Uberização, Trabalho Digital e Indústria 4.0

Uberização, Trabalho Digital e Indústria 4.0 Ricardo Antunes




Resenhas -


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ana :) 29/10/2023

Exploração maquiada para as tendências do século XXI
Uma ótima coletânea de artigos que abordam diferentes categorias desse proletariado precarizado que se degrada com o uso predatório da tecnologia, que não é casual. Além de temáticas sobre ação coletiva e sindical.
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Matheus C. 19/12/2022

Livro fundamental para entender a 4a revolução industrial
A ascensão das tecnologias da informação e comunicação levaram as relações de trabalho a se tornarem individualizadas, fazendo com que o trabalho perca o caráter de assalariamento e consiga uma aparência de "prestação de serviços".

Isso individualiza o sujeito, buscando sempre distanciá-lo da consciência de classes.

É fundamental que a classe trabalhadora tome consciência de como o capitalismo destrói os trabalhadores assalariados e é capaz de controlar e gerenciar o processo produtivo com o auxílio das TICs, maximizando os lucros e diminuindo os direitos.

Como engenheiro civil recém formado, é tenebroso demais ver como o trabalho é destruído pelo capital com influência das TICs, e é mais tenebroso ainda saber que trabalharei numa área que sequer foi capaz de adentrar nessa "modernidade" dos aplicativos, onde quase tudo é digitalizado.

Socorro, pai.
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Galardo 04/03/2022

Necessário
Esse é um livro necessário para qualquer um que queira compreender esse processo de plataformização do trabalho. Em alguns momentos o livro acaba sendo repetitivo, compreensível visto que é uma compilação de textos, mas não estraga a obra.
Se puderem leiam No Enxame de Byung-Chul Han e comparem visões diferentes do assunto.
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Julia 18/01/2022

Indispensável para quem pesquisa novas morfologias do trabalho
Essencial para os que desejam realizar pesquisas na área, esse livro está organizado em dezenove capítulos, sendo cada um deles um artigo relativo à uberização, ao trabalho digital ou, de forma mais ampla, à influência das novas tecnologias no mundo do trabalho.

A título de fichamento, fiz breves comentários sobre cada um dos artigos. Vou compartilhá-los aqui pois acredito que possam ser úteis a quem esteja curioso sobre o que esperar desta leitura.

Obs: notei que o livro inicia com apontamentos mais gerais e vai se afunilando, tendo como últimos capítulos artigos que versam sobre empresas e ramos específicos.



1. Trabalho intermitente e uberização do trabalho no limiar da Indústria 4.0 (Ricardo Antunes)

Texto essencial de abertura, no qual Ricardo Antunes introduz conceitos-chave como uberização e indústria 4.0, bem como aponta caminhos de resistência dos trabalhadores ante a estas novas modalidades de exploração.


2. O panóptico algorítmico da Deliveroo: mensuração, precariedade e a ilusão do controle (Jamie Woodcock)

O autor tece comentários acerca da utilização de algoritmos nas plataformas de trabalho, sobretudo no caso da Deliveroo, analisando, a partir da perspectiva dos trabalhadores, como o algoritmo utilizado pela empresa opera. Utiliza-se o conceito de “panóptico algoritmico", expressão que remonta aos métodos de controle concebidos por Jeremy Bentham no século XVIII, todavia relacionando o controle, desta vez, aos instrumentos tecnológicos e à própria ilusão de autonomia por eles proporcionada.


3. Trabalho digital (Mark Graham e Mohammad Amir Anwar)

Os autores analisam em que medida definições territoriais e geográficas permanecem relevantes após a adoção de formas de trabalho digital, concluindo que se, por um lado, flexibilizaram-se as restrições espaciais, por outro, estas modalidades laborais são responsáveis pela colocação do trabalho como mercadoria em escala global e pela consequente competição global de trabalhadores, o que gera uma desvalorização da mão de obra. Ademais, defende-se a utilização das novas tecnologias por parte dos trabalhadores de forma estratégica, isto é, como meio de resistência e mobilização.



4. Plataformas digitais, uberização do trabalho e regulação no capitalismo contemporâneo (Vitor Filgueras e Ricardo Antunes)

Este capítulo analisa as características das mudanças observadas no mundo do trabalho nas últimas décadas, sobretudo no que tange à crescente utilização de novas tecnologias e sua relação com a ascensão de novas formas de controle dos trabalhadores.


5. As condições de trabalho em plataformas digitais sob o prismo do direito ambiental do trabalho (Clarissa Ribeiro Schinestesck)

Neste capítulo, levanta-se uma discussão inovadora a partir do ponto de visto jurídico, uma vez que a autora se afasta da famigerada discussão acerca da existência de vínculo empregatício entre trabalhadores uberizados e as empresas que os contratam, abordando o tema na perspectiva do direito ambiental do trabalho. Conclui-se que, independentemente do reconhecimento de vínculo empregatício, o direito deve regulamentar as mencionadas relações, uma vez que a garantia de um meio ambiente do trabalho saudável e equilibrado é garantia constitucional.


6. Plataformização do trabalho: características e alternativas (Rafael Grohmann)

Neste artigo (um dos mais importantes do livro, em minha perspectiva), Rafael Grohmann analisa a plataformização do trabalho como uma etapa de superação da crise de acumulação do capital (assim como taylorismo, fordismo e toyotismo também o foram). O autor contextualiza o fenômeno, discorrendo acerca de sua relação com processos de financeirização e de expansão da racionalidade neoliberal.
Ademais, o autor aponta caminhos para a construção de alternativas à plataformização do trabalho, os quais consistem na regulação, na organização coletiva e na construção de “outras lógicas de organização do trabalho”, citando, neste caso, o cooperativismo de plataforma.


7. Uberização: gerenciamento e controle do trabalho just-in-time (Ludmila Costhek Abílio)

A autora defende que a uberização reduz o trabalhador a um trabalhador just-in-time, que arca com riscos e custos de sua produção e somente é remunerado pela exata demanda do capital existente no momento. Esses processos vêm sendo tacitamente estimulados a partir das recentes alterações legislativas, que flexibilizam noções como a de tempo à disposição do empregador e institucionalizam o trabalho não remunerado - um exemplo disso é a instituição da figura do trabalho intermitente, adotada pela Lei da Reforma Trabalhista.



8. Indústria 4.0: empresas plataformas, consentimento e resistência (Marco Gonsales)

Neste artigo, o autor conceitua a contextualiza a ascensão da chamada Indústria 4.0, bem como trabalha conceitos como plataforma e plataformização, relacionando estes processos à lógica da acumulação do capital.


9. Uma nova reestruturação produtiva pós-crise de 2008? (Iuri Tonelo)

O autor analisa a hipótese de as transformações vivenciadas pós-crise de 2008 indicarem que estamos entrando em uma nova reestruturação produtiva, superando aquela ocorrida no período neoliberal, sobretudo nos anos 1990. Utiliza bastante as categorias marxianas, relacionando-as à plataformização do trabalho.



10. Contribuições críticas da sociologia do trabalho sobre a automação (Ricardo Festi).
Ricardo Festi se debruça sobre a 4ª Revolução Industrial, conceituando-a e contextualizando-a. Ademais, é analisada a compreensão da sociologia do trabalho acerca da automação, desde os primórdios deste fenômeno à ascensão da chamada Indústria 4.0. Percebeu-se que, inicialmente, os teóricos da França do pós-guerra tinham uma visão “contemplativa” acerca das transformações tecnológicas, isto é, acreditavam nos encantos que a automação prometia, como a possibilidade de eliminação do trabalho manual. Todavia, posteriormente, a sociologia do trabalho constatou que o desenvolvimento das mencionadas tecnologias, longe de significar a libertação dos trabalhadores, possibilitou a expansão de sua exploração, uma vez que inseriu novas formas de controle, mais sofisticadas e eficazes.


11. Um novo adeus à classe trabalhadora? (Vitor Filgueiras; Sávio Cavalcante)

Os autores analisam o discurso que permeia o argumento do fim da classe trabalhadora, tanto em seu primeiro momento (Segunda metade do século XX), como em uma segunda aparição (“o novo adeus à classe trabalhadora”). O artigo demonstra que este discurso está equivocado a partir dos pontos de vista teórico, empírico e político. Do ponto de vista teórico, o equívoco está na naturalização acrítica do determinismo tecnológico; empiricamente, o erro está ao considerar que o trabalho assalariado está desaparecendo, quando a realidade demonstra que apenas a forma jurídica deste trabalho está sendo modificada; por fim, há um equívoco político, pois estas teorias colocam a precarização como resultado inexorável do desenvolvimento tecnológico, e servem à despolitização e à desmobilização dos trabalhadores.



12. A demolição dos direitos do trabalho na era do capitalismo informacional-digital (Luci Praun; Ricardo Antunes)

Os autores estudam as principais tendências seguidas no mundo do trabalho após as crises estruturais de 1970 e de 2008, as quais foram responsáveis pela instauração de uma fase de "precarização estrutural do trabalho em escala global” (p. 373). Mais especificamente, é analisando o caso brasileiro, marcado pela intensificação e aprofundamento do projeto neoliberal, sobretudo a partir da aprovação da Lei da Reforma Trabalhista.

13. Indústria 4.0 na cadeia automotiva: a Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo (Geraldo Augusto Pinto).

A pesquisa analisa o processo de implementação de elementos da Indústria 4.0 na fábrica da Mercedez-Benz em São Bernardo do Campo, debruçando-se, ainda, sobre as consequências dela no que tange aos trabalhadores e trabalhadoras do setor.


14. Trabalho Digital e educação no Brasil (Fabiane Santana Previtali; Cílson César Fagiani).

O artigo se propõe a problematizar os impactos da Indústria 4.0 na vida dos trabalhadores docentes na educação básica do Brasil. Para isso, os autores estudam dados do INEP a fim de averiguar o perfil dos professores do ensino básico, bem como suas modalidades de contratação. A pesquisa demonstra uma tendência à precarização das relações laborais no setor, o que vem ocorrendo por meio da expansão de formas de contratação “flexíveis”; da introdução de mecanismos informacionais que aprimoram o controle do trabalho docente; do incentivo à padronização do ensino; entre outros aspectos.



15. Trabalho digital nos bancos (Arnaldo Mazzei Nogueira)
Neste capítulo, Arnaldo Mazzei Nogueira analisa as consequências do desenvolvimento tecnológico e a influência da Indústria 4.0 na dinâmica do emprego bancário. Demonstra-se que, malgrado as instituições financeiras estejam apresentando crescimento econômico, tal crescimento não tem se convertido na oferta de empregos no setor, uma vez que a informatização vem sendo utilizada como forma de reduzir o valor da força de trabalho bancário.


16. A saúde das trabalhadoras do telemarketing e o trabalho on-line (Claudia Mazzei Nogueira)

A partir da análise a depoimentos de trabalhadores do setor, a autora estuda os danos à saúde relacionados ao telemarketing e ao trabalho online; bem como a tendência à intensificação da precarização no setor.

17. Walmartização do trabalho: a face cruel das tecnologias utilizadas nos hipermercados (Patrícia Rocha Lemos)

A autora investiga a maneira pela qual o desenvolvimento tecnológico afeta os trabalhadores do varejo, o que é feito a partir da análise à experiência da rede de supermercados Walmart no Brasil.


18. Greve na Vale: transnacionalização e exploração do trabalho no Canadá (Thiago Trindade de Aguiar)

O autor se debruça sobre a empresa Vale S.A., analisando a transnacionalização da empresa e suas consequências nas relações de trabalho, as estratégias de relações de trabalho utilizadas na empresa, bem como o processo de reestruturação, pela mencionada empresa, das operações da antiga Inco, mineradora canadense adquirida pela Vale. Visando aprofundar os mencionados pontos, o autor partilha os resultados de uma pesquisa etnográfica realizada nas instalações da Vale no Brasil e no Canadá, abordando sobretudo o movimento paredista realizado pelos trabalhadores da antiga Inco em 2010.


19. Cibertivismo e sindicalismo em call-centers portugueses (Isabel Roque)

A autora partilha resultados de pesquisa realizada entre 2008 e 2018, com atuais e ex-trabalhadores portugueses do setor de call-centers, concluindo que, apesar das acentuadas condições precarizantes relacionadas ao trabalho no setor, há indícios de que novas e mais combativas experiências sindicais estão surgindo, as quais se utilizam da internet e das tecnologias de informação e comunicação para realização de suas atividades.


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Lucas.Gabriel 02/11/2021

Ótima reflexão sobre o trabalho contemporâneo!
Como eu gostei desse livro! Sério mesmo, todos os textos que foram selecionados pelo gênio Ricardo Antunes são excelentes para que o leitor entenda bem como funciona o trabalho digital no nosso mundo. Toda a relação com a nossa saúde, a perda total entre público e privado, a deterioração gigante da força sindical, a palavra "parceiro" sendo usada para maquiar uma realidade perversa, entre tantos outros pontos. O livro é bem recente e possui casos que façam com que a compreensão seja a mais clara de todas. Posso dizer, com toda certeza, que me fez refletir e conhecer muito mais sobre como as novas formas de trabalhos funcionam hodiernamente.
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Bibliotecadabri 03/06/2021

Uberização, trabalho digital e indústria 4.0
O livro "Uberização, trabalho digital e indústria 4.0", organizado por Ricardo Antunes, traz um compilado, com 19 artigos, sobre as relações de produção contemporânea. Quando estudamos relações de produção, debatendo sobre o modelo fordista, taylorista e toyotista, acreditamos que as relações de trabalho atuais são diferentes, quando na verdade são uma extensão. E as redes sociais, as plataformas e mecanismos só impulsionam esse processo.
Douglas 01/08/2021minha estante
Excelente resenha ?




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