@fabio_entre.livros 09/08/2024
Magia do bem
Embora este volume ainda faça parte da "Saga do Falcão Milenário" (e, consequentemente, da Guerra Sacro-demoníaca), toda a ação dele se concentra no grupo de Guts, que acaba ganhando um "membro honorário". Como estava estabelecido no volume anterior, Guts, Caska, Isidro, Farnese e Serpico estavam rumando para Elfhelm, a terra natal de Puck. Como é típico de Berserk, a viagem não é tranquila; além dos perigos corriqueiros, agora uma nova ameaça cruza o caminho deles: trolls, monstros selvagens e sanguinários que habitam as profundezas das montanhas.
Nesta edição, eles confrontam os trolls (que só haviam sido citados na anterior), mas o verdadeiro destaque aqui fica por conta de duas novas e importantes personagens, bem como o tema que elas representam: a bruxa Flora e sua aprendiz mirim Schierke. Até então, a fantasia do universo de Berserk era quase que inteiramente dark, mas aqui Miura acrescenta uma nova abordagem sobre a magia que dá um frescor muito válido para a obra: nada de bruxas narigudas que sacrificam crianças a seres demoníacos; a bruxaria aqui é representada basicamente como o culto às entidades que regem as forças da natureza. Em resumo, a "bruxaria do bem", algo próximo da Wicca. Depois de um primeiro encontro a princípio atribulado, Guts e sua turma são recebidos na casa da bruxa (que nada tem a ver com a de Lovecraft) e lá obtém bastante informação metafísica e esotérica sobre sua jornada.
Em comparação com os últimos volumes, este tem menos ação e mais conversa, e eu não acho que isso seja um problema. Além de gostar de ver Miura preocupado com os conceitos de planos (astral, etéreo e material), muito úteis na abordagem da magia e seus efeitos daqui em diante, vamos combinar que aqueles peregrinos estavam precisando mesmo de um banho e uma noite bem dormida há tempos.