Amanda 17/06/2022
Primeiro de tudo: Não é um livro histórico!
Vou começar falando das polêmicas (sou dessas hahahaha). Para começo de conversa, a autora deixa explícito nas notas de introdução que o livro é uma história completamente fictícia com base no período histórico do extermínio dos povos nativos americanos. Dito isso, podemos entender que não retrata realidade, nem busca mostrar como eram povos indígenas do período mencionado. Esclarecido isso, gostaria de saber o que passa na cabeça das pessoas que leem um livro do wattpad - uma plataforma de autoras iniciantes em sua maioria fanfics - cuja história contém viagem no tempo, visões de futuro e espíritos protetores e esperam acuidade histórica, não consigo entender.
Sobre a acusação de fetichização do homem/mulher indígena, esse é um romance com narrativa erótica, esse tipo de livro fetichiza TUDO, qualquer formato corpo, raça, religião, nada passa como não desejável, assim, não saindo do respeito não vejo nada demais. As cenas mais problemáticas quanto a isso podem ser quando ela descreve o apetite sexual de Raonnan ou quando Coiote tenta seduzi-la, na boa são cenas super comuns em romance eróticos onde sempre a mocinha é irresistível e enfeitiça os homens que tem ereções eternas e apetite sexual insuperável.
Agora sobre a acusação mais grave, racismo com os povos nativo americanos. Aqui não consigo isentar a autora 100% porque eu realmente achei algumas cenas problemáticas, principalmente quando Samanta estava nervosa e se tornava desagradável tratando a todos como ?selvagens?, achei desrespeitoso. Casos como esse, podem ser um exemplo da representação de racismo estrutural, quando alguns esteriótipos são apresentados como verdade. Contudo, novamente trago que a história é fictícia, então os índios americanos poderiam falar português, alemão ou francês e serem loiros ou negros, o ponto não era ser realista e sim criar a história baseado no contexto daquele povo.
Enfim, depois de gastar um tempão falando das polemicas, vou finalmente falar sobre a história. A fantasia traz Samanta Oliveira, uma brasileira vítima de abuso doméstico que cansou da vida que levava e resolveu denunciar seu companheiro após ele agredi-la estando grávida. Essa triste realidade das mulheres do século XXI, levou Sam a deixar tudo para trás e quando fugia, acabou sendo tragada há pelo menos um século no passado em meio à guerra entre povos nativo americanos e os colonizadores. Sam logo encontra Raonnan, um indígena que a salva e leva para a xamã da tribo. Lá ela descobre que ao ser transportada ao passado, ela terá que escolher entre ficar e salvar seu bebê ou voltar a sua época e perder tudo. Desesperada ela fica e acaba casada com Raonnan ou Cavalo Alado, realizando uma profecia em que aparentemente ela é o personagem principal.
Perdida no passado, Sam agora é Espírito Branco ou Fantasma e casada com Cavalo tenta se adaptar a vida na tribo onde enfrenta resistência de alguns por ser do povo inimigo. No meio de rituais bem caricatos (inclusive Olhos Brancos me lembrava muito aquela xamã de irmão Urso da Disney) e de uma história bem morninha e comum de um romance de época fanfic, tudo vai se desenrolando. Não é uma obra prima, mas cumpre seu papel de distrair a mente e te fazer viajar por um universo diferente. Cavalo Alado é um personagem muito interessante, um homem forte, honesto e protetor, um símbolo do companheiro que todos procuram. Já Espírito Branco não me conquistou de cara, até uns 70% eu a achava bem insuportável, metida a sabe tudo e bem escrotinha quando achava que tinha razão. Mas por incrível que pareça, os dois juntos formaram um casal interessante e torci para que eles ficassem juntos. Inclusive, eles tinham uma vibe bem Edward e Bella de Crepúsculo, peguei várias referências na história.
Enfim, não leia esperando uma obra histórica ou aguardando uma grande distopia, mas é excelente para se distrair (até a hora que você lê as críticas e resolve falar sobre hahahaha) e, infelizmente, como eu tenho um problema gravíssimo de não conseguir abandonar uma série, irei continuar e ver onde toda essa história vai nos levar. O próximo vai contar sobre o antepassado de Cavalo Alado, Três Marcas, o protetor de Samanta, espero alguma evolução quanto aos pontos citados, veremos?