Tuca 22/02/2021A morte do marido de Andressa partiu não apenas seu coração, mas despedaçou seus sonhos de felicidade. Uma promessa quebrada a tornou escrava de sua sogra, e agora a única esperança de manter sua filha em sua guarda é entrar em um plano de vingança e em um casamento arranjado.
Ian Brassard era o melhor partido da cidade, forçado a se casar pelo pai, sua alma ainda estava fragilizada pela perda da esposa e do filho. Uma moça com uma dor que lhe era conhecida, uma criança que lhe lembra a sua, e talvez ele possa voltar a amar e a sonhar novamente.
Assim como a Rosa era um símbolo de magia na Bela e a Fera e em sua releitura “A babá e a fera”, Bia a transformou em um bebê; nessa história, a neném era Cristal, fazendo alusão ao sapatinho perdido e que quando encontrado leva Cinderela de volta ao seu príncipe. É Cristal que primeiro chama atenção dele, e seu brilho cria um caminho de possibilidades na vida de Ian e Andressa. Mas é uma mentira que os une, e a sua descoberta ameaça a nova chance que eles têm de felicidade.
Ian é um mocinho romântico e sua reconstrução se une a de Andressa para criar uma linda história de amor, um verdadeiro conto de fadas. Ele tem dificuldades em aceitar a noção de que precisa se casar com uma desconhecida, e tenta encontrar alguém por quem seja capaz de se apaixonar. Assim, o enredo passa de um mero casamento por conveniência para um “cortejamento”, mas a mentira fica sempre próxima, assombrando Andressa.
Ler uma história cujo mote principal é uma mentira tende a ser difícil, e não vou negar que fiquei várias vezes incomodada com o segredo que Andressa carregava, porém esse é também o cerne de Cinderela, em que o pai casa com uma mulher que finge amá-lo pelo seu dinheiro, e em que a mocinha precisa esconder quem é para ir ao baile e ser feliz, nem que fosse apenas por uma noite. Mesmo tendo amado a jornada de Ian e Andressa, o clímax da história para mim causou um conflito forçado, sem isso acho que o enredo teria ficado mais verossímil.
A superação de todas as barreiras pelo amor e pela família em um romance que nos faz sonhar e acreditar em dias melhores foi o que pude extrair desse livro. Mesmo no seu momento mais baixo, nas profundezas do desespero, a vida dá voltas, a tristeza vira alegria, e é possível se reerguer. E talvez todas as dificuldades aconteçam para nos levar exatamente para onde deveríamos estar, afinal, a estrada para a verdadeira felicidade não é uma reta, é cheia de pedras, sem as quais, pode ser que nunca chegássemos ao nosso destino e desfrutássemos de tudo de bom que nos foi reservado.
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