Resenhas - Os Bolcheviques

Almir 04/09/2022

Ler este livro exige, especialmente do leitor marxista-leninista, uma boa dose de senso crítico.
A princípio, funciona como uma boa contextualização do período anterior às revoluções russas, os diversos movimentos políticos que surgiram e seus protagonistas.
Seria de estranhar ao leitor comum a grande indulgência que o autor liberal se refere a Lênin durante toda a obra (talvez com exceção do período pós-guerra civil). No entanto, o autor crítico e com conhecimento de causa entenderá a estratégia utilizada: era preciso mostrar um Lênin heróico e capaz para contrapor a um Stalin apagado em quase toda obra, a não ser nas diversas comparações depreciativas com o próprio Lênin.
Esta estratégia foi muito presente do meio para o final da guerra fria (o livro foi escrito em 1976), quando era comum liberais afirmarem que Stalin era o destruidor do legado supostamente puro e precioso de Lênin, justificando assim vários ataques à memória do estatista soviético que salvou o mundo do nazi-fascismo.
A mesma estratégia alegada por ninguém menos que Mikhail Gorbachev. recentemente morto, e que justificou a perestroika e a glasnost como tentativas de voltar à era leninista, contra os supostos desvios de conduta dos seus sucessores (especialmente, é claro, Stalin).
Enfim, ignorando-se esta estratégia do autor, é possível extrair bastante conhecimento do período pré-soviético, sendo assim recomendado a leitura (crítica) por parte dos marxistas-leninistas.