Ley 14/05/2021Um livro para matar a saudade e finalmente conhecer melhor FelicityeMeu primeiro contato com a escrita da autora Mackenzee Lee foi com o livro O Guia do Cavalheiro Para o Vício e a Virtude, que antecipa a história deste livro. Ele conta a história de Monty, Percy e Felicity em uma viagem cheia de aventura, ainda com o desenrolar de um romance LGBTQ+ super cativante.
Depois desse primeiro contato, ler o próximo livro era um desejo veemente. O Guia da Donzela Para Anáguas e Pirataria é como uma continuação do livro anterior, porém este conta a história de Felicity, irmã de Monty. Ela sempre foi uma personagem que me despertou curiosidade. Seus desejos são fora do aceitável para a época em que vive, século XVIII, sempre buscando reconhecimento por suas próprias conquistas.
O primeiro ponto que se destaca no livro de Felicity é seu desejo por ser médica em uma sociedade em que isso é inaceitável. Acabei simpatizando com a personagem e torcendo para que tudo desse certo para ela. Felicity é uma moça independente e de personalidade forte, mas que ainda tinha muito o que desenvolver.
Apesar de entender suas lutas, haviam pensamentos dela que eu não concordava e estava torcendo para que isso fosse desenvolvido na história. O livro também segue um rumo um tanto parecido com o anterior, por se tratar de uma história com aventuras, dessa vez tendo uma protagonista feminina.
Em uma primeira visão sobre a obra, imaginei que a protagonista fosse viver suas aventuras sozinha, mas é bem mais que isso. Novos personagens são apresentados ao leitor, inclusive amizades que a personagem irá cultivar ao longo da trama. Essas amizades são um ponto forte da leitura, a meu ver. É através delas que Felicity irá expandir ainda mais seus horizontes.
O romance, um dos pontos que me atraíram no volume anterior, não é algo que se destaca aqui, mas outros assuntos são tratados de maneira excelente. A autora adiciona representatividade na leitura algo que eu adorei. Felicity é uma personagem assexual arromantica, ou seja, que não sente atração sexual ou romântica.
Tratar de sexualidade em uma época onde isso era tão abominado, torna a leitura ainda melhor. A sexualidade da personagem não é nomeada no livro, mas a autora desenvolve o assunto por meio de contextos vividos por ela. A leitura, para mim, foi construtiva de diversas maneiras, ainda mais com o toque de nostalgia do livro anterior.
Percy e Monty aparecem bastante na leitura, com ênfase no estado atual de ambos. Como a época não integrava pessoas LGBTQ+ na sociedade, o relacionamento deles ainda é discreto e suas oportunidades são escassas. Esse tópico é trabalhado na leitura, porém a situação é retratada pela visão de Felicity, narradora deste livro.
A obra continua com uma escrita deliciosa, tendo uma ficção histórica com elementos ficcionais misturados aos assuntos urgentes desenvolvidos. A mesclagem de várias questões, sendo elas faladas de maneira simples, são ótimas para assimilar, e recomendo a leitura para quem adora aventuras e busca um livro com empoderamento feminino. Por enquanto o livro foi lançado apenas em formato ebook, mas torço para que tenha uma edição impressa para pôr juntinho do primeiro volume na minha estante.
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https://www.imersaoliteraria.com.br/2021/03/resenha-o-guia-da-donzela-para-anaguas.html