The Necklace and Other Stories: Maupassant for Modern Times (English Edition)

The Necklace and Other Stories: Maupassant for Modern Times (English Edition) Guy de Maupassant




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Rolando.S.Medeiros 09/06/2022

O Colar de Diamantes - Guy de Maupassant

Relido em 2022.

Vejo frequentemente certos autores baterem na tecla que deve-se, a princípio, ler não os grandes escritores, mas sim, aqueles que — além de clássicos — são também grandes compositores, escultores, carpinteiros em matéria de literatura; aqueles que, de certo modo, nos permitem observar e apreciar a forma e esqueleto narrativo; vislumbra-se um pouco da criação literária, que ao contrário do pensamento popular, tem pouco de psicografia artística, e mais de transpiração laboriosa. Há uma razão clara — e principalmente, técnica — que percebe-se em relação ao todo, que demonstra o motivo desta história ser lida em Escolas pelo mundo anglófono à fora.

Inveja, ironia, desejo, materialismo, são muitas as veredas com que pode-se desbravar e expandir o que foi suscitado e/ou escancarado pelo autor numa aula, além de ágil para os alunos; Maupassant não se atém em longas descrições, ele lhe pega pela mão e mostra onde acelera, e onde desacelera, suprindo cada necessidade, induzindo ritmo e descrição na narração; a exemplo, as dezenas de anos que se passam em poucas páginas, ou os primeiros parágrafos que lhe inserem na França de Madame Bovary e na pisque da Mathilde (personagem central do conto) logo no início da leitura; aliás, Maupassant foi um valoroso aprendiz do próprio Flaubert.

Em questão de temática, apesar de a protagonista ser mulher, o questionamento e discussão a ser levantada após a leitura do conto é universal, e talvez por isso perdure tanto: fala, principalmente, sobre pessoas que derramam a sua energia vital, frustram-se, preocupam-se, cansam-se, e fazem de tudo para acumular riqueza e/ou impressionar os outros. Por ser tão bonita quanto, ou até mais, que as outras abastadas Mademoiselles, Mathilde julga-se melhor e acima da situação atual dela e de seu marido, julga-se condenada a um destanare cruel; vive de preços, e não de valores; e, por isso, condena a si mesma e perde o bem mais precioso de todos, o tempo, a troco de nada.

O final, irônico, não chega a ser triste, é um ''bem que ela mereceu'', mas insinua mudança. O que te faz pensar, no entanto, após terminar o conto, é que há aí pelo mundo uma quantidade imensa de Mathildes, e pior, que nunca cometeram ou cometerão os mesmos erros da protagonista, ou seja, permanecerão a viver do mesmo modo que a Mathilde pré-colar por indefinidos tempos, na luxuria barata e nas fantasias quixotescas, até que o tempo, enfim, bata a porta; ou pior, que passe direto, como o destino, sempre implacável.

(Já havia lido outro conto do Maupassant, e a diferença, não de qualidade, e sim de tema e estilo, é brutal, era uma história de loucura-comédia-fantasmas, sobre móveis que, para o terror do protagonista, espanto dos que ouviam o relato, e comicidade dos leitores, saíam da casa andando e quicando se tivessem pernas, como as mesas e as cadeiras, ou se arrastando, como o sofá e outros móveis...)


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