Leopardo Negro, Lobo Vermelho

Leopardo Negro, Lobo Vermelho Marlon James
Marlon James




Resenhas -


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@emcadacapa 23/03/2021

Uma experiência confusa, mas instigante.
"Que enigma, Rastreador. Quanto mais você conta, menos eu sei." | Essa é a frase mais certeira sobre boa parte da minha experiência com essa história.

O livro é narrado pelo personagem chamado de Rastreador, sendo que ele está contando a história para alguém que o capturou, ele é um prisioneiro tendo que dar explicações, dai não podemos dizer que ele conta totalmente a verdade, não é? Isso torna o livro um pouco confuso em diversas partes, porém isso também instiga a sua curiosidade.

Quase todo o livro gira em torno da saga do Rastreador junto com alguns outros aliados para encontrar um menino "perdido". Mas, dentro disso temos também outros plots menores e não menos importantes, é bom prestar atenção e dar atenção a tudo e a todos.

A escrita de Marlon James é visceral, ele não possui papas na língua, tanto que diversas partes da história podem ser gatilhos para alguns, aqui você encontra: violência extrema, abuso sexual (incluindo pedofilia) e até menções a zoofilia. Claro que estamos sendo apresentados a culturas diferentes, mas é sempre bom um aviso sobre isso.

Um dos pontos mais positivos para mim foi ver como o autor trata a diversidade de gênero, afinal temos um protagonista LGBTQIA+ na história e diversos outros personagens também. | "Luala Luala, o povo depois de Gangatom, tem homem que mora com homem como se fosse esposa, e mulher que mora com mulher como se fosse marido (...), e em todas essas coisas não há estranheza ? explicou."

Então concluindo... Leopardo Negro, Lobo Vermelho é um livro diferente em diversos aspectos, mas muito bem escrito e com diversos temas bem importantes a serem discutidos. Ele exige tempo e paciência do seu leitor, então caso você comece e tenha alguma dificuldade, tente parar um pouco e depois pegar ele com mais calma, não se apresse nele. Leia e vá digerindo ele para absorver tudo, pois ele é bom livro.

P.S.: Nem preciso dizer que a edição da Intrinseca é a coisa mais linda da vida, né? Capa dura com acabamento em soft touch, corte trilateral colorido, mapas e uma diagramação muito boa de se ler, um primor de material.
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Amanda 28/04/2021

Vale a pena?
Quando li a sinopse automaticamente adicionei esse livro na minha lista de desejos, então fui ver alguns reviews e acabei morgando. A gringa quebrou o pau em cima do livro, disseram que era péssimo e a única coisa bonita era a capa, o que me leva a acreditar que a Intrínseca fez um trabalho excelente na edição.

Então esquece essa sinopse. Ela te faz imaginar uma história totalmente diferente. Sim, lá pra pág 150 ele vai atrás do menino e esse menino é um meio que justifica o fim, mas na verdade a história é sobre o Rastreador, suas mágoas, seus amores e sua jornada (boa parte dela procurando essa peste) até o momento presente, no qual ele narra toda essa história para o leitor, que na verdade é um inquisidor.

Esse livro está repleto de coisas bonitas (e isso não é por conta da Intrínseca), reflexões sobre a vida e o amor. ?Ninguém ama ninguém? foi uma frase carregada pelo Rastreador por um bom tempo, e apesar de ler ele repetindo e repetindo isso, era claro que o consagrado amava bastante. Alem disso, também aborda temas como a sexualidade e a objetificação de mulheres.

Meu sentimento em relação aos personagens mudou diversas vezes conforme eles foram agindo, e na minha opinião isso os tornou mais reais. Todos cometeram erros, ninguém é perfeito e ninguém é mau. O nosso personagem principal tem aquela personalidade cinza, sarcástico e de caráter duvidoso que faz coisas ruins para chegar a um objetivo que acredita ser o certo. Muitas vezes ele joga culpa para cima de outras pessoas, não querendo enxergar a sua própria.


? A Fantasia introduzida é algo totalmente diferente das que eu estou acostumada, apesar de termos alguns elementos como espíritos, bruxas e vampiros, o comportamento e aparência dos mesmos é diferente, assim como a visão da sociedade para com eles.

? Marlon James trouxe um soco de realidade junto com o surreal, fazendo de seu universo algo mais palpável. Os personagens ficam sujos e fedem, nem sempre o personagem principal vence o vilão e vive feliz para sempre, a morte ganha um peso maior com sua descrição gráfica e realista, a sociedade é machista e repleta de preconceitos, e por aí vai.

? A dinâmica dos personagens é divertida.

?? O começo é um pouco confuso e por não seguir 100% uma cronologia linear, quem não está acostumado pode ter um pouco de dificuldade pra pegar o ritmo.

Não dou 5 estrelas pois:

O LIVRO ESTÁ REPLETO DE GATILHOS
??Violência
??Estupro que só! Inclusive de crianças.
??Abuso sexual
?? Gore (não me incomodo, mas pode ter gente que não goste, então tô colocando aqui)

?? A linguagem me incomodou algumas vezes. Quase todo xingamento deles envolvia um órgão sexual (principalmente o feminino), algo que achei totalmente desnecessário.

Entendo que o autor quis trazer o máximo de realidade possível e todas essas coisas descritas fazem parte disso, mas foi muito desconfortável, e se elas tivessem sido escritas com mais sutileza a experiência teria sido melhor.

Para finalizar, apesar de tudo, gostei sim do livro. Me trouxe várias reflexões e conhecimento sobre a cultura africana. Se você tem estômago pra ler e quer conhecer mais sobre mitologia e cultura, eu super recomendo.
Roberta 18/06/2021minha estante
Muito obrigada por avisar dos gatilhos, eu quase comprei.


Amanda 21/06/2021minha estante
Nadaa
O livro é muito bom, mas o autor exagerou nesses gatilhos




Tami 29/09/2021

Diferente
Esse livro foi totalmente diferente de tudo que li. No início foi bem confuso, mas depois da página 100 comecei a entender . Acho válida a leitura pelo aprendizado da cultura, dos personagens e os questionamentos que ficam.
Raissa 15/01/2022minha estante
Por que você deu 3 estrelas?




Ley 14/03/2021

Bom, porém bastante confuso
Não sabia bem o que esperar desse livro, mas a proposta inicial dele já havia me chamado atenção o suficiente. Ele prometia ser uma fantasia jamaicana com elementos da cultura africana, ainda com a adição de personagens negros e LGBTQ+. Encontrei tudo isso na leitura, porém não da forma como eu imaginava.

As primeiras 150 páginas do livro são confusas e dão uma ideia rasa do objetivo principal dos personagens. O protagonista é conhecido como Rastreador e o livro inicia com seu relato. Ele se encontra preso e em circunstâncias desesperadoras. O enredo consiste em várias histórias narradas pelo Rastreador sendo contadas ao seu algoz, muitas vezes chamado de Inquisidor pelo Rastreador.

Os relatos são desconexos e soltos. Não há exatamente uma linha temporal nas primeiras páginas. O mundo relatado é sombrio, com criaturas diversas que ainda não havia visto em nenhum outro livro de fantasia. Fiquei fascinada com esse novo mundo, mas também um tanto perdida na história. Essas primeiras páginas apresentam bem o protagonista, assim como outro personagem bastante presente na narrativa, o Leopardo.

O Leopardo, conhecido justamente por esse título, é um metamorfo, enquanto o Rastreador é um homem com o dom incomum de ter um faro extremamente preciso. A história fala bastante sobre esses personagens no início, mas a trama principal a ser descrita é sobre uma criança desconhecida, porém de grande importância. Ela precisa ser encontrada e o Rastreador e várias outras pessoas são contratados para isso.

A partir daí, a história passa a ser mais linear e faz mais sentido. Contudo, ainda houveram barreiras que me impediram de desfrutar da história como eu gostaria. Os diálogos presentes na leitura são, muitas vezes, difíceis de acompanhar. O Rastreador continua contando histórias diversas, algumas sem tanta importância para a trama principal, e isso muda o foco eventualmente, ao mesmo tempo que me deixou interessada em querer saber mais.

Há mistérios por toda a parte dessa leitura. Os diálogos parecem dúbios, e todos os personagens possuem uma dose de incógnitas a serem decifradas. O universo criado tem uma riqueza enorme de culturas, lugares e descrições, que são bem originais, e ainda conta com muita influência da cultura africana que podem ser percebidos pela caracterização de personagens, criaturas e termos.

Talvez esse choque ao adentrar em um universo totalmente novo, juntamente com a confusão criada pela história, tenham feito com que a leitura tenha se tornado difícil em alguns momentos, mas fica mais fácil se conectar com ela quando aprendemos mais desse universo. Isso pode ser feito através dos mapas, índice e glossário disponibilizados no livro. Ele tem uma gama de informações que podemos usufruir para entender ainda mais da leitura.

Os mapas foram um dos pontos que mais me agradaram. O mapa inicial contém todos os lugares mencionados no decorrer da história e o livro se divide em seis partes, com a maioria delas possuindo um mapa derivado do lugar a ser visitado pelos personagens. A locomoção pode ser totalmente acompanhada por meio desses mapas, que além de muito bem detalhados, possuem uma beleza espetacular.

O glossário foi outro tópico importante que me ajudou muito a compreender essa história. Os termos citados na leitura são desconhecidos para mim, assim como seus respectivos significados. O glossário nos dá um significado para cada nome de criatura e pessoas usados em determinadas partes do livro.

A linguagem utilizada no livro é crua, e requer um pouco mais de atenção do leitor. O livro é recomendado para maiores de 18 anos por ter gatilhos e inúmeras cenas de estupro, violência, e sexo explícitos. Esse foi um dos motivos para a leitura ter sido tão difícil de digerir, despertando em mim sensações que nem sempre foram boas. É preciso se atentar se você está bem para ler a obra.

A trama também conta com personagens LGBTQ+, incluindo o protagonista. Apesar de ter um tema pesado, também ri de várias cenas e pelos termos incomuns citados entre os personagens. Esse foi um livro bem longo, com uma infinidade de histórias dentro de uma só. O enredo é marcado por um intrincado jogo político em volta do resgate da criança que mencionei no início, tudo isso dentro de uma fantasia sombria que me deixou bastante dividida.

A ideia do livro não me conquistou de todo, e esse primeiro volume me deixou uma grande dúvida sobre continuar ou não acompanhando a trilogia. O desfecho do livro deixou diversas pontas soltas que espero serem atadas na sequência, assim como a sensação de confusão ser diminuída. O livro tem suas partes boas e ruins, com uma história complexa que recomendo para quem gosta de leituras mais densas e com uma escrita mais crua. Lembrando que a leitura pode ser desconfortável às vezes.
Carlos 15/03/2021minha estante
Adorei sua resenha. Estou lendo o livro e você o descreveu muitíssimo bem. Obrigado!


Ley 15/03/2021minha estante
Fico feliz em ter ajudado !!!




Davi Oliveira 27/02/2022

O QUÊ DIZER?
Desde o início é um livro impactante que te prende até o fim. A narrativa central deste livro é proposta com referência ao Menino, mas o verdadeiro "centro" do livro é o personagem Rastreador. Um personagem duvidoso, carente, triste, com um ódio que surge do nada e que emana à sua volta. O quê ele quer? O quê o motiva? É um personagem contraditório e que se contradiz diversas vezes no decorrer da história. É a leitura fantástica mais diferente que já fiz até hoje. É um livro que só se tem compreensão depois que for lido uma boa parte dele, pois nas primeiras páginas o leitor se encontra totalmente perdido e, devido a isso, requer uma grande atenção e concentração. A escrita do autor é uma escrita também diferente, minimalista e frenética. Não tem como alguém achar este livro chato. Não tem! Não há tempo para ser chato. Os acontecimentos acontecem de uma maneira frenética e rápida, te deixando em êxtase durante muitos momentos. Nele, o amigo se torna o inimigo e o inimigo se torna o amigo de uma hora para a outra, te deixando totalmente: COMO ASSIM? POR QUÊ? PRECISAVA? É um livro adulto, havendo muitos momentos de sexo, palavrões, estupro de menor, algumas coisas realmente impactantes e desnecessárias que te deixam até constrangido. A homossexualidade é tratada de uma maneira natural e sem pudores referente a ideologia do período, e não colocada de uma forma forçada pelo autor. Também da ideologia do período há presente o machismo, a sociedade patriarcal, onde a mulher é muitas vezes colocada como um objeto e com uma única função. É legal deixar claro para que algum leitor não acabe achando que o escritor é um grande machista babaca. Uma coisa que não me agradou foi o papel de Sasabossam sendo o grande "arqui-inimigo" do Rastreador. Ele é simplesmente um morcego gigante. Só. Sem nenhum poder. Podendo ser facilmente eliminado mas sendo colocado como extremamente poderoso. O escritor poderia ter dado esse papel a qualquer outro antagonista, como por exemplo O Aesi que consegue controlar a mente das pessoas, criar um tornado, e se não me engano conjurar um raio. Se não ele o Ipundulu, que tem a capacidade de convocar relâmpagos e trovões. Com certeza um dos melhores livros que já li. Aguardo ansiosamente pela tradução do segundo livro da trilogia.
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Biatriz.Gomes 17/05/2022

esse livro foi o mais cheio de personagens incríveis e estranhos que já vi na minha vida. talvez por isso ele seja tão bom, porque faz você imaginar criaturas inimagináveis.

algumas partes eram repetitivas e se tornavam cansativas.. então acredito que ele poderia ter menos páginas.

mas, foi uma viagem e foi massa de ler.
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Vitoria Akemi 07/06/2021

Único.
Bom, a leitura foi uma das mais diferentes que já fiz até então, não sou muito acostumada com livros de fantasia densos. Eu mergulhei no universo de Rastreador, nosso protagonista. A narrativa é inebriante, ela te puxa cada vez mais para o fundo e quando achamos que conhecemos o mundo em que vive nosso Lobo Vermelho, nos surpreendemos: estamos enganados, ele é muito maior. Magia, bruxas (os), maldições, Reis, rainhas, sacerdotes, guerreiros, metaformos, demônios, espíritos, crianças, velhos. O autor deste livro construiu um universo vasto tomando como base a mitologia africana.

Aviso de antemão, não é uma leitura, são muitas páginas, muita violência e trauma, como toda boa mitologia fantástica.
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Dudu 08/11/2022

Esse livro é cheio de altos e baixos.

A trama e enredo são excelentes, mas a forma como a história foi contada não favoreceu a empolgação pela obra.

O desenvolvimento do livro é marcado por momentos excelentes e intrigantes, principalmente nas partes de ação e aventura, e por outros momentos chatos e cansativos.

Em geral, a história apresenta-se de forma confusa e enrolada. Mesmo assim, as reviravoltas e acontecimentos fornecem uma boa história e despertam interesse sobre o desenrolar dos acontecimentos.

Uma ótima ideia de enredo, contudo, mal aproveitada!
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Maria 25/02/2023

Incrível
Uma história envolvente que, apesar das quase 800 páginas, te prende do início ao fim e não fica cansativa.
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Jo 29/03/2021

Diferente
o livro É confuso. pelo menos até a página 150. e pesado. muito pesado. do começo ao fim. mas, apesar de tudo, é extremamente interessante. existem elementos fantásticos muito diferentes, e os personagens lgbt+ são introduzidos de uma maneira muito importante; gostei muito dessas questões de sexualidade e gênero sendo abordadas de uma forma tão natural em uma fantasia.

é uma história densa, que exige bastante de quem lê. mas vale a pena.

no final, até me apegar aos personagens me apeguei. e aí, o que falar sobre o final né? deixo no ar pra quem for ler
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PsicoFlavia 16/12/2022

Como bem deixou a entender o Rastreador, as histórias são como são, não como a gente quer q elas sejam. Todo mundo perdeu tanta coisa, ele perdeu tudo o que foi conquistando na difícil vida que levou, eu sofri por ele, perseguido por tanta coisa ruim, perseguindo coisas ruins, contaminando seu coração com raiva pq queria coisas q não podia admitir querer.

Foi incrível conhecer esse mundo completamente diferente de tudo o que eu ja tinha lido, as relações com a natureza, com o místico, com o divino, as crenças.. as descrições são maravilhosas, só que muitas vezes elas se repetem muito. Mas nada diminuiu a riqueza dessa leitura!
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Coisas de Mineira 25/06/2021

Leopardo negro, lobo vermelho é o primeiro livro de uma trilogia de alta fantasia inspirada no folclore africano, do autor jamaicano Marlon James, que também escreveu o premiadíssimo ‘Breve história de sete assassinatos’, ambos publicados pela editora Intrínseca.

Com uma narrativa não linear, o primeiro personagem que surge – e o narrador desse livro, é um homem que abriu mão de seu nome em um passado distante, e que agora é conhecido apenas como O Rastreador – isso por ter um faro aguçado, encontrando tudo o que foi perdido. Ele está sendo interrogado pela provável morte de um menino, e vai contando suas história para o Inquisidor geral. Já nas primeiras páginas, o rastreador dá um aviso que surpreende, uma vez que se espera pelo resgate: ‘A criança está morta. Não há mais o que saber.’

Ainda assim ele prossegue, contando como seu deu sua participação nessa busca. Vários mercenários são contratados para encontrar uma criança desaparecida, cujos pais estão envoltos em mistérios, mas que profecias sugerem ser aquele que destronaria o rei – talvez fosse até mesmo o herdeiro legítimo. Além do Rastreador, teremos personagens fantásticos, como o Leopardo negro, um metamorfo que se torna muito próximo do Rastreador quando ele ainda era jovem; um gigante, que não gosta de ser chamado assim; um búfalo deliciosamente sarcástico; uma bruxa; um antigo desafeto, entre outros.

“Me chamo Rastreador. Já tive um nome algum dia, mas o esqueci há muito tempo.”

Em uma África pré-colonial, o rastreador passa por diversas cidades, desbravando florestas cheias de demônios, necromantes, seres que flutuam entre gêneros e raças, surreais e imersos em violência.

Difícil falar do livro sem dar spoilers, mas acredite: a historia é mais sobre o caminho do que sobre o objetivo em si. Não é sobre o resgate, e, nesse primeiro volume, o foco é o rastreador, quem era e quem se tornou ao longo de sua jornada. Porque o diferencial dessa trilogia é que os livros seguintes vão trazer a mesma história, mas sob o ponto de vista de outros personagens. Acredito que isso nos dê um quadro mais real, visto que nosso narrador não é necessariamente confiável, e ele não tem condições de apresentar todos os fatos envolvendo todos os eventos relativos a essa estória – daí a beleza de ter outros livros, contando a mesma aventura.

Justamente por essa narrativa tão diferente, que vai e vem no tempo, as primeiras 150 páginas de Leopardo negro, lobo vermelho parecem confusas e não deixam claro o objetivo do narrador. As história que ele conta são algumas fantásticas, outras, um incômodo latente em função da violência, dirigida sobretudo a crianças. E já adianto que foi o que mais me incomodou – o uso excessivo de sexo, de violência, de pedofilia, sem a meu ver, propósito para a narrativa. Portanto, falta um aviso de muitos, muitos gatilhos presentes na trama.

“O que é a verdade quando ela está sempre se expandindo e se enconlhendo?”

Também me incomodei com a forma como as mulheres foram retratadas por aqui: submissas, bruxas – pejorativamente, ambiciosas – também numa descrição depreciativa, prostitutas. A relação com a mãe talvez seja a causa dessa relação, e espero que o próximo livro, que a princípio traz o relato sob o ponto de vista de Sogolon, a Bruxa da lua e representante da irmã do rei, subverta essa visão.

Mas a beleza desse livro se faz em muitos aspectos. Primeiro, porque nos traz uma África ancestral, explorando as ricas mitologias em um ritmo frenético, com um grupo atravessando terras fantásticas, sendo confrontados com monstros alados, necromantes, portas que levam apenas quem as conhece a pontos específicos do mapa. Em entrevistas, o autor relata que fez uma pesquisa extensa sobre mitos, épicos, a cultura africana, para incorporar ao livro. Por exemplo, logo no início o Rastreador encontra a Sangoma, antibruxas que atuam como curandeiros entre os povos Zulu, e que, por aqui, abriga os Mingi, crianças que são mortas porque nasceram com alguma deficiência, uma vez que alguns povos acreditam ser maldições.

Leopardo negro, lobo vermelho traz também questões relativas à gênero. Nosso narrador é homossexual, e foi uma criança que não passou por um ritual de ‘retirada da mulher’, provavelmente uma circuncisão. Entretanto, isso não o refreia, e ele não parece muito preocupado por gostar de outros homens, e faz de uma forma bem natural.

“Se você passasse toda sua vida entre monstros, o que seria monstruoso para você?”

E os mapas… o livro vem recheado deles, e foram desenhados pelo próprio autor. A história é dividida em seis partes, e as cinco primeiras vêm precedidas por mapas, que nos permite caminhar com esse grupo de mercenários. Não espere um grupo unido sob um grandioso propósito: eles são mercenários, todos eles com uma construção bem cinza, nebulosa, não sabemos o que realmente querem, e onde se encontra sua lealdade. Ninguém segura a mão de ninguém por aqui! E, se hoje algum personagem é o inimigo, na sequência pode se tornar um parceiro, sem remorsos!

Leopardo negro, lobo vermelho é uma história carregada de traições, fugas, reencontros, combates que podem ser fatais – melhor não se apegar à ninguém, e com um final que volta para o início, já que sabemos como se deu esse resgate. Mas, ainda são muitas partes faltantes, e a curiosidade sobre partes que são apenas mencionadas ficam presas na memória – é difícil sair desse universo!

Uma capa maravilhosa, corte colorido, com fitilho – sim, está caro, mas é daqueles livros para se admirar na estante. Conta ainda com glossário, que me ajudou a visualizar alguns dos personagens. Só quero reiterar que o livro é recomendado para maiores de 18 anos!

Por: Maísa Carvalho
Site: www.coisasdemineira.com/leopardo-negro-lobo-vermelho-marlon-james-resenha/
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Gabriela 11/03/2023

Talvez não seja pra mim
Quanto toda a mística e culturas africanas, é realmente fascinante...não tinha consumido esse tipo de conteúdo antes.
A escrita do autor não me pegou...achei bem maçante e repetitiva...eu que, por vezes, leio deitada, tive sono.
Tem muito sexo...ok...mas achei MUITO, inclusive em partes que não precisariam ter - até onde li...
Sei lá...talvez não seja pra mim...
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Alan (@coracaodeleitor) 02/12/2021

Esse livro é uma loucura. Foi uma leitura lenta porém super válida. Uma mitologia rica e muitas histórias diferentes. Mas ainda não sei se amo ou não hahaha. É confuso mas ao mesmo tempo faz sentido. Enfim, é um livro longo e que exige atenção.
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Luciana 01/01/2022

Valeu a pena insistir
Durante mais ou menos um terço do livro, me senti um pouco perdida - parecia que várias possíveis histórias poderiam começar a partir de uma observação feita no percurso, mas nenhuma delas se desenrolava ou se explicava. Mas assim que a narrativa tomou um rumo definido e os personagens ficaram mais claros, não consegui mais parar de ler.
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