anna v. 30/11/2021
Interessante
Li esse livro movida pela curiosidade que tenho a respeito de dicionários e dicionaristas. A leitura é muito rápida, em algumas poucas horas se termina. Tenho ressalvas à edição, a começar por uma Introdução escrita por um filho do vizinho do Aurélio que nada acrescenta ao livro, a não ser mais páginas. Depois disso, o início é também meio devagar, com uma contextualização - a meu ver muito mais longa e detalhada do que o necessário - do momento do lançamento da primeira edição do Dicionário Aurélio, em 1975, numa livraria em Ipanema.
Mas os capítulos sobre Aurélio Buarque de Holanda Ferreira e sobre a verdadeira saga que foi a redação, edição e publicação deste dicionário, valem a pena. Como bem informa o subtítulo, abundam as intrigas e disputas - por reconhecimento e por dinheiro. Mas também tem o caráter maravilhoso do amor pelas palavras, e da insana empreitada que é fazer um dicionário.
Coisas que me chamaram a atenção foram:
- O who's who de Alagoas nos anos 1920 - Aurélio, Arnon de Mello (pai do Collor) e Paulo Gracindo eram colegas de escola.
- O reconhecimento do trabalho de 3 mulheres entre os 4 principais colaboradores do dicionário (além do Aurélio): Marina Baird (esposa de Aurélio), Margarida dos Anjos (filha do escritor e poeta Cyro dos Anjos) e Elza Tavares. Além deles, havia o Joaquim Campello, que de aluno se tornou colaborador e depois maior desafeto do "Mestre", e que certamente foi uma das principais fontes do autor deste livro.
O retrato que fica do Aurélio ao final da leitura não é dos mais lisonjeiros, e certamente por causa da versão de Campello. Que bem pode ser a mais fiel aos fatos, verdade seja dita.