fleabookz 06/09/2021
Se eu pudesse descrever esse livro em uma palavra seria: decepção. O tanto que vi ele sendo aclamado, romance sáfico pipipopo, esperava MUITO MAIS do que recebi. Teve representatividade, muitos personagens negros, personagens bi, pan e lésbica, esses são os pontos positivos. E são tão bons que reparei que os “vilões” da história são brancos, kkkkkkk.
O romance que é tão falando vem acontecer bem tarde já e nem conseguiu me deixar de coração quentinho, não me convenceu, no máximo achei um pouco fofinho.
Pensei que seria um livro bem descontraído e que eu leria logo, mas foi difícil de terminar. A escrita é bastante repetitiva e cheia de erros de digitação, além do excesso de vírgula sem necessidade alguma. A autora repetiu mil vezes que a Aster era vizinha de Nicola, que Barr Wolf era seu irmão mais novo, que "nada de legal ou muito importante acontece em Salt". Ou pior, perdia muito tempo falando do cabelo de tudo que é personagem, poderia ter cortado um monte dessas partes. É tanto foco no cabelo dos personagens que toda vez que ia tratar da Taylor era sempre “a ruiva”. Porém, o que mais me fez odiar a escrita foi o uso do nome e sobrenome dos personagens o tempo inteiro. Fala sério, toda hora "Barr Wolf", "Harvey Bird", usa só os nomes, só "irmão", "amigo". Achei muito bregaaaaaa.
Tem umas partes de militância que me fizeram rir muito de vergonha, tipo falando que bi/pan gostam de pessoas e que cabelos cacheados não têm um ninho de piolhos neles. Pois bem, as outras sexualidades também gostam de pessoas.
Tem um parágrafo que eu reli várias vezes, inclusive agora enquanto faço a resenha, e ainda não entendi. Porque é a Nicola dizendo que deseja que o Barr tenha 12 anos pra sempre e que não o deixaria sozinho com os seus pais, daí do nada ela começa a falar sobre não se importar de ter dado o dinheiro que economizou com a dança se vai custar a felicidade do Harvey. O que tem a ver uma coisa com a outra? Não sei.
A Nicola fala milhões de vezes de como é observadora e fica sabendo da vida das pessoas só de ficar observando-as nas festas em que frequenta. Mas tem um momento que ela fica com raiva porque tem pessoas curiosas nas festas que querem saber da vida dela, então tá tudo bem ela ser intrometida, só que as pessoas não podem ser também? Assim não dá, aceite que as pessoas são curiosas igual você é e pronto.
Desde o início do livro a gente fica ciente que a Nicola sofreu um acidente, mas vai levar uma eternidade pra termos mais detalhes sobre isso. E assim, não quero culpar a vítima, mas fiquei de cara com a explicação sobre o acidente, foi patético. Dava pra ter evitado. Imaginei até outro cenário que faria muito mais sentido.
É por aí que a gente descobre mais detalhes do relacionamento dela com o Garret, que foi um relacionamento muito abusivo. Só que pra mim tem furo de roteiro que é: mais pro início a Nicola diz que não tem amigas, praticamente só o Harvey e aí do nada ela fala que tinha amigas enquanto namorava com Garret, mas amigos homens não. Então cadê essas outras amizades dela? Eram só na época em que ela namorava com o Garret e aí se afastaram? Ou foi só um delírio?
Outra coisa que fiquei me questionando é como que os três, Aster, Harvey e Nicola, arrumavam tempo pra treinar, porque eles estudavam em turnos diferentes, trabalhavam na livraria, tinha o treino de hóquei. O engraçado é que o Harvey até brinca com isso depois.
Além disso, tem também uma parte em que a Nicola está com pé enfaixado e sai dirigindo na maior tranquilidade. Isso é possível? COMO? A sola do pé cortada, toda enfaixada e ela dirigindo, nem se queixa de dor nem nada.
Tem a relação familiar conturbada que prefiro nem comentar muito, mas adorei quando a Nicola enfrentou os pais e a irmã. O Barr é um amorzinho.
Agora sobre os outros personagens, gostei do Harvey e da Aster, da Gwen não sei muito, porque o maior traço dela é ser desconfiada de tudo e de todos. A Regina também é bem legal e melhorou a história em todas suas aparições.
Provando que sou desconfiada igual a Gwen, eu já fiquei com um pé atrás quando vi um relacionamento se desenvolver, tava na cara que era cilada. E foi muito bom ver a pessoa se lascando depois.
Achei o fim razoável, se ignorar o fato de uma bibliotecária viajando o mundo sendo que a livraria de Salt respirava por meio de aparelhos. Tipo a livraria de uma cidade pequena da Inglaterra com problemas financeiros, mas uma bibliotecária trabalhando em um interior de outro país europeu recebia um salário bom o suficiente pra ir pra Cancun, etc. Também estranhei um pouco a carta do Barr para a Nicola, é como se eles não conversassem sempre, sendo que acho que eles conversavam com frequência.
Enfim, tá abaixo do que eu esperava e foi um sacrifício para terminar. Vale um pouco a pena por causa dos 10 segundo de romance e dos treinos de patinação no gelo com direito a termo técnico e tudo. Dito isso, nunca mais confio nos hypes do booktwitter.