Mata-mata

Mata-mata Zé Wellington




Resenhas - Mata-mata


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Paulo 25/06/2023

Este é mais um trabalho do Zé Wellington, um autor que conheci através de seus roteiros de quadrinhos e que tem buscado publicar no formato de prosa. Mata-Mata é um material que saiu juntamente com a coletânea Assombros. O autor traz sua experiência nos quadrinhos para um romance que é bem diferente do que estamos acostumados a ler. Uma produção que mesmo tendo um direcionamento simples, possui uma proposta bem legal, nos transportando para diferentes tipos de meio e forma de contar uma história. O resultado é uma HQ instigante que nos leva até o sertão do Ceará onde uma família de assassinos vai realizar um verdadeiro mata-mata quando a recompensa premia o único da família que restar. Por trás de tudo está uma família que se mantém por décadas no poder e deseja apenas se livrar de uma família que, apesar de antes terem sido as ferramentas pelas quais eles se mantiveram no poder, terem se tornado uma pedra no sapato.


Mesmo com Mata-Mata sendo um romance bem curtinho e que o leitor consegue matar em uma ou duas sentadas, parabenizo o Zé Wellington pela ousadia na forma como ele conta a história. E a gente pode analisar a narrativa a partir de vários ângulos, seja a partir do projeto editorial, da forma de escrita, do desenvolvimento da narrativa e do resultado final. Nem quero entrar tanto no mérito de falar da história com tantos detalhes porque posso estragar a experiência. Então vou inverter as coisas e começar falando sobre personagens e narrativa primeiro e depois sobre o processo de escrita. A narrativa em si é bem direta: somos guiados inicialmente pela história do clã Tainha, que, não tendo estudos, se tornam especialistas em assassinato. Almir, o patriarca da família, treina os seus vários filhos na arte da matança, ensinando-os a se esconder e a pegar seus inimigos desprevenidos. Logo no começo vemos como os destinos dos Mouta e dos Tainha são interligados com Almir e Antônio estabelecendo sua relação, entendida quase de uma forma hierárquica, no primeiro capítulo. A narrativa pode ser entendida a partir de duas metades: a primeira mostrando o que gerou o primeiro mata-mata e a segunda parte que nos coloca no futuro e traz os remanescentes dos Tainha em um acerto de contas.


É aí que entramos na seara dos personagens com Ademir e Valdemir sendo os protagonistas. O filho mais velho e o caçula. Zé Wellington rapidamente traça uma diferenciação básica entre os dois personagens mostrando um buscando sair daquela vida e encontrar outras possibilidades e o segundo sendo o protótipo daquilo que o pai gostaria que ele fosse. Ambos são pessoas simples, de uma mentalidade objetiva já que a eles não foi ensinado nada que saísse desses meios. É matar ou morrer... não existe meio-termo. Os Mouta aparecem como os manipuladores no fundo da narrativa. Trata-se de uma família que possui recursos ilimitados e que colocou as forças policiais da região no bolso. Eles se valem de poder e influência para se perpetuarem no poder. É óbvio que desde o princípio eles não são páreo para os Tainha, mas as circunstâncias fazem com que os protagonistas se voltem um contra o outro. E é interessante perceber o quanto a criação de Almir tem muito a ver com isso. Na segunda metade da história temos um novo elemento sendo introduzido na história já que a situação termina em um impasse ao final da primeira parte. Esse novo elemento vai ser a faísca que vai causar a retomada do conflito proposto pelo autor.


Posto isso vamos falar sobre o que realmente me chamou a atenção: a escrita. Para mim, o Zé Wellington arrasou nesse sentido, mesclando formas distintas de apresentar o texto: em prosa, em versos, em quadrinhos. Posso até me arriscar a incluir o sonoro porque em uma página da revista há um QR Code para uma playlist. Haveria muito como errar a mão ao inserir formas de escrita tão diferentes. Como fazer isso trabalhar a favor do texto? Ele consegue ao incluir esses formatos em momentos-chave da história. O formato prosa é o predominante e serve para nos contar a narrativa em si. Temos a forma tradicional de contar uma história com início, meio e fim bastante delineados para o leitor. É possível até apontar os momentos quando a narrativa sai de um ato e entra no outro. O texto em verso, eu posso estar enganado, mas é no formato de um repente. Isso porque existe um ritmo nos versos e há o empego de rimas alternadas. Não sou um bom cantor então não tive a oportunidade de testar essa teoria. Os versos servem para apresentar a lenda dos Tainha como uma espécie de história local, marcada até por certos exageros e acréscimos. A gente poderia até imaginar a história do mata-mata como um cordel. O trecho em quadrinhos serve para nos apresentar uma cena específica em que o texto clama por ação. As ilustrações do Rafael Dantas fornecem esse ar quase cinematográfico a esse momento específico em que as imagens acabaram tendo um efeito melhor do que se o trecho fosse em prosa.


Só que também posso classificar o texto em prosa a partir de duas visões: na primeira metade o texto é quase biográfico com capítulos curtos, focando na trajetória dos personagens. O que os levou até um certo momento quando os Mouta mudam a narrativa. São trechos onde a descrição predomina mais do que a narração, e os diálogos são bem espaçados. Na segunda metade, temos apenas três capítulos, sendo o terceiro contínuo levando até o final da história. Por se tratar de ser o momento climático onde o autor queria chegar, o texto narrativo predomina com intensidade, deixando a descrição apenas para quando os protagonistas estiverem em cenas onde apenas eles estivessem em cena. O capítulo contínuo se justifica por ser o acerto de contas, onde as pontas soltas precisam ser amarradas. É interessante porque há até um núcleo de personagens maior e mais variado do que no da primeira metade. Temos personagens que nada tem a ver com os Mouta e os Tainha, mas que interferem de certa forma no resultado final.


A história não me empolgou tanto e até achei que os personagens poderiam ter sido melhor explorados, mas isso exigiria mais tempo de produção e ampliar o escopo do resultado final. Entendo Mata-Mata como um experimento bem sucedido e que se o Zé Wellington quiser levar para futuros projetos poderá resultar em materiais bem surpreendentes. Para isso, penso que seria legal para ele trazer um pouco do que o Stephen King traz em seus livros, explorando personagens comuns com problemas comuns. O objetivo da narrativa nem precisa ser nada mirabolante, mas com um bom foco nos personagens, usando esse método empregado aqui, pode nos presentear com um livro que vai atrair a atenção de muita gente. Mas, não deixem de ler Mata-Mata porque é uma daquelas histórias gostosas de curtir em uma tarde ou um feriadão, com um bom enredo de ação.



site: www.ficcoeshumanas.com.br
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Rafa 02/05/2023

Literatura nordestina
Gostei do livro, é uma leitura rápida e envolvente. Literatura nordestina que cativa qualquer leitor. Achei muito legal a ideia do QRCODE para acompanhar a entrevista pelo podcast. Recomendo para quem gosta de contos.
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zCsmiler xll 25/03/2023

Um pistoleiro aposentado e um assistente social.
Conto bem satisfatório. A estória conseguiu me prender bem. Uma leitura bem fluida, mas não muito detalhada. Gostei da estória como um todo, não entrarei em detalhe para não atrapalhar a experiência de ninguém.
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João Luiz Ramos 22/01/2023

É bala pra todo lado
Livro muito bom!! Uma história curtinha, com uma regionalidade cearense e que conta a dilema de um antigo pistoleiro que quer ?prestar contas? com um certo alguém. Sem muitos ?arrodeios? pra não estragar a experiência de leitura de vocês. Recomendo muito.
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VerAnica 02/05/2022

Eletrizante
Apesar de ser um conto curtinho, a história fica desenvolvida de forma satisfatória. Nós conseguimos entender os motivos do protagonista e a história dos pistoleiros nordestinos é eletrizante. Achei o máximo a experiência proposta pelo autor, que inclui um QR code pra que possamos ouvir a entrevista do protagonista narrada por ele. É muito legal essa atmosfera de sertão tb, eu adorei!
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Re Vitorino 26/04/2022

Tinha tudo para ser ótimo
Uma história com tudo para ser excelente, mas se perde em detalhes e descrições secas, que não envolvem o leitor no clima da história. A trama não se desenvolve e o motivo do mata-mata é completamento superficial e não justifica a rivalidade entre os pistoleiros e assim a cena de embate não consegue construir o ápice da história.
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Lipe !! 19/04/2022

Matança e vingança !!
Amo a cena do tiroteio, e a história como um todo é muito divertida, sem falar da trilha sonora que fizeram para o livro que é muito boa tbm. Vale muito a pena toda a experiência !!
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Chris108 07/04/2022

Amizade fraterna
Um bang bang fraternal. Após conhecer toda a história e as motivações que levam a esse grande embate, chega o dia do duelo. Não existem regras, muito menos honra a zelar. É um final eletrizante, mas o caminho até chegar lá pode ser cansativo.
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ensimesmado 27/02/2022

Mata-mata
Já faz um bom tempo que tinha esse e-book guardado para ler, até que resolvi fazer isso hoje. A narrativa é legal, a história é interessante. O podcast foi uma ótima surpresa. Muito bom.
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spoiler visualizar
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g4b5 18/02/2022

acho que esse foi um dos melhores contos que eu ja li na VIDA. tudo foi muito bem construido e contado e montado, a historia tem um inicio, meio e fim em poucas paginas que apesar de me satisfazerem, me deixaram com vontade de ler mais 200 paginas sobre essa historia.
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Mayklyns 01/02/2022

Você precisa conhecer esse projeto
Enquanto conto, "Mata Mata" é bem legal, traz uma história intrigante e carregada em regionalismo. Ele aborda a vida de um pistoleiro e o vínculo de seus problemas com a politicagem de onde mora: a família mandatária local tem os seus meios tortuosos e maléficos de resolver os problemas que aparecem e nesse cenário, Ademir Tainha, nosso protagonista, como pistoleiro dos bons, já foi o problema, já foi a solução e esse ciclo segue no conto.

Enquanto projeto, "Mata Mata" vai muito além. Zé Wellington e Rafael Dantas criam uma história multimídia, sensacional de ser acompanhada e você precisa conhecer. O projeto conta com um trecho do conto sonorizado, não direi qual para evitar spoilers, e até uma trilha sonora inspirada nos personagens. Tudo disponível e de graça no Spotify. É digno de aplausos.

O que eu mais gostei? O projeto no todo é muito legal, é fantástico consumir uma história como essa em multimídia: ex. ler o conto ouvindo a trilha sonora do mesmo é um experiência incrível.

O que menos gostei? Sinceramente, não tenho críticas construtivas à esse trabalho, apenas chatices minhas, tão logo, as guardarei para mim.

Vale a leitura? Sério, se você ler essa resenha, conheça o projeto, vale muito.

site: https://matamata.iradex.net/
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Hum 06/12/2021

Um bom conto
Nada muito além de um conto divertido e legal, te prende pelo local e estética mais próxima de nossa realidade. Bem melhor que muito conto gringo meia boca por aí.
Ah, e boas ilustrações também
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Desnorteada 21/10/2021

Um conto sobre uma família de assassinos, um assistente social e uma menina. E com um final inesperado.
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