Meu corpo ainda quente

Meu corpo ainda quente Sheyla Smanioto




Resenhas - Meu corpo ainda quente


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Eulina.Cavalcanti 31/03/2021

Como a história da maioria das mulheres essa é contada de maneira diferente e bela.
A mulher que luta pra ser dona pelo menos do seu corpo.
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Toni 16/01/2021

Leitura 52 de 2020
Meu corpo ainda quente [2020]
Sheyla Smanioto (SP, 1990-)
Nós, 2020, 120 p.

Tudo em 'Meu corpo ainda quente' arde, do rubro das páginas ao solo sangrento da fictícia Vermelha, cidade onde a ditadura civil-militar brasileira regurgita vítimas. Um fogo que purga e recria o universo da narradora Jô, voz-abismo herdeira das fúrias que suam, sangram e lutam num mundo em que “mulher nenhuma tem o próprio Corpo” e é preciso esconder-se num canto de si cada vez que os homens roubam um pedaço de sua Alma. O romance é a jornada arquetípica dessa mulher em brasas, conto de fadas fantasmagórico de uma busca pela retomada do que é seu.

Associada à ditadura, a atmosfera do romance recende a violências que contaminam o imaginário, a vida social e as relações afetivas. Violência entorpecedora capaz de tolher vidas, sentidos e sonhos. Mas é também um espaço rapsódico no qual um mesmo conto parece se repetir, só que sempre com pequenas alterações que carregam mudanças inexoráveis. Cada “era uma vez” desta história reverbera, na verdade, futuros. Como cartas de um tarô, há certas frases que percorrem “Meu corpo ainda quente” e se repetem, embaralhadas, redesenhando destinos, ocultando respostas, acalentando enigmas, ensinando resiliência.

Na trilha dos espaços míticos da literatura, Vermelha nos faz pensar numa Comala, como se a cidade-fantasma de Pedro Páramo sempre houvesse sido o mundo de todas as mulheres. Aprisionada nesta (nossa) realidade onde ser mulher “é falar a verdade e sentir que está mentindo”, onde não é possível discernir “qual parte de uma Mãe é sua verdade e qual parte é sua vontade de sobreviver”, onde não existe escolha e a dor precisa ser encarada como uma bênção, Jô aprende a reescrever com o Corpo, o Sangue e a Alma palavras de um feminismo arcano transformador.

Como diz a narradora de ‘Mulheres empilhadas’, ‘Quando uma mulher morre sua história deve ser contada e recontada mil vezes’. O fogo que escreve ‘Meu corpo ainda quente’ tem o nome de cada mulher interrompida pelo patriarcado e, por isso mesmo, o livro de Smanioto nunca vai parar de arder.
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Pandora 22/04/2021

Segundo a própria autora, Meu corpo ainda quente é um conto de fadas distópico. Vi uma live com ela no B de Barbárie (YouTube) e fiquei encantada com sua lucidez, sua inteligência, seu entusiasmo e carisma. Queria muito ter gostado deste livro como gostei da autora, mas a forma narrativa de Smanioto não conversou comigo. Sinto-me até meio isolada na minha opinião, tendo sido um livro incrível para tantos, mas não deu pra mim.
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tarc.garces 26/01/2022

?Não tem demônio algum nesse Corpo, só eu?
História incrível de uma mulher que resolve lutar pra ser dona do próprio corpo.
Esse livro é mais sensorial, então por mais que não entenda palavra por palavra (por conta das metáforas) se permitir sentir e ser levade por essa história é a melhor experiência que se pode ter.
Muita reflexão lendo, e muitos arrepios com a força que esse livro tem. Os questionamentos que a Jo tem, fazem refletir também se você realmente conhece o próprio corpo.

Luta em forma de poesia.
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Giovanna.Gregorio 14/12/2020

Eu sou o demônio que possui meu próprio corpo.
Esse é um livro afiadíssimo, que perfura nosso corpo a cada palavra mas também um livro de cura, ele nos faz sangrar para lembrar que estamos vivos, na verdade, que estamos vivas.
A narrativa é o tempo atravessada pela loucura e pela morte, que são reivindicadas e assumidas no espaço-tempo uma vez que a vida de qualquer mulher no ocidente capitalista é pós apocalíptica e assombrada por esses dois substantivos femininos.
Não há nada em mim que eu não sinta que foi contaminado por essa leitura, o início é arrebatador e o que parece ser uma ficção muito distante se aproxima cada vez mais de nós até que nada parece ser tão real quanto esse livro. É se encontrar num lugar assombrado e aterrorizante mas que te entende e te conforta, o final é redentor, assim como nossas vivências deveriam ser.
Terminei há muitas horas e sinto meu corpo cada vez mais quente, cada vez mais meu.
Carla Maria 14/12/2020minha estante
Uau?




Bruna 24/04/2022

Um livro que sangra
Livro fortíssimo e marcante, ainda estou absorvendo tudo o que ele provoca: desde a identificação com a dor de ser mulher e temer o risco de ter seu corpo invadido e tomado a qualquer momento pelos homens, até a culpa, a raiva e a loucura tão bem mencionadas ao longo do livro.

Uma leitura que dói, e o projeto gráfico reforça esse peso, a toda hora lembrando o tom do sangue - também o nome da cidade ser Vermelha não foi à toa.

Pra mim, o texto da contracapa inicia de forma que resume bem: ?Quando você descobriu pela primeira vez que seu corpo não era seu??Reparem que não é uma pergunta: ?E SE você descobrisse??, e sim um ?QUANDO?. Partindo do princípio que infelizmente a grande maioria das mulheres já sentiu isso em algum momento da vida.

Para todas as mulheres que um dia já passaram por situações de abuso de alguma forma, é uma navalha na carne.

Pode provocar gatilhos, mas ainda assim recomendo fortemente a leitura.
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Bianca2282 29/12/2021

Escrita poética e profunda
Ainda atravessada pelas palavras e imagens fortes e muito originais dessa escritora que exala auto-conhecimento existencial por meio de uma prosa poeticamente perturbadora. Texto da orelha por Márcia Tiburi.
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asaquebrada 16/11/2021

esse livro é uma experiência. uma viagem onírica.
eu senti profundamente.
e não busquei explicações, apenas fui me abrindo mais e mais para aquelas palavras.
algumas vezes precisei ler em voz alta, recomendo.
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Eduardo Mendes 09/01/2022

Distopia feminista, subjetiva, poética e transformadora
“Era uma vez uma menina que vivia em um reino onde as mulheres não possuíam o próprio Corpo e aprendiam, desde pequenas, a se esconderem em um canto do Corpo pros homens poderem usar.”

Meu Corpo Ainda Quente foi uma das leituras mais difíceis e mais prazerosas de 2021. A obra de Sheyla Smanioto é poderosa e ainda reverbera na minha cabeça por diversos motivos, mas principalmente por trazer a realidade brutal vivida diariamente pelas mulheres brasileiras de uma forma poética, sensitiva e onírica.

O livro aborda a relação das mulheres com seu próprio corpo a partir da história da protagonista, Jo, que ao longo da trama experimenta e procura entender suas sensações, que passam por dor, fúria, desejo, prazer e revolta, que gradativamente se entranham na mente do leitor, graças à forma potente que a autora constrói a narrativa. A leitura não é fácil, e em certas partes ler em voz alta me ajudou a entender melhor a potência de cada frase.

Podemos chamar de uma distopia feminista, subjetiva, poética e transformadora. A mãe de Jo conta pra filha que ela mora num corpo emprestado, e nós passamos boa parte do tempo dentro da cabeça dessa mulher que não é dona do seu próprio corpo e que em certo momento começa questionar sua própria existência e confrontar uma realidade bastante dolorosa.

A protagonista mora em Vermelha, uma cidade fictícia onde corpos são desovados durante a época da ditadura militar. E neste processo de autodescoberta do próprio corpo, em meio à tanta violência e medo, Jo se percebe num dilema entre aprender a viver neste corpo emprestado ou tomar o próprio corpo pra si.

“Como eu vou saber que virei mulher, Mãe?”, “quando tomarem seu Corpo com um só olhar”. Trechos como esse te fazem refletir sobre os diversos tipos de violência física e psicológica que as mulheres sofrem diariamente. É uma incrível jornada que mistura fantasia e realidade, e se passa em apenas 122 páginas.

Me colocar dentro do corpo de Jo, me esconder com ela em algum canto enquanto seu corpo era usado foi um verdadeiro choque de realidade que eu não estava preparado.

site: https://jornadaliteraria.com.br/meu-corpo-ainda-quente/
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leilakelly 30/12/2020

De quem é o corpo que carrega sua alma?
Poético, triste, dolorido e doloroso. Forte e bonito. Leitura deliciosa. Mulheres: leiam!
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_ijaqline 24/11/2023

Ninguém consegue viver aos pedaços.
"você seria capaz de reconhecer o ganido do seu próprio coração? o ranger dos seus Ossos? você reconheceria seu próprio Corpo caído ao chão? saberia onde ele começa? onde termina? pra desaparecer um Corpo é preciso estar viva, eu sei, mas e pra não desaparecer? são necessárias quantas histórias? quantas histórias
pra minha vida
não ser esquecida?"
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Mari 09/12/2023

Poético
Um livro muito bem escrito e construído em uma estrutura incomum. É extremamente poético, mas não consegui me conectar profundamente, embora tenha me emocionado algumas vezes. Como é um texto desenvolvido através de metáforas, passei todo o tempo tentando decifrar sobre o que e quem era, a conexão com eventos reais, porque a referência está lá, embora não tão óbvia, e isso me fez adotar uma postura excessivamente racional, que não combina com a subjetividade e beleza do texto. Acho que ele as vezes se perde na própria poesia.
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Hello5ouza 08/03/2024

"Era uma vez uma menina que vivia em um reino onde as mulheres não possuíam o próprio Corpo, e aprendiam desde pequenas, a se esconderem em um canto do corpo pros homens poderem usar.
Nesse reino, a Morte escolhia suas vítimas entre os culpados. Se alguém morria, é porque devia ter feito algo, pelo menos era o que a Mãe dizia pra menina. Então a Mãe morre, a menina fica sozinha.
Pior ainda: a menina fica apenas com o seu Corpo, o bicho selvagem e perigoso que sua mãe lhe ensinou a temer"
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Thaísa 22/02/2023

Complexo
A escrita do livro parece uma catarse da autora... não sei se pude compreender toda a mensagem que Sheyla quis trazer, mas o livro é muito potente em algumas reflexões que inspira. Trata-se de uma cidade fictícia que parece bem algumas realidades que as mulheres vivem, o livro relata a relação de uma mulher com seu Corpo e com o legado de suas antepassadas. É uma obra importante na literatura feminista, o que me incomodou foi justamente o sentimento de que eu estava deixando algo passar, que não estava compreendendo o texto em sua completude. Ainda assim, a leitura rendeu bons quotes e reflexões.
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