Van Siqueira 15/07/2021Bom, mas ficou devendo muito.Gostei do livro mas não amei. Não é segredo que eu odiava a Nestha, mas me comprometi a ler de coração aberto, e mesmo assim não consegui cair de amores por ela.
Entendo todos os problemas que a Nestha teve ao longo de sua vida. Começou lá com sua mãe, quando exigiu dela coisas que uma criança não deveria ser exigida. Perfeição nada além de perfeição. Uma mulher criada para conquistar seu espaço na sociedade mas como esposa de alguém.
Nestha passou por situações traumáticas e extremamente tristes.
MAS acho que nada disso justifica o modo com que ela trata as outras pessoas, principalmente a Feyre. Desde o livro Corte de espinhos e rosas vemos ela tratar a Feyre com desprezo e como se a vida dela valesse nada. E isso se repete neste livro. Ela de novo coloca a Feyre em uma situação onde pouco importa o que pode acontecer com ela. Não achei convincente as desculpas arranjadas para o comportamento de Nestha.
Durante quase o livro todo vemos Nestha falar grosserias para as pessoas. Em um momento, ela chama um personagem de covarde mas me soa tão incoerente isso vindo dela que passou meses e meses enfiada na bebedeira, jogatina e não aceitando ajuda de ninguém.
Outra coisa que me incomodou foi a empatia seletiva dela. Ela teve empatia por algumas personagens novas, mas nunca demonstrou empatia por aqueles que estavam próximos dela que também passaram por situações horríveis. Vou citar novamente a Feyre, olha tudo o que ela sofreu desde que precisou sair para caçar para sustentar sua família, olha todos os perigos que ela correu, tudo que ela passou enquanto estava com o Tamlin, tudo que enfrentou para por fim se reerguer. E a tal empatia da Nestha não chega até ela.
Inveja da Feyre. A Nestha demonstrou diversas vezes uma inveja tão grande, tão feia. E ainda por cima cobrou atitudes dos outros, sendo que ela nunca deixou que ninguém se aproximasse.
A jornada dela é bonita, vemos o quão quebrada ela estava e que ela realmente precisava de ajuda pois sozinha ela não sairia daquele poço onde ela estava se afundando cada vez mais. Mas confesso que por diversas vezes achei a história maçante, sem emoção. Não acho a Nestha carismática, infelizmente ela não me conquistou, não consegui me conectar com ela.
Me incomodei com o fato de que tudo de ruim que aconteceu com a Nestha durante o livro teve a ver com algo de caráter sexual. Ah, e todo mundo a queria. Ela era a fodona sexy que todos os caras queriam.
Sem contar que o poder dela (que até agora não entendo bem) é o maior, mais terrível e dá medo em todo mundo. Chato!
Ela começa a treinar e logo já domina várias técnicas e faz coisas que normalmente demora anos para ser aprimorado. Ah e tem o fato que as pessoas veem ela treinar e sentem medo dela. E aqui acrescento que ela luta com 12 illyrianos sozinha e mata todos. Tipo? como assim? Entendo que ela treinou muito, se esforçou pra caramba, mas derrotar rapidamente 12 caras bem treinados e sozinha é um pouco demais, não acha? Sei lá, me passa a impressão que a Sarah queria enfiar guela abaixo que a mulher é a mais fodona do mundo.
Amo todo o protagonismo que a Sarah dá para suas personagens, mas eu acredito que isso deve ser construído de forma coerente. Não adianta pegar uma mulher que passou um ano bebendo que nem louca, treinou 4 meses e pronto, ela é a mais fodona do mundo. Fica difícil de crer em algo assim. Aqui vou citar a Aelin, ela é foda, incrível, maravilhosa, e sua história foi toda construída de forma que o ?ser fodona? é completamente inevitável. Eu AMO a Aelin.
A redenção da Nestha veio nos capítulos finais. Poxa vida, a Sarah fez um livro de 714 páginas e só no final a Nestha fica menos ruim. A fantasia do livro foi pouco explorada, no meu ponto de vista, pois tudo acontecia muito rápido e se resolvia em poucas páginas. E o final que poderia ser muito melhor explorado, foi só correria.
Agora vou falar do Cassian. Ele é um personagem que traz leveza à trama, com seu jeito irreverente e engraçado. Mas achei que para um cara que passou 49 anos governando Velaris com Mor e Azriel, enquanto Rhys estava escravizado, ele está devendo muito no quesito assuntos da corte. Vendo toda a dificuldade dele em lidar com o Eris, entre outras coisas, fico me perguntando como ele conseguiu segurar as pontas em Velaris. Não faz sentido todo o amadorismo dele nesse livro. Queria ver mais do Cassian, de sua vida, de seu passado, mas o livro foi focado mais na Nestha e sua ?redenção?. Não consegui ver o protagonismo de Cassian, ele foi reduzido a coach e treinador sexual.
E Cassian foi MUITO paciente com Nestha. Foi muito humilhado, maltratado, e mesmo assim insistiu nela. Eu já teria me afastado há muito tempo.
Achei que faltou explorar mais os Illyrianos, estava super curiosa para saber mais deles e esperançosa da Sarah explorar mais o machismo entre eles e talvez até iniciar uma revolução feminista lá. Mas me enganei.
Sobre a parceria. Sarah disse em livros anteriores que a parceria era algo muito raro. Ok! Aí ela joga na trama parceiros pra todo lado. Nestha com Cassian, Elain com Lucien, o que mais falta? Provavelmente o Azriel vai ser parceiro da Gwyn. Gente, não era algo raro? Agora não me parece mais algo tão raro assim.
Elain nesse livro continuou planta. Escutou coisas que não merecia (pq claro que a Nestha falou um monte de merda pra ela) e continuou no mundinho florido dela. Não sei o que a Sarah está preparando pra gente no livro da Elain, mas espero que ela seja muito mais carismática do que nos livros anteriores. Ah, nesse livro ela aparece mais soltinha, mas nada que chame a atenção, por enquanto.
Preciso pontuar que não gostei da descaracterização do Rhysand. Neste livro ele teve atitudes que normalmente não teria. Rhys que era super feminista nos outros livros, neste ele estava irreconhecível em algumas cenas. Fiquei triste, pois sei que o Rhys não teria essas atitudes.
E Feyre, preciso dizer que como Grã senhora, uma pessoa que exerce certo poder, ela precisava ter o pulso mais firme com a Nestha. A Nestha falava com ela de qualquer jeito, como se ela fosse um nada. A Feyre é muito boa, mas precisa parar de ficar mendigando amor.
Sobre a gravidez e o parto. Já começa que a gravidez deveria ter sido melhor trabalhada, sem contar toda a omissão a cerca do risco alto do parto. Poxa, ela deveria saber desde o início os riscos e ter o direito de escolher continuar ou não com aquela gravidez. Esse direito de escolha sobre o próprio corpo foi tirado dela.
MAS a forma como ela foi informada sobre isso foi imperdoável. Foi jogado em cima dela por puro desprezo e ódio, para feri-la. Sem contar que a Sarah usa o parto como parte da redenção de Nestha. Como se a Feyre já não tivesse sofrido o bastante, ela precisa sofrer mais um pouco para que a Nestha possa se redimir.
Bom, Gwyn e Emerie foi um sopro de ar fresco na história. Eu adorei as duas. Cada uma com uma história de vida diferente marcada por dor e sofrimento. Leais, divertidas e companheiras. Eu gostei muito da interação entre elas. E achei que a Nestha ficava bem apagada quando estava com elas. Elas roubavam a cena.
Esqueci de falar da Mor. A coitada foi ignorada o livro todo. Apareceu pouco, muito pouco, e achei injusto com a personagem.
Achei esse livro muito repetitivo. Muitas coisas foram copiadas dos outros livros e coladas nesse. Alguns plots foram idênticos. Sério, a Nestha ter que procurar objetos é IGUAL a Feyre procurando o livro. Acho que a Sarah estava muito preguiçosa para criar algo novo, ou com medo de arriscar, pq faltou originalidade.
Para concluir: Nestha foi extremamente abusiva ao longo de toda a sua vida (e digo abusiva em vários sentidos: psicológico, financeiro), ignorante, grosseira e achava que o mundo girava ao redor dela. Melhorou, mas ainda não consigo gostar dela. Apesar do que ela fez no final, acho que faltou um pedido de desculpas formal. Faltou uma conversa entre as irmãs. Tudo se acertou sem um pedido de desculpas, sem uma lavação de roupa. Ou seja, zero diálogo.
Respeito a jornada da Nestha, achei muito bom que ela tenha virado alguém decente (finalmente). Gostei da parte política, mas acho que a Sarah pecou muito na construção de toda a trama.
Respeito quem gostou, amou e favoritou, mas comigo não rolou.