Lucy 15/06/2022
Mais uma bomba com nota 4,5 na Amazon
"É autora de mais de 50 livros[...]" Diante do início de tal biografia, ficou mais do que óbvio o que eu já havia imaginado durante toda a minha leitura. Stephen King, mestre do terror, demorou cerca de meio século para escrever mais de 50 livros. Eu duvido muito que nossa nobre Janice tenha tantos anos e experiência quanto o rei. Sabe aquela frase, "a pressa é inimiga da perfeição"? Então... Aposto que ela lançou seus mais de 50 livros no Wattpad, feito às pressas, sem preocupação com narrativa, qualidade, coerência, originalidade, capricho ou qualquer qualidade almejada em bons livros. Inimigos no Altar é mais um livro que peguei pela nota alta na Amazon e me arrependo amargamente das horas lidas perdidas.
Nossa bela autora pareceu estar com um checklist aberto ao lado do Word enquanto escrevia essa história. Todos os clichês possíveis envolvendo casamento arranjado e inimigos-para-amantes estão aqui. Para que tentar (pelo menos) ser original se você pode copiar tudo que já deu certo antes, não é? Entretanto, o problema não é só copiar/colar as mesmas tramas e arquétipos utilizados milhares de vezes, mas também saber transpor isso no papel.
1º ponto é que a trama é óbvia e manjada (para não usar "clichê" o tempo todo, mas ele é um completo clichê. Saiba disso); 2º ponto, tudo é extremamente raso; e 3º ponto, nada é natural ou maduro.
O casal é obrigado a se casar por causa de uma condição em um testamento. Zach é muito mais velho que Clara (apesar de parecerem ter cerca de 16 anos de idade), e eles foram meios-irmãos, já que os pais de ambos se casaram. Me incomoda o fato dele ter conhecido Clara quando ela ainda era criança e não demorar para ele querer fazer sexo com ela, mas isso foi implicância minha. O ponto é que eles se odeiam de graça (no caso, ele a odeia por algo que não é do controle dela) e em pouquíssimo tempo já se importam demais um com o outro. Não há qualquer momento que os conecte e que prove o amor deles. Não existe desenvolvimento de personagem. Todos são profundos quanto um pires. O pai era um maldito abusivo, drogado, estuprador, o mal incarnado. A amiga é uma vaca que quer envenenar a relação tão """sólida""" dos dois. Ele é um solteirão convicto muito gostoso e pegador. Ela é a pobre menina sofredora. Tirando que ela às vezes parece sofrer de bipolaridade, pois em um momento está correndo e chorando pensando na morte da mãe. No segundo seguinte (literalmente), ela está falando "Vamos foder, Zach?" Aliás, os diálogos são sofríveis. Nada mais natural do que uma frase como a já citada e muitas outras presentes nesse lindo e-book. Os diálogos parecem ter saído da mente de uma senhora pervertida, como a infame E.L. James e a própria Janice (que não é mais nenhuma mocinha), ou de um filme pornô. Ela intercala palavras extremamente chulas (mesmo para mim, já acostumada com p*taria em livros eróticos) com palavras que ela claramente buscou no site Sinônimos para parecer mais culta. É perfeitamente desproporcional. A trama toda tem ares novelescos e eu odeio novela. A autora também coloca a protagonista em situações de total desolação, com ela até mesmo se automutilando. Mas se você acha que isso será aprofundado ou terá qualquer relevância na história, você é muito ingênuo.