Resenhas - La luz negra

Victoria.Olzany 21/11/2023

A narradora vai trabalhar com Enriqueta, uma das maiores autoridades em autenticação de pinturas da Argentina. Apesar da diferença de idade, surge uma amizade forte entre as duas, e, assim Enriqueta começa a compartilhar informações sobre seu passado, dentre elas, como se iniciou no mercado de falsificações.
Enriqueta fez parte de um esquema que autenticava cópias de quadros de grandes pintores, sempre de uma perspectiva rebelde ("lucrar" com a falta de conhecimento dos ricos colecionadores). Figura central (e polêmica) nesse esquema é a pintora chamada Negra, que se especializou em falsificar quadros de Mariette Lydis, e que fazia parte de um grupo de artistas que habitava o Hotel Melancólico.
Após a morte de Enriqueta, a narradora entra nesse esquema de falsificações, e começa uma investigação sobre a Negra (nunca mais vista, e agora em idade avançada), com o objetivo de escrever um livro sobre ela. A obra se desenvolve com base nessa investigação, que, em seu decorrer, se mostra infrutífera.
A narradora passa então a se questionar sobre os motivos que a levaram a essa pesquisa, e chega à conclusão de que o que realmente buscava era manter o diálogo com a amiga morta - "(...) um dia aqueles que mais amamos desaparecem e depois apercebemo-nos de que a conversa ficou interrompida."
Achei o livro divertido! Tem esse clima de investigação, meio policial; um formato por vezes lúdico (o catálogo de um leilão organizado pela narradora com obras falsas na íntegra, e partes de inquéritos policiais levantados durante sua pesquisa); muitas referência à arte argentina e à cidade de Buenos Aires; um mergulho no mundo desconhecido e obscuro das falsificações.

- "Há dois tipos de mulheres, todas elas despenteadas: as de olhos que brilham e as de olhos que se apagam."
- "Escrevemos para nos auscultarmos, para entendermos o que temos dentro de nós."