Chu 03/12/2022
Gosto muito da escrita de bell hooks: ela consegue ser extremamente didática e faz uso de uma linguagem tranquila e, ao mesmo tempo, discute temas de grande profundidade. Nesse livro, ela se propõe a construir uma nova ética amorosa, repensando a noção de amor que muitas vezes nos parece já tão estabelecida. Ela parte das ideias clichês de amor bastante pertinentes ao capitalismo -como a de que é um sentimento arrebatador e incontrolável, cujo auge se encontra na relação romântica e na estruturação de uma família tradicional - de maneira a questioná-las, propondo nova definição.
Para bell hooks, amor e abuso jamais coexistem, o que nos ajuda a desmistificar as relações abusivas. O amor é então associado à ideia de nutrição: crescer espiritualmente e ajudar o outro a crescer também. Segundo a sua abordagem, poucos de nós têm a experiência de amar verdadeiramente, confundindo o amor com outros sentimentos.
O livro se organiza então em 13 temas: clareza, justiça, honestidade, compromisso, espiritualidade, valores, ganância, comunidade, reciprocidade, romance, perda, cura e destino. A partir dessas palavras-chave ela desenvolve os capítulos. E todos eles parecem apontar pra ideia de que o capitalismo nos impede de construir verdadeiros laços de amor e afeto. É preciso pensar em formas alternativas, que se respaldariam também em outros modos de vida.
Enfim, é um livro interessante, e sobretudo porque nos faz questionar algo que já é tão martelado na nossa cabeça pela cultura ocidental que muitas vezes nem consideramos ser questionável... E se o conceito de amar fosse outro?