juba 17/06/2022
mais um comfort-book pra vida
Devo iniciar essa resenha dizendo que o universo de Verão Azul me abduziu para um lugarzinho só dele, fazia um tempo que não me sentia tão confortável e tão entretida em um livro. Não tenho nenhuma hesitação em estabelecer os três livros publicados desse universo como alguns dos meus 'comfort-books'.
Apesar de achar Verão Azul o mais fraco dos três, esse livro ainda é sentimental e profundo da sua própria maneira. Ele estabelece alguns clichês de gênero YA, como uma escola dividida em "dois times populares" e essa narrativa da "descoberta dos dois mundos", que partiularmente eu adoro. High School Musical já tinha provado que uma história do gênero de atletas populares e "super másculos" se inserindo no teatro já era bombástica de maravilhosa, mas Verão Azul não só me relembrou disso como deu uma pitada de brasilidade irresistível além da representatividade LGBTQIA+.
O livro se diz contar a história do casal Lucca e Eduardo, porém, na minha opinião, Verão Azul poderia ser muito melhor designado como um livro da "autodescoberta do Lucca" porque sinceramente é isso que a narrativa, em sua maioria, foca. Claro que o Eduardo é um personagem insubstituível na narrativa, mas o livro se compromete muito mais a contar a história do Lucca, os questionamentos do Lucca e tudo que o Lucca faz e pensa, deixando o Eduardo por tanto tempo na reserva, que para mim é impossível definir esse livro como do Lucca e do Eduardo. Só para não dizer que o autor não tentou, sim, nós temos pinceladas de quem o Eduardo é e aspira ser, mas a cena mais significativa de nível emocional do Eduardo mesmo só acontece na última parte do livro.
Uma das coisas que não gostei no livro é a falta de sutileza e naturalidade em alguns discursos, seja ao falar de faculdade ou de autodescoberta, o autor apresenta isso através de diálogos tão montados que é de se pensar que apesar de pessoas da vida real terem aquelas opiniões, é quase impossível de elas expressarem suas opiniões daquela maneira. Sendo mais direta, as falas parecem saídas de um Tweet do Quebrando o Tabu - e quem usa o Twitter corriqueiramente vai entender o que eu quero dizer. Tenho algumas outras críticas sobre a maneira que o autor lidera a escrita dele, deixando a narrativa "engessada" e, em algumas partes, oca de sentimentos por causa disso, mas já estou me alongando demais.
De forma resumida, Verão Azul pode até não ser o melhor livro da minha vida, mas ele sempre vai estabelecer um lugar seguro entre os meus comfort-books.