AndrA.Antunes 21/10/2020
Contemplando o escuro
E se alguns conceitos que temos de coisas que esperamos, fazemos, sonhamos, adoramos, temos medo ou precisamos enfrentar se tornassem palpáveis? ou melhor expressando, se personificassem em divindades prontas para esfregar na sua cara que você precisa sair da sua zona de conforto? É sobre isso que se trata, na minha humilde opinião, o livro deusa das sombras escrito pela Munik Antunes de Campos.
Não vou me estender sobre a trama do livro, mas em resumo, Diana (??) acompanhada de Heitor (babaca?) começa a receber, as vezes literalmente, tapas de realidade na cara de deusas para que ela acorde pra vida, fazendo-a passar por situações as quais ela precisa enfrentar seus medos, inseguranças e fraquezas de forma mais franca e direta.
Diana, ao menos a mim, gerou uma identificação quase instantânea, pela insegurança, pela maneira de lidar com algumas coisas e por as vezes não saber lidar com pessoas muito auto-confiantes. Contemplei na personagem, em alguns momentos, um espelho de resignação da parte dela, refletindo arrependimentos da minha parte e a maneira como em determinadas situações teria sido muito prático uma divindade ter vindo me chacoalhar para vida (medo). Ao devorar o livro (sério, li muito rápido) vi em Diana o comodismo ou conformismo com sua personalidade, aparentemente sem sal, ser desafiado por uma tempestade de mudanças. O que me levou a reflexão de que muitas vezes tomamos apenas atitudes após grandes tragédias anunciadas se concretizarem. Respeitado o devido tempo das pessoas somos de fato assim né? As vezes precisa dar merda para que a gente faça alguma coisa.
A luz desses pensamentos o livro torna-se cada vez mais instigante a medida que as deusas se materializam para Diana e oferecem, das mais diversas formas, exatamente aquilo que ela precisa, mesmo que isso a deixe frustrada, questão essa que me faz desejar que meus próprios penares jamais se tornem divindades pois sei que não passaria do primeiro desafio proposto.
No mais o que mais me marcou no livro foi que mais do que qualquer outra pessoa, nossa própria omissão ou covardia é o maior algoz de nossa vontade de viver, damos poderes aos medos, inseguranças, desejos e até mesmo pessoas. No fim a personificação das deusas somos apenas nós tentando lidar com as mais diversas questões da vida das piores maneiras possíveis e tentando aprender algo com isso.