Corrida Literária 24/01/2023
Fome de afeto
No apartamento 202, de uma cidade qualquer, vive uma família que enfrenta várias dificuldades entre elas a fome. Nada se fazia , ou se tinha para comer ali. Salvo, quando os vizinhos ajudavam com doações de ovos, ou o pai com as filhas conseguiam almoçar fiado no restaurante de um amigo. Mas havia, também, a fome do afeto.
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O apartamento era sujo, havia caixas espalhadas por todos os cômodos, o sol mal conseguia entrar no apartamento, imagine as pessoas. Roupas sujas guardadas nas gavetas, mofos, azulejos amarelados, paredes encardidas, poeiras, gorduras e baratas, faziam parte do cenário diário, dessa família disfuncional.
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Para Abigail a solidão tinha sabor era amargo, ela quem mais ficava dentro de casa, convivendo com seu pai acumulador (de coisas e de sentimentos). Ele quase morto de tão vazio de vida. Ela cheia, de medos e ausências.
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Abigail, precisava lidar com o vazio da existência, do corpo, do ser e do ter. Enquanto Berta, ignorava tudo e se distanciava; vivia na casa das amigas em especial de Mariana, onde foi praticamente adotada.
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Abigail vivência toda a passagem de menina para mulher , sozinha. Enquanto adolescente, mergulhou em cada experiência que a adolescência pode oferecer, inclusive as dolorosas.
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Uma família que subexiste o caos físico, emocional , metafórico e existencial e a sua maneira tentam viver em família.
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Um livro rugoso e incomodativo.
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