regifreitas 01/04/2021
COMO DERROTAR O TURBOTECNOMACHONAZIFASCISMO (2020), de Marcia Tiburi.
Nunca foi tão fácil disseminar discursos de ódio como nos tempos da internet e das redes sociais - o alcance dessas tecnologias é praticamente ilimitado. Pior, esses discursos têm encontrado campo fértil em uma parcela grande da população, um público caracterizado pelo embotamento dos sentimentos em relação ao outro, bem como pelo esvaziamento de um pensamento crítico sobre a realidade. Pessoas estas que acabam encontrando nesses discursos um lugar de reconhecimento, identificação e acolhimento.
"Muitas pessoas são cativadas pela agressividade porque ela representa uma emoção diante da frieza generalizada de suas vidas. É como se, ao odiar, pudessem finalmente sentir alguma coisa. O ódio é cativante no sentido de aprisionar emocionalmente, fornecendo compensação subjetiva. Como somos seres sociais e políticos, a compensação é também psicossocial quando se cria uma comunidade do ódio" (p.31)..
A desinformação se torna uma metodologia de ação. Também a criação de um inimigo comum que precisa ser silenciado e destruído - teorias conspiratórias diversas, a esquerda, o comunismo, o feminismo, o globalismo, a ideologia de gênero etc. Aproveitam-se dos paradoxos no cerne da própria democracia para alcançar postos importantes dentro do Estado, e, a partir de dentro, minar essa mesma democracia que possibilitou sua ascensão.
Marcia Tiburi é um dos principais nomes que vêm se dedicando a refletir e buscar uma compreensão sobre o recrudescimento dos discursos autoritários que vêm emergindo nos últimos anos. Para Tiburi, é preciso conhecer o fenômeno para poder derrotá-lo. Buscar a transformação social implica primeiro no resgate dessas subjetividades seduzidas pelos discursos autoritário e de ódio, orientando-as na direção de um pensamento lúcido, para ações marcadas pelo diálogo e pela escuta, para o reconhecimento e o respeito pela diferença, pelo outro.