Lela Tiemi 08/04/2018Os órfãos Rhine e Rowan Ellery são irmãos gêmeos de 16 anos que lutam para sobreviver no que sobrou do mundo. E sobrou muito pouco. Tudo o que restou do planeta foi os EUA; o resto do mundo simplesmente não existe mais.
E, as mudanças não param por aí, graças à ciência moderna os seres humanos desde o nascimento têm seus dias contados: os homens vivem até os 25 anos e as mulheres até completarem 20 anos de idade. Trata-se de uma consequência da mudança genética que livrou a humanidade do mal do câncer e diversas outras doenças. Contudo, todos os que nasceram após esta primeira geração possuem uma bomba-relógio: contaminados por um vírus que ninguém consegue encontrar a cura.
Por esta razão, meninas já em idade de reprodução são capturadas pelos "Coletores" e compradas por homens ricos que as obrigam a viver em um casamento polígamo cujo objetivo é preservar a humanidade da extinção.
Além disso, há um grande número de crianças órfãs, já que seus pais morrem muito jovens – algumas são criadas em orfanatos, outras vivem nas ruas e lutam para sobreviver como podem, mas todos de qualquer forma são obrigados a se tornar adultos mais cedo já que possuem tão pouco tempo de vida. Mas este não é o caso de Rhine e Rowan. Seus pais faziam parte da primeira geração e eram cientistas que lutavam pela cura do vírus, mas foram mortos pelos naturalistas – os que acreditam que os serem humanos não devem mais se envolver em experiências e se conformar com as coisas como estão. Desde que perderam os pais, os gêmeos vivem sozinhos em sua casa, cuidando um do outro. Até Rhine ser capturada e vendida.
Obrigada a casar com Linden Ashby e a conviver com suas outras duas esposas, Elle e Cecily, que são “sisters-wives” (esposas-irmãs) de Rhine. Apesar da vida confortável na mansão, do genuíno carinho que Linden nutre por suas esposas, especialmente por Rhine, e da amizade que cresce a cada dia entre as elas, o único objetivo de Rhine é fugir e voltar para a casa e seu irmão Rowan. O maior impedimento encontrado por ela não é apenas os muros, mas principalmente o poderoso e impiedoso pai de Linden. Um homem poderoso e inteligente que faz parte da primeira geração e que procura incansavelmente pela cura do vírus.
Com a ajuda de um serviçal, Gabriel, por quem se sente cada vez mais atraída, Rhine planeja fugir e aproveitar os poucos anos que lhe restam de vida em liberdade.
Apesar de a história ser muito interessante, a sensação durante a leitura que nada acontece é constante. Isto por que este não é, definitivamente, um livro de ação e aventuras, mas um drama psicológico. Praticamente a história toda acontece pelos pensamentos de Rhine: ela se lembrando do irmão, dos pais, da infância; questionando a vida e o amor, a doença e a morte, a liberdade, e analisando as dificuldades de ser livre contrabalanceada com o conforto de viver naquela prisão. Ainda assim, a liberdade é algo muito valioso, especialmente para quem tem tão pouco tempo de vida. Mas são poucas as tentativas de fugas de Rhine que passa a maior parte do tempo devaneando do que agindo ou planejando.
O romance é morno demais. Nem Gabriel, nem Linden me agradaram o suficiente. E química nesta tentativa da autora deste triângulo amoroso, definitivamente não funcionou. Senti falta de mais testosterona nos dois personagens. Linden é ingênuo e bondoso demais e Gabriel é muito submisso.
O que eu realmente gostei na história foi a relação entre as esposas. A amizade entre elas é genuína e chega a ser tocante. Cada uma delas tem personalidades distintas e possuem suas próprias histórias, mas estão ali naquela mesma situação, e então aprendem a conviver, a confiar e até a amar uma a outra como verdadeiras irmãs depois de certo tempo.
O desfecho da trama não chega a ser surpreendente, mas fiquei curiosa quanto às possibilidades deixadas para a continuação. Então, sim, quero ler o próximo livro desta trilogia. E tenho esperanças de que será melhor do que este.