Nath @biscoito.esperto 16/01/2022"Tenho, aliás, um amigo que um dia desses me garantiu que nós sequer sabemos mandriar como se deve. [...] Por exemplo, se quisermos desfrutar da natureza, então é como se tivéssemos de anotar uma semana antes no nosso calendário que em tal dia e tal hora desfrutaremos da natureza".
Dostoiévski nasceu em Moscou, mas amava São Petersburgo, e é possível notar esta paixão em seus grandes romances, contos e, principalmente, nas crônicas deste livro. A cidade (que, na época, era a capital da Rússia) recebe características humanas e é descrita como um microcosmo cheio de vida e nuances.
Jornalista de carreira, Dostoiévski fundou suas próprias revistas literárias. Querendo se diferenciar de outras publicações da mesma época, Dostô começou a escrever folhetins opinativos. Em 1845, com apenas dois romances publicados, o autor perdia a pouca fama que havia conseguido. Em 1847, pobre e lascado, ele começa a escrever para uma coluna de um jornal conservador, e daí surgiram as Crônicas de Petersburgo.
A princípio, achei as crônicas um pouco desconexas. O autor pula entre vários assuntos diferentes sem ritmo ou razão, e se interrompe toda hora para falar de outra coisa. Mas, no momento em que eu estava achando o livro muito morno, Dostô me deu uma machadada na cara com as duas últimas crônicas, que são geniais. São cinco crônicas: as três primeiras falam sobre a cidade de São Petersburgo de forma geral, mas as duas últimas são diferentes. A quarta crônica é a resposta de Dostô a um escritor francês que falara mal de São Petersburgo em seu livro, e a quinta crônica fala sobre os "sonhadores" da cidade, e é quase um prólogo para o livro "Noites Brancas", publicado no ano seguinte.
Não sei como, mas Dostoiévski fez com que eu me apaixonasse por uma cidade que nunca visitei, por lugares que nunca vi e por pessoas que não conheço. A genialidade também está nas coisas mais simples.
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www.nathlambert.blogspot.com