Patricia Pietro 14/04/2024"Pela manhã havia esperança". O livro começa com a Tove narrando, de uma forma muito bonita, um momento a sós com a mãe dela, na mesa do café, quando ela ainda era criança. Julgando só pelo trecho inicial achei que poderia se tornar um favorito. Mas, infelizmente, o livro ficou bem aquém das minhas expectativas.
Gostei muito da estética narrativa do primeiro e do segundo volume. É o que mais se destaca, porque não há muitos momentos significativos. Mas ela narra os poucos que tem de uma forma muito bem trabalhada e agradável de ler.
Já o terceiro volume contrasta com os dois primeiros. Acontecem muitas coisas (ruins, em sua maioria) e a narrativa é mais simples, mas um pouco angustiante. Essa parte eu li mais rápido, porque queria saber logo como tudo iria terminar.
Mas, como um todo, é um livro meio sem graça. Não tem nada de mais nele. Apesar de ter gostado bastante da escrita da Tove, ela viveu uma vida comum. São vários os capítulos em que ela narra coisas absolutamente cotidianas. A infância pobre, o trabalho desde muito nova como empregada e em escritórios, as saídas noturnas com a amiga, os relacionamentos fracassados.
Além disso, não acho que ela seja uma personalidade inspiradora. Ela era egoísta e se desfazia das pessoas quando não precisava mais delas. Traía os maridos com naturalidade, cuidava bem pouco dos filhos, sendo a babá a figura materna deles. Com uma guerra mundial acontecendo, sua maior preocupação era se seu livro de poemas ainda seria publicado pela editora. Apesar de tudo, talvez eu ainda leia alguma obra de ficção dela futuramente, pois sua escrita é realmente muito bonita.