CALINE 07/03/2021Apenas perfeitoQueria poder voltar no tempo para viver todas as emoções de estar descobrindo essa história pela primeira vez.
A casa holandesa é sem dúvida um dos melhores livros que eu já li na minha vida, mas já aviso que não é um livro que vai agradar a todos.
Comecei esse livro sabendo muito pouco da sua história, preferi que fosse assim para poder fugir de qualquer spoiler que pudesse atrapalhar a experiência. O que eu sabia era que muitas pessoas tinham achado a narrativa arrastada e que era um drama familiar com uma casa holandesa de plano de fundo.
Com um pé atrás iniciei a leitura e fiquei imersa na história desde a primeira página. Para mim não existiu narrativa arrastada e não existiram momentos monótonos, o que eu encontrei foi uma história muito bem construída, que acompanhou uma família ao longo de vários anos e que foi extremamente envolvente.
Demorei a terminar esse livro não porque a leitura não me agradou, mas porque eu fiquei tão apaixonada que eu não queria que o livro acabasse. Queria ler devagar para curtir cada momento, para entender a construção de cada personagem e para poder sentir tudo. A relação de Maeve e Danny é rica, profunda, cheia de significados, com muitas camadas e muito bonita. Eles tinham apenas um ao outro mesmo quando pai ainda estava vivo e o laço entre eles se tornou ainda mais forte quando foram expulsos da casa pela madrasta.
Algumas pessoas podem achar que o Danny era controlado pela Maeve, mas o que eu vi foi um garoto que cresceu sem a mãe e que encontrou na irmã a figura materna. Ele a amava como irmã e a amava ainda mais como uma mãe. Acredito que ele tenha optado pelo sim em tudo que Maeve pedia porque ela abriu mão de muitas coisas da vida dela para poder cuidar dele, eles eram a família um do outro. Ficar ao lado de Maeve e muitas vezes deixar de lado o que ele desejava pelo que ela queria era a sua forma de reconhecer todo sacrifício e dedicação da irmã. Ele poderia ter colocado o pé na parede algumas vezes? Poderia. Mas Maeve era uma força da natureza e era bem difícil conseguir tirar uma ideia de sua cabeça.
O retorno da mãe me deixou sem chão. Eu entendi a forma como a Maeve reagiu a isso, e entendi muito mais a forma como o Danny reagiu a isso. Maeve era a mãe de Danny, Elna era a mãe de Maeve, era assim que ele via as coisas. Elna foi embora sem se despedir, sem olhar para trás e mesmo que ela não tenha deixado os filhos sozinhos e tenha ido em busca de uma causa humanitária que lhe realizava como pessoa, ela os abandonou e voltou da mesma forma: do nada.
O fim de Andrea foi bem triste e solitário, mas eu desejava que ela estivesse em sã consciência para saber que aqueles dois que ela rejeitou se tornaram adultos fortes e conseguiram vencer sozinhos tendo apenas um ao outro como apoio (o que foi mais do que suficiente).
A única coisa que realmente me incomodou foi não saber do que a Maeve morreu. Fiquei com a sensação que todo rancor guardado durante anos pelo que Andrea fez a eles contribui para isso, além é claro da dor de ter sido abandonada pela mãe. Ah, não podemos esquecer também que ver a mãe voltando para a casa holandesa (que por tantas vezes ela justificou como sendo a causa da sua partida) para cuidar da madrasta (que expulsou ela e o irmão da casa) deve ter sido muito doloroso. Doloroso demais.
A Casa Holandesa é apenas perfeito em tudo que se propôs a ser e eu jamais conseguiria colocar aqui como eu me apaixonei a cada página, a cada ida e volta confusa na linha temporal, a cada visita de Maeve e Danny a casa. O final foi tudo e deixou um gosto de tristeza por quem merecia estar lá e não estava.