Cidadã

Cidadã Claudia Rankine




Resenhas - Cidadã


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Ved 21/02/2023

"CIDADÃ", Claudia Rankine.
CLAUDIA RANKINE é direta. O que se propõe a escrever e refletir nos toca de certa forma, por confirmar uma frase de Malcom X na qual ele afirma que a mulher negra é a que mais sofre com a insegurança, o desrespeito e todas as formas de redução social atreladas à sua característica genética e de raça.

Ao expor situações da mulher negra no dia a dia americano, percebemos os atos de cumplicidade da autora com a personagem foco e também os perigos de se normalizarem certos padrões de comportamento direcionados à população negra. O olhar reflexivo está a cada página lida.. a cada história cirurgicamente exposta!
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MãeLiteratura 12/02/2022

Muito interessante!
Uma leitura reflexiva sobre racismo. Claudia construiu um livro interessante e muito diferente e isso me agradou bastante. É o tipo de leitura que traz um aprendizado intenso.

Sua escrita tem lirismo, é bonita e ao mesmo tempo direta. Por um lado sua poesia traz certa leveza à leitura, por outro a sua forma de ir direto ao ponto expõe as crueldades de uma sociedade mundial implacável.

O capítulo da jogadora de tênis Serena Willians me trouxe perspectivas que eu não conhecia. Achei muito interessante.

O livro traz também instalações de diversos casos de pessoas negras mortas em ações policiais e outros tipos de violência. Ler estas instalações me deixa extremamente envergonhada e penso o que estamos fazendo para que estes absurdos não aconteçam mais.

A autora, em primeira pessoa, traz questionamentos muito importantes e por vezes incômodos, essenciais para fazer o leitor pensar sobre o tema. Eu como mulher branca, nunca senti na pele estas agressões e é muito chocante não só ler sobre elas, mas perceber como o preconceito está tão arraigado. Pode inclusive surgir numa "piada", num comentário usual e muitas vezes velado.

Que estas reflexões cheguem ao maior número possível de pessoas/leitores, principalmente ao jovens.

Destaque para a edição linda da Edições Jabuticaba! Uma das mais diferentes que eu já vi. Gravuras, imagens e diagramação diferente, compõe com este texto forte, um livro único, forte e vigoroso. Preto no branco. Muito bom! Recomendo.

site: https://www.maeliteratura.com/2022/02/cidada-12livrospara2022-fevereiro.html
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Jan 11/12/2021

Esse livro foi de longe o mais impactante que li em 2021. Retrata a realidade racial americana, mas que é tão real aqui no nosso país também. As cenas de racismo, tanto no microuniverso quanto no macro universo (como diria a autora Cláudia Rankine), não nos deixa impunes pós leitura.
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Toni 28/01/2021

Leitura 05 de 2021
Cidadã [1986]
Claudia Rankini (Jamaica)
Jabuticaba, 2020, 184p.
Trad. Stephanie Borges

‘Cidadã’, da jamaicana Claudia Rankini, traz como subtítulo “uma lírica americana”. Na acepção clássica, a lírica consiste na expressão de um estado de alma e difere de seus irmãos (o Drama e a Épica) porque *tende* a manifestar, com certa pretensão imediatista, a vivência de um Eu em seu encontro com o mundo. Ao aproximar o gênero do gentílico, Rankine marca a primeira subversão das muitas que seu texto irá propor, convidando a perceber esta lírica enquanto expressão de um grupo. E já na primeira página do primeiro capítulo, outra quebra significativa: o ensaio-poema-manifesto é escrito na segunda pessoa. You (que no inglês pode ser tanto “você” quanto “vocês”) é a voz lírica dominante.

É importante notar nesse onipresente “you” a negação do que significa ser um corpo negro no mundo: sem subjetividade, sempre um coletivo, sempre um estereótipo, sempre uma massa amorfa, um outro distante do eu -- você -- injustificado e incompreensivelmente raivoso. Logo, perigoso e, vezes sem conta, desacreditado. O corpo negro, corpo-alvo da necropolítica e corpo-incômodo da branquitude conivente, se desdobra em vozes e experiências do racismo cotidiano, recreativo e assassino nesta lírica de um estado de exceção que fabrica não-pertencimentos. Uma cidadania que depende de comentários invalidantes como “Era só brincadeira”, “Eu ouvi o que acho que ouvi?” e “Você tem certeza?”, por ex. Um corpo que luta todos os dias contra o “peso da inexistência” e sabe que “Todas as nossas histórias febris não vão instilar descobertas, / Não tornarão um corpo consciente, / Não tornarão um corpo consciente, / Não farão aquele olhar / nos olhos dizerem sim, embora não exista nada / a resolver / mesmo quando cada momento é uma resposta”.

Traduzido por Stephanie Borges, Cidadã é um amálgama de registros muito bem articulados (fotografias, roteiros de videoinstalações, capturas de frames, elegias, pinturas e peças de artes) sobre as técnicas diárias de entrincheiramento e anulação de culturas e indivíduos de cor nos EUA (mas sabemos como vale para o Brasil). Leitura que recomendo demais nesta edição primorosa da Jabuticaba.
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Ricardo.Sena 06/01/2021

Grito necessário
???????? CIDADÃ - UMA LÍRICA AMERICANA O livro da escritora Claudia Rankine é diferente de tudo que li em tempos, embora, em poucas partes, ecoe o Roland Barthes de Fragmentos de um Discurso Amoroso, nas citações adicionadas na lateral do texto original - como a voz de James Baldwin, por exemplo. A semelhança é apenas formal, pois Rankine trata de conteúdo diverso, muitas vezes usando a segunda pessoa: os atos de racismo cotidianos, como comentários, olhares, julgamentos implícitos.
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Um exemplo: a autora percebe quando a amiga lhe chama por outro nome que não o seu. Pois era exatamente o nome da outra única negra que a amiga conhecia, sua empregada doméstica. Outro exemplo: uma mulher branca no campus reclama sobre o fato de o filho, diferentemente de toda uma geração familiar, não entrar na faculdade por causa de políticas afirmativas. Mais um: a hesitação de uma mulher em se sentar no banco vazio entre dois negros no metrô. O último: a analista, numa primeira consulta, não reconhece a paciente negra que lhe aguarda na entrada e a manda ir embora. Ela responde: ?tenho horário marcado?. Se seguem desculpas, um ?sinto muitíssimo?.
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Além do cotidiano, a autora pinça cenas do noticiário para ilustrar o racismo: o tratamento diferenciado que Serena Williams recebe de uma árbitro de um jogo. A brincadeira sem graça de outra jogadora branca que coloca toalhas sobre o busto e o traseiro para imitar o corpo voluptuoso de Williams.
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Rankine é uma escritora jamaicana, além de ensaísta, dramaturga, artista e professora de literatura na Universidade de Yale, que produz uma prosa poética contundente que dialoga com a tradição americana de embeber a poesia com a experiência cotidiana e atual. Os textos incluem, além de imagens, roteiros de instalações da autora sobre os mais variados temas: um protesto contra a morte criminosa de um negro ou uma coleção de falas das vítimas do furacão Katrina, em 2005.
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Todos tratam da condição do negro, às vezes com o travo amargo da leveza (arraste ->), mas principalmente com uma crítica à invisibilidade, ao constrangimento a que são submetidos, bem como ao silenciamento. Por isso é grito necessário. Editora: Edições Jabuticaba
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