os seus capítulos não me haviam cativado tanto quanto os de Nahri. Fico tão feliz por dizer que Ali brilhou verdadeiramente neste livro. No final do livro anterior, o seu pai exila-o para a sua terra natal, Am Gezira, condenando-o assim à morte. É lá que o encontramos, em Bir Nabat, uma aldeia do Norte rural. Contra todas as expectativas, Ali sobreviveu às várias tentativas de assassinato e prospera junto dos aldeões que o acolheram. Todavia, um acontecimento inesperado obriga-o a regressar a Daevabad e a confrontar o seu pai.

Ali continua dividido entre a lealdade à sua família e a lealdade aos seus princípios, porém Chakraborty vai destrinçando novas emoções da personagem. Após cinco anos no exílio, o regresso a Daevabad fá-lo encarar algumas verdades que a personagem havia enterrado no seu coração, tudo em prol de uma lealdade incutida a medo por Ghassan. Ali ainda teme o seu pai, mas é com o pai da sua mãe que ele se vai libertando dessas amarras a pouco e pouco. Aliás, a rainha Hatset é uma figura central para o arco de Ali neste livro. Arrancado dos braços da mãe ainda muito jovem, Ali nunca teve oportunidade de se relacionar com ela. É ao reparem o seu relacionamento que a personagem se dá conta do outro lado da equação e começa verdadeiramente a vislumbrar a tirania.

Dara

“Darayavahoush, sempre há pessoas a salvar. E sempre há homens e mulheres espertos ao redor que encontram uma forma de tirar vantagem desse dever e concentrá-lo em poder"


Neste livro, conhecemos uma outra faceta de Dara: a do guerreiro atormentado pelo seu passado e cansado da guerra. No final de A cidade de bronze, Dara foi ressuscitado por Manizeh, a mãe de Nahri. Manizeh oferece-lhe então a oportunidade de buscar vingança por quem o matou e de recuperar Daevabad para os daevas. Dara aceita, não tanto pelo que Manizeh lhe promete oferecer, mas mais porque ele é um Afshin e os Afshins seguem os seus senhores Nahid. Enquanto Nahro e Ali buscam um futuro melhor, um futuro de paz e sem violência, Dara continua a alimentar o ciclo da guerra porque é tudo aquilo que ele conhece. O mais interessante no arco de Dara são os dilemas com que ele se vê confrontado sobre ódio, rancor e a moralidade das suas ações. Se no passado, Dara agiu com uma lealdade cega aos Nahid, agora o Afshin questiona várias vezes Manizeh e chega mesmo a confrontá-la. O que dói mais nesta personagem é a forma como o seu passado o quebra. Ele consegue ver outras soluções, mas falta-lhe coragem para realmente erguer a sua voz.

Aliás, é isso que marca muitas outras personagens do livro: a perpetuação de um ciclo de ódio, porque ódio e dor é tudo o que conhecem.

Do início ao fim, O reino de cobre é uma guerra à espera de acontecer. E quando ela realmente se dá, explode de uma maneira, apanhando todas as nossas personagens violentamente. Chakraborty não tem pressa de desenvolver a sua história, ela leva o seu tempo para ir desenvolvendo cada núcleo e cada trama paralela e é isso que torna este livro tão desesperante.

Em suma, O reino de cobre apresenta-nos uma narrativa tensa, levando as suas personagens ao limite para depois as quebrar sem dó, nem piedade. Um livro magistral que nos deixa a roer as unhas de nervosismo e antecipação pelo próximo livro.
comentários(0)comente



Ley 28/08/2021

Amei e me destruiu na mesma medida
O segundo volume da trilogia Daevabad conseguiu me conquistar ainda mais que o anterior, e eu não imaginava que isso fosse possível. A fantasia, que se tornou uma das minhas favoritas, trouxe surpresas, revelações e acontecimentos que me abalaram. Nessa continuação, a história se passa cinco anos depois dos acontecimentos do livro anterior. Esse foi um salto que começou me surpreendendo, já que há uma instabilidade grande em Daevabad, então muita coisa poderia acontecer nesse período de tempo.

Aqui, os personagens principais estão dispersos, cada um sofrendo as consequências de suas escolhas, assim como de coisas que nunca fizeram. O livro também tem uma quantidade de páginas maior, mas como já havia gostado da escrita da autora, esse fato não me decepcionou, pelo contrário. Ter mais páginas significava que ficaria ainda mais envolvida com a história, o que era exatamente meu objetivo.

Desta vez, já conhecendo bem a história e consequências de guerras envolvendo tribos de djinns e Daevabad, o livro ganha novos ares, com ameaças ainda maiores. A rivalidade e tensão estão mais fortes, causando sofrimento naqueles que nos apegamos durante a leitura. Como comecei este segundo volume com novas informações adquiridas depois do desfecho de A Cidade de Bronze, ficou mais fácil compreender motivações, mas nem por isso consegui apoiar tais coisas.

O prenúncio de uma guerra está cada vez mais perto, e é possível ver armações por todos os lados. As tribos de djinns e os demais estão se preparando para algo maior, então é fácil prever um pouco do que estar por vir. Nahri, a protagonista em que grande parte da história é voltada, cria novas responsabilidades, e sua esperança de que as coisas melhorem se torna frágil. O desenvolvimento da personagem se torna ainda maior neste volume, quando ela cria laços dentro de Daevabad, e onde se torna não somente uma pessoa criada no mundo dos humanos, e sim alguém que consegue ver através da injustiça e lutar por quem precisa.

O esforço feito por ela para que as coisas melhorem é inspirador, e não deixou de me emocionar pela sua força de vontade. Outro personagem que passei a me apegar mais devido ao seu grande crescimento, foi Ali, outro protagonista, mas que não havia me conquistado de todo no volume anterior. De certa maneira, Ali amadurece, e seu passado tem uma grande influência pelo que está por vir, principalmente em relação aos acontecimentos finais de A Cidade de Bronze.

Quanto à Dara, um personagem de caráter duvidoso que carrega muito mais segredos, me deixou com sentimentos conflitantes. Foi uma surpresa agradável ver que neste segundo livro há vários capítulos sob a perspectiva dele, mas ao contrário do que imaginei, ele segue rumos totalmente controversos. Enquanto Nahri e Ali tentam, cada um a seu modo, lutar e proteger aqueles prejudicados por um governo tirano, Dara cria uma aliança que pode gerar um efeito negativo quanto a todo resto.

A hipocrisia se torna bem mais evidente pelas justificativas das ações de alguns personagens, e isso me levou a refletir sobre novos pontos. Há muita dificuldade entre os djinns em aceitar pessoas mestiças em suas tribos, sejam pela aliança de tribos ou quando um djinn se relaciona com algum humano. Eles possuem princípios que consideram corretos, cada um à sua maneira, mas nem tudo é vantajoso para todos. O nível de hipocrisia que encontrei neste livro foi bem superior ao que imaginei, e me decepcionei bastante com alguns personagens.

Toda a construção da história permite que o leitor entenda as motivações dos personagens, porém uma coisa não justifica outra totalmente errada, especialmente se for para prejudicar o outro. É como uma paz disfarçada, ou um discurso de ódio mascarado em "boa" conduta. Outra coisa que me incomodou, foram os preconceitos de Dara, que aqui se tornam ainda mais fortes, mesmo tendo passado um período de tempo com Nahri e se livrado de alguns deles. Contudo, é esse preconceito que ele e mais alguns outros se apoiam para terem suas ações justificadas. Consigo entender perfeitamente sua linha de raciocínio, mas tem lutas aqui que não buscam igualdade, e sim uma prepotência e superioridade.

Embora ver que nem todas essas ações podem ser consideradas boas, a história e os milênios moldaram os djinns levando-os a acreditar em suas ações, consequentemente gerando mais mortes do que paz. Foram poucos os momentos felizes nesse livro, e me agarrei a cada um deles. Gostei da relação ainda mais forte de Ali e Nahri, assim como dessa vez consegui entender as motivações de cada um, principalmente as de Ali. A luta do personagem é longa, e é como se fossem apenas duas pessoas tentando lutar contra todo o ódio do mundo.

Sem dúvidas essa foi uma obra para ser refletida a cada parágrafo. Todos os acontecimentos aqui parecem gerar consequências em algo mais a frente, resultando em uma bola de neve gigantesca que pode explodir a qualquer momento. Para mim, este livro foi tão bom quanto o primeiro, se não melhor. Gostei tanto da obra que antes mesmo de iniciar eu já me perguntava o que faria se eu acabasse rápido demais, e mesmo já tendo finalizado, não sei a resposta para essa pergunta. O livro tem muito mais pautas sendo discutidas de forma magnífica, incluindo representatividade lgbtq+. Pela quantidade de discursos de ódio, não é uma leitura fácil, ela toca fácil em pontos delicados do coração do leitor, atingindo seu objetivo perfeitamente.

site: https://www.imersaoliteraria.com.br/2021/08/resenha-trilogia-daevabad-cidade-de_25.html
comentários(0)comente



Lauraa Machado 29/12/2020

Não consegui gostar de nada
Não tem nada de seriamente errado com este livro, para ser bem honesta. Eu só não consegui gostar de absolutamente nada nele, nem uma cena, nem um personagem, nem um conflito ou reviravolta ou detalhe. Nada. A autora escreve muito bem, descreve as cenas muito bem, mas não consegue nunca inspirar algum interesse em mim pela história. Definitivamente não consegue fazer nada parecer intrigante, promissor ou significativo. É incrível mesmo como ela escreve bem comparado ao quanto eu não me importo com nada dessa trilogia.

Não é um livro tão sem rumo quanto o anterior, mas grande parte dos problemas do primeiro passou para este também. De fato, eu só cheguei a ler porque tinha comprado ele junto com o outro, senão teria abandonado essa série antes. Vou abandonar agora. Os elementos fantásticos da história são diversos demais e parecidos a ponto de ser completamente impossível conseguir identificar cada um deles sem um esforço enorme da minha parte (que eu claramente não vou fazer para um livro com o qual nem me importo).

Acho que uma coisa que acabou prejudicando o livro foi excesso de pontos de vista. Não que os personagens não fossem importantes ou não tivessem seus propósitos, mas nos deixar ver esses três lados diferentes acabou matando qualquer chance de surpresa que tinha. Quando as maiores revelações apareciam para a Nahri, eu já sabia, porque elas tinham aparecido em algum dos outros pontos de vista e de uma forma bem menos dramática e emocionante. Tirou completamente a graça.

Eu poderia ficar um tempo aqui falando sobre como os acontecimentos são okay, a descrição é realmente boa, mas falta tanto carisma nos personagens, que não consigo mesmo me importar com a história deles. Super entendo se alguém amar esse livro e a trilogia, acredito que seja mais um problema de química entre o livro e eu, que é fácil superar os problemas do universo fantástico repetitivo e mal definido e dos personagens sem carisma se você se conectar com a história. Mas eu não me conectei e acho que já gastei tempo demais pensando e investindo energia nessa trilogia que eu preferia nunca ter lido.

Se quiser saber mais sobre o que eu achei, é só ler a minha resenha do primeiro livro. Reli ela enquanto lia este daqui e percebi que encaixaria muito bem em vários aspectos deste. Também percebi de vez que não consigo gostar de nada aqui e vou é me preocupar com outros livros melhores e mais interessantes.
Qnat 07/01/2021minha estante
nossa, fiquei curioso sobre suas leituras, já que para mim essa trilogia foi uma das melhores que eu li no último ano. Qual o melhor livro lido por você em 2020?


Lauraa Machado 03/05/2021minha estante
Só vi seu comentário agora! Minha melhor leitura de 2020 foi Nona Casa, da Leigh Bardugo




Debbye 05/07/2021

?? O Reino de Cobre ??
O Reino de Cobre conseguiu ser melhor que o primeiro livro. Intenso, brutal, humano, colorido, mágico, tudo isso pode ser usado para descrever o mundo de Daevabad e seus seres fantásticos. Se você é fã de alta fantasia vai curtir a saga de Daevabad e seus personagens imperfeitos e inquietos.

" Você não para de lutar uma guerra só porque está perdendo batalhas. Você muda de tática."
comentários(0)comente



Gabi 11/04/2021

O final é só tiro, porrada e bomba
Dedo no cool e gritaria.
Acertei algumas revelações ao decorrer do livro. Manizheh e Ghassan nunca odiei tanto.
Enfim, meus amores com a amizade restaurada. NAHRI E ALIZAYD TUDO NA MINHA CARREIRA!
O amor dos 3 irmãos, Zaynab, Muntandhir e Alizayd foi mais focado nesse 2 vol. Tudo pra mim! Fiquei com ódio do Jamshid e do Muntandhir ao longo do livro, não vou mentir. Fizeram umas cagadas monumental, puta merda. E o que falar dá minha amada NAHRI? Desenvolvimento incrível, amadurecimento sentimental e dos seus poderes de cura tbm.
Novos personagens maravilhosos.
E eu estou passando mal com o final do livro.
DARA ficou com Deus. Tive tantas decepções com ele. Mas enfim, não é resenha kkkk
comentários(0)comente



Ari Phanie 04/08/2021

Muito tiro, porrada e bomba na terra dos djins.

Depois de pouco mais de dois meses, voltei para Daevabad. A história que S. A. Chakraborty apresentou no seu A Cidade de Bronze foi uma das melhores introduções que já vi dentro do gênero fantasia. Principalmente porque é um sopro de originalidade em um gênero bastante saturado pela concepção e estética eurocêntrica. O Reino de Cobre é uma continuação que conseguiu manter o mesmo nível de qualidade do primeiro livro e eu confesso que ainda me surpreendi.

Cidade de Bronze terminou de uma forma intensa e chocante, e entregou tantas surpresas que foi difícil acompanhar. A continuação começa de forma não tão tranquila quanto se esperava. Acompanhamos as consequências de tudo o que aconteceu nos últimos momentos de Cidade de Bronze, então Dara está de volta, ao lado de uma aliada inesperada; Nahri se casou com Muntadhir, como foi obrigada pelo acordo com Ghassan e Ali foi exilado e precisou lidar rápido não só com os assassinos em seu encalço, mas também com suas novas e estranhas habilidades. Depois dessa introdução, há um salto no tempo. Cinco anos se passaram e Nahri precisou aprender a se virar na corte, pisando em ovos com seu sogro que limitava sua liberdade, e precisando lidar com o seu leviano marido. Longe dali estão Dara e Ali. Dara agora é o comandante de outra Banu Nahrida e com ela planeja tomar seu reino, enquanto Ali está sossegado em uma cidadezinha tranquila em que se tornou um líder essencial. Mas é claro que as coisas mudam rápido.

Se em A Cidade de Bronze nós vemos o quanto a trama foca em intrigas políticas, intolerância, conflitos étnicos e lutas por poder, nessa continuação isso fica ainda mais intenso e ganha tons ainda mais violentos quando Nahri decide que quer reabrir o antigo hospital de sua família para todos os povos; quando Dara e Manizheh colocam em curso uma cruel invasão e quando Ali retorna com ideais ainda mais fortes para trazer justiça a Daevabad. Nem preciso dizer que a combinação desses três e seus projetos, planos e convicções resulta em muitos momentos de desespero que deixam o cool na mão.

Falando no trio de protagonistas, Nahri, Dara e Ali foram muito bem desenvolvidos e sofreram muitas mudanças desde o primeiro livro. Nahri está mais madura, mais centrada, mais esperta e mais forte. Sem Dara e Ali ao seu lado, ela cresce mais por si mesma. Dara não é mais aquele homem cabeça-quente super impetuoso e confiante do primeiro livro. Nesse ele está mais humanizado; reflete mais sobre sua vida e parece muito mais vulnerável. No entanto, ele está metido de novo em uma guerra por causa do dever. Doeu ver o Dara voltar só pra se meter em mais merda por causa dos Nahid, e todo o seu percurso nesse livro indica que meu Dara não vai ter o final feliz que eu esperava pra ele. Ele é meu personagem preferido depois da Nahri com uma distância bem pequena entre os dois, por isso sei que sofrerei no último livro. Já Ali...bom, Ali era um porre no primeiro livro. Nesse, ele é só meio porre. Ali cresce bastante também, é menos ingênuo, menos moralista e sabe agora que uma mudança requer decisões drásticas, e também está envolvido com coisas bastante enigmáticas, mas personagens certinhos demais não são minha praia.

Quanto aos outros personagens, não há um que posso ser considerado mal escrito/desenvolvido. Muntadhir era um dos meus queridos no primeiro livro, odiei ele por quase toda essa continuação, mas ele recuperou o lugar no final. Jamshid, Nisreen, Zaynab, as novas Subhashini, Aqisa e Issa são personagens cativantes que passei a gostar bastante. Já Ghassan e Manizher eu detesto. Os dois só fizeram meus amorzinhos Nahri e Dara sofrerem. Os outros personagens secundários também são críveis, e muito humanos, sem serem encaixados como bom ou mau. A não ser Ali, eca!

Enfim, foi uma GRANDE continuação. Na realidade, em alguns aspectos, é até melhor do que o primeiro livro. Eu, com certeza, poderia favoritar. Mas o fato de Nahri e Dara terem levado tanto tempo pra um reencontro e ele ter sido horrível, me decepcionou um pouco. Também esperava algo diferente do final que deu indícios de que Nahri e Ali vão passar bastante tempo juntos, o que aposto vai desenvolver a relação deles para um lado que não me agrada NADA. Sim, sou dessas. O shipper Nahri+Ali me mata, então só por isso, não consegui favoritar. Mas esse é um livro maior e melhor que o primeiro, e essa é uma história que merece muito mais reconhecimento. Com certeza, uma das melhores fantasias contemporâneas do mercado.
Ander 05/08/2021minha estante
Ótima resenha.


Ari Phanie 06/08/2021minha estante
Obrigada, querido.




_Red_Queen_ 01/04/2021

Perfeição
Amei esse livro, foi bem melhor que o primeiro, mesmo esse sendo fantástico. O plot é muito bom, os conflitos internos, os personagens... tudo é muito bem desenvolvido de um jeito que mesmo você não concordando com os personagens, entende as motivações deles.
O final desse livro mds, tanto esse quanto o primeiro são bem emocionantes e incitam uma curiosidade que você não consegue parar; os livros são realmente muito bons.
comentários(0)comente



186 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR