spoiler visualizarMaria Faria 27/12/2020
Anjo do Natal
Um hábito que adotei foi o de ler contos sobre o Natal e o ano novo, pouco antes destas datas ou até mesmo no dia. O conto de Natal escolhido foi A Cor do Natal de Hellen G. Ricks, publicado em 1916 por um periódico de editoria negra (The Crisis). O conto é centralizado em dois meninos negros abandonados, basicamente, crianças de rua. O mais velho, Bits, está doente, internado em um hospital e o outro, Pep, precisa vender todos os jornais disponíveis para sobreviver e levar laranjas para Bits. Pep encontra uma moça, que numa atitude nobre, compra todos os jornais e se dispõe a ajudá-los. É um conto de bondade e esperança, mas os contos têm muito dos olhos de quem os lê. Embora escrito em 1916, A Cor do Natal me fez viajar para 2020 e pensar intimamente sobre a principal ajuda que a moça ofereceu: o acolhimento em um lar social para os dois irmãos. Quanto de ruim já lemos sobre os abrigos antigos? Essas crianças teriam encontrado mesmo o "Anjo do Natal"? O Natal é mesmo a época em que todos ficam iguais? Chamou minha atenção também a capa: um velhinho de vermelho (Papai Noel?) toca um instrumento para diversas crianças. Seus olhos estão vendados por uma tarja preta, pois assim não verá cor ou condição de quem o ouve, trazendo a mensagem de universalidade do espírito do Natal. Entretanto, observando a imagem colorida, é perceptível que apenas crianças brancas o ouvem.