A vida secreta de uma mãe caótica

A vida secreta de uma mãe caótica Fiona Neill




Resenhas - A vida secreta de uma mãe caótica


10 encontrados | exibindo 1 a 10


Andreia Santana 11/12/2010

Mães à beira de um ataque de nervos
A culpa é a planta trepadeira da maternidade. As duas são tão inexoravelmente interligadas que é difícil saber onde termina uma e começa a outra.

Quem pensa que mãe e sedução são palavras incompatíveis no dicionário é bom rever os conceitos. A maternidade contemporânea vista sob a perspectiva da escritora britânica Fiona Neill abre espaço para a sexualidade e o desejo em meio a fraldas e mamadeiras. Inspirada em uma coluna que mantém no jornal The Times, na Inglaterra, a autora une em A vida secreta de uma mãe caótica - Ed. Record - elementos de comédia romântica e reflexões sobre o ser mãe versus o ser mulher nos tempos modernos. E nos apresenta Lucy, uma divertida anti-heroína que tenta dar conta do marido, três filhos, tarefas domésticas, vida social, dramas familiares e ainda arranja tempo para cair em tentação e se apaixonar por um pai da escola das crianças.

Lucy não é perfeita como mocinha de novela. É confusa, carente, culpada, fuma feito uma chaminé, se acha quilos acima do peso e consegue pagar tantos micos quanto a conterrânea Bridget Jones. Com a diferença de uma ser dona de casa - mãe em tempo integral no linguajar político-corretês - e a outra uma profissional liberal, as duas personagens muito se assemelham. Essa familiaridade da história de Fiona Neill com a rainha das anti-heroínas criada por Helen Fielding nos idos da década de 90 e responsável pelo boom do Chick Lit (literatura feminina moderna), dá um grande conforto ao leitor. É como pisar em caminho conhecido, mas não necessariamente igual.

Fiona Neill tem suas cartas na manga para não ficar à sombra de uma mera imitação. Lucy é inspirada em dezenas de mães que escrevem semanalmente para a coluna de conselho doméstico e sentimental que a autora mantém no jornal de maior prestigio da Inglaterra. A protagonista é um pouco autobiográfica também. Fiona Neill tem três filhos e conhece bem os sentimentos conflitantes das mães atuais, eternamente divididas entre dar tudo de si na educação das crianças e não perder espaço no competitivo mercado de trabalho. Além, claro, de arranjar tempo para aparecer sempre linda, cheirosa e depilada. É esse avatar de super mulher bem resolvida e capaz de dar conta de multitarefas que as capas das revistas vendem, mas a realidade pulsa anos luz de distância. Os terapeutas que o digam...

Psicologia e humor - Em comum com O diário de Bridget Jones e não tem como ser diferente porque Helen Fielding fez escola A vida secreta de uma mãe caótica possui a narrativa em primeira pessoa e a construção psicológica da personagem principal. Lucy é tão divertida e atrapalhada quanto a solteirona balzaca Bridget, porque encarna o estereótipo de todos os nossos defeitos e virtudes femininas (melhor dizendo, humanas). Além disso, também vive um dilema bridgetiano: deve escolher ficar com o sujeito certinho e meio previsível (o marido Tom) ou jogar-se numa aventura com o charmoso pai dos coleguinhas de seus filhos no ensino fundamental? Sentindo-se engolfar pela rotina doméstica entediante, a aventura - e o adultério que vem de brinde - assemelha-se a uma ilha de prazeres proibidos e secretos que revelariam a verdadeira Lucy, uma jovem radiante e cheia de projetos antes do casamento. Haja força de vontade para não deixar-se levar. Mas será que Lucy é forte o bastante? Ou será que vale a pena sacrificar a cumplicidade adquirida por uma vida em comum com o marido apenas pelo sabor da aventura?

As torturas psicológicas da personagem são tratadas com muita graça pela autora. Queremos ver Lucy se debater no seu dilema trair ou não trair o marido? Eis a questão, porque quanto mais ela se sente culpada, mais confusa fica e mais divertido é o desenrolar da história. A autora também brinca com os conceitos de fidelidade e decoro impostos pela nossa construção social e com a moral apregoada pela religião, sem no entanto subverter ou tecer juízos de valor. Deixa a critério de cada um tomar a defesa ou jogar pedras em Lucy.

Brincando com estereótipos Mordaz e irônica a fleuma britânica atuando em favor da condução narrativa a personagem é carismática porque encarna dramas da vida cotidiana e ordinária, mas é também muito irritante. Por mais que as leitoras se reconheçam em alguma situação vivida pela protagonista, ninguém gosta de assumir-se passivo diante da vida. No fundo, torcemos para que ela organize não apenas a bagunça na cozinha, mas sobretudo na própria cabeça. A redenção de Lucy é o passaporte para manter o status quo de mulheres modernas e pseudo bem-resolvidas. Se ela fracassar, o ideal de mulher maravilha desaba junto.

A intenção da obra é usar lentes de aumento para acentuar e fazer piada, de forma inteligente e perspicaz, com os defeitos humanos. O livro está cheio de estereótipos impagáveis - mas nem por isso preconceituosos -, como a classificação que Lucy faz mentalmente das mães e pais da escola primária: a mãe alfa é a super competitiva que, uma vez fora do mercado por conta das obrigações maternas, transforma a própria casa em sucursal de multinacional, estabelecendo regras marciais para as crianças; a mãe gostosa número um é a rata de academia e de salão de beleza, com cartão de crédito ilimitado e batalhões de empregados para cuidar das crianças enquanto ela retoca a maquiagem; já as mães caóticas, como Lucy, são as mortais comuns que não tem nem disciplina e nem conta bancária para pertencer às duas categorias anteriores. No meio desse mulherio almodoviano (à beira de um ataque de nervos), está o pai sexualmente domesticado, aparentemente bem casado e dedicado.

No fim das contas, trata-se de uma obra de autodescoberta, mas ao invés de descambar para o dramalhão ou a autoajuda, a autora segue o caminho do escracho e revela-se uma sagaz observadora do comportamento humano, principalmente feminino, diante de tantas exigências e papeis ainda rigidamente demarcados no jogo afetivo e social.

*O texto da resenha também foi publicado no Caderno 2+, do jornal A TARDE, neste sábado, 11/12/2010.
Ana Claudia Car 02/12/2014minha estante
Divertido, inteligente e honesto.




Dani 19/10/2020

Eu esperava mais...
A leitura é leve, flui bem, mas não atendeu minhas expectativas.
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Carol Portela 21/11/2013

Ótimo tema, mas história não engata
A história desse livro é bastante arrastada. É uma pena, porque a autora escreve bem, tem algumas cenas engraçadas, mas de um modo geral a história é bastante lenta. Não acontece nenhuma reviravolta, e apenas no final do livro - depois da página 300 - as coisas ficam um pouco mais emocionantes. Pensei em abandonar várias vezes.
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SARITA 05/07/2012

Um ótimo título, com um tema muito bom para ser desenvolvido.

Esta é a história de Lucy que tem três filhos, um marido e nenhum talento para ser ou parecer uma mãe perfeita. O cenário é realista, em meio a dramas caseiros para lá de entediantes. Nada acontece de surreal obviamente, até porque o contexto não é favorável para "frissons".

Há visivelmente a discussão de como culpa e maternidade andam atreladas, também há o dilema de Lucy sobre pôr em prática ou não o adultério.

Não há muito para contar desse livro, até porque Lucy está muito ocupada reclamando da vida e fazendo observações e observações e observações sobre sua condição de mãe - O que, digamos, não é lá muito interessante.

Recomendo para passar o tempo, dou 3 estrelinhas porque até me peguei querendo ler o livro depois que passou da página 300. Antes disso, pensei em largá-lo muitas vezes.

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Carous 06/01/2018

Se Lucy fosse organizada, eliminaria metade de seus problemas
É engraçado porque sempre que lembrava que ainda restavam páginas para ler desse livro, eu revirava os olhos porque achava a leitura entediante. Porém, não me sentia assim quando estava com ele em mãos, embora só conseguisse ler um número exato de páginas por dia até que minha paciência com os personagens chegasse ao limite.

Nenhum personagem caiu nas minhas graças. As amigas de Lucy eram umas egoístas que eu tinha vontade de socar o nariz, o irmão dela, Mark, é um mala mulherengo (Deus, por que esse tipo de homem é obrigatório em livros?) que cismava que conhecia a irmã melhor do que ela mesma e sempre que Lucy mostrava-se diferente do que ele imaginou, ele não aceitava. O Tom, seu marido, eu relevei por muito tempo. No fundo, simpatizava com ele por morar com uma mulher tão bagunceira, mas eis que ele também se mostrou um mala e um parceiro que poderia apoiar mais a esposa e cuidar dos próprios filhos.

Eu lamentei a oportunidade que Fiona perdeu quando inseriu os outros tipos de mães, como a Mãe Gostosa Nº1 - que possui uma equipe de funcionários para ajudá-la na administração da casa e da educação dos filhos, além de ser rica -, a Mãe Alfa - a supermãe que é também uma deusa doméstica -, a mãe e sogra de Lucy - mulheres de outra geração, com ideias diferentes - de mostrar como elas se diferenciam no modo de vida, mas se igualam por serem mulheres com filhos cuja sociedade espera uma coisa e cada uma a sua maneira tenta cumprir. Ao invés disso, Fiona resolveu apelar para a caricatura.

Eu juro que tentei defender a Lucy porque consigo enxergar a diferença entre a paternidade e a maternidade: culpa. O pai moderno pode dividir as responsabilidades da criação dos filhos, pode ser dono de casa, mas os homens nunca trarão consigo a culpa que está entranhada na maternidade mesmo que você esteja fazendo tudo o que segue a cartilha de boa mãe. Até que me dei conta que a dificuldade da personagem em equilibrar filhos, casamento, sexo, vida social e cuidados com o lar estava no fato dela ser tão desorganizada que beirava a falta de higiene. E eu me vi não conseguindo defender uma pessoa porca.

Como carta na manga, Fiona montou Lucy através de cartas de mães que ela recebe na sua coluna do jornal, mas eu realmente me pergunto se alguma das situações constrangedoras em que a personagem se meteu são verídicas. A maioria parecia tão previsível e sem graça que eu me perguntava porque as outras pessoas faziam tão burburinho.

E os flertes só me mostravam que homem é capaz de encarar qualquer coisa quando está com tesão. Até uma mãe bagunceira e levemente sem higiene.

Estava pronta para dar 2 estrelinhas a este livro, até que Fiona Neill finalmente resolveu dar uma agitada na história nas páginas finais do livro e tive que reavaliar minha impressão de A vida secreta de uma mãe caótica.
O livro iria se beneficiar tremendamente se tivesse perdido umas 200 páginas (das quase 500 que tinha) completamente inúteis.



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Priscilla 12/02/2018

chato, imaturo
Nas primeiras páginas já entendi tudo. Chato e cheio de lugares comuns. Há muitos livros ótimos que caracterizam a mulher de uma forma mais interessante e divertida.
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Biahhy 18/09/2018

Um livro diferente e uma visão da maternidade
A vida secreta de uma mãe caótica foi um livro que conheci e descobri por acaso quando estava procurando livros com uma visão da maternidade como um todo e me deparei com esse livro, no inicio a leitura estava um pouco lenta as depois que você entende a historia, todos os personagens dela se torna cada vez mais hilaria.





Lucy é mãe de três meninos, casada com Tom a alguns anos e considerada uma das mães desastrada da escola, parece que as coisas na sua vida sempre saem errado, desde o momento para acordar, arrumar os meninos, sair com as roupas do marido, esquecer de por gasolina a sua vida conjugal. Isso ao invés de melhorar, apenas piora em um ponto preocupante mas que não deixa de ser hilario e caótico.









Ate esse caos piorar quando Lucy se vê atraída por um dos pais da escola e do circulo a quem ela define de Pai sexy domesticado, essa relação dos dois aumenta cada vez mais e a vida de Lucy antes caótica se torna secreta e enlouquecida. Entre a vida de tentar ser uma mãe dedicada e boa esposa, e seus desejos secretos e a vida a fora na escola, com as amigas e suas ambições.







A historia cada vez mais chega em ponto que você se pergunta o que vai acontecer agora, como Lucy ira reagir nessa situação, tem capítulos hilários, outros que você fica preocupada com as decisões da personagem isso tudo desconstruindo a maternidade perfeita, a romantização dela da melhor forma possível, sem deixar de quebrar tabus, preconceitos e principalmente visões contrarias a tudo.









Eu não sou mãe e não posso falar sobre muitas coisas a respeito disso, mas convivo com mães e seus dilemas e ver isso tudo retratado da maneira mais simples e ao mesmo tempo tao verdadeira nesse livro, faz ele se torna muito, muito interessante por mais que você não concorde com muita das coisas, das ações da personagem e ate mesmo nem simpatize com ela em todos os momentos como aconteceu comigo.





Mas tirar essas lições como reflexão da questão da mulher quando vira mãe e abandona a carreira, das amizades, dos flertes, da vida secreta de cada um, dos dias caóticos e da própria maternidade em si.
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Gabriella.Anderson 08/10/2021

Não perca seu tempo
Poderia ter sido uma ótimo livro com uma história até bem interessante. No entanto o que se vê, é uma mãe caótica, envolvida em um encontro de pais na escola dos filhos. Lá ela flerta com um dos pais. Mas a história não engata, fica chata do início ao fim. Nada acontece e o final é ridículo.
Não gostei.
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Adri 11/10/2022

Nem tão caótica assim...
Incrível como um livro que estava a anos na minha pilha de leituras pode ter se tornado um dos melhores que li..!!!
Talvez por tantas resenhas negativas, eu não havia dado uma chance a ele.
... mas amei, achei incrível, criativo e engraçado. Me identifiquei demais com cada situação, ri muito, adorei o ritmo e até mesmo o final.
Não acho, sinceramente, que para
ser bom é necessário que seja explícito e demasiado malicioso, as vezes a graça e o valor está no querer...no sonhar, é disso que o livro trata.
Uma ótima reflexão sobre o que se torna importante quando se atinge a meia idade, principalmente para quem é mãe em tempo integral.
Recomendo.
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