Wania Cris 27/12/2021Quão perfeito se pode ser?Num mundo perfeito, controlado por pessoas perfeitas, com decisões e atitudes perfeitas, pessoas fora do padrão representam um problema a ser sanado. Decisões rechaçadas no passado poderiam ser a solução?
Elena Fairchild se vê entre esses dois extremos ao ter uma filha perfeita e uma considerada inapta para o novo mundo. Quando Frankie é mandada para uma escola de terceiro nível, Elena testemunha a crueldade do sistema de castas que conhece intimamente. Quão sensato é lutar contra um sistema dominante?
Primeira leitura da autora consagrada por outra distopia, Vox, comecei a ler a obra sem qualquer expectativa, porém, a escrita me fisgou já nas primeiras páginas com uma fluidez impressionante. A trama é boa, apesar de não ser a melhor do gênero, o desenvolvimento é satisfatório mesmo que não seja de grande complexidade. Faltou uma maior profundidade na estória de quase todas as personagens (apenas Elena é defenestrada, principalmente por sua função de narradora) e menos soluções fáceis.
Elena é uma personagem crível, o que ajuda na empatia por seus dramas. Ponderada, consciente, corajosa. É uma pena que o mesmo enfoque não tenha sido dado aos demais partícipes da trama, poderia ter melhorado muito a experiência, mas, ainda assim, recomendo a leitura, principalmente para quem conhece pouco de distopias.