spoiler visualizarKel 20/10/2023
Meu Deus que livro chato!
Eu achei esse livro tão insosso que não sei nem por onde começar. É como se ele não tivesse um conflito em si, algo para se resolver, algo pelo qual se esperar, seja um desfecho infeliz, chocante ou simplesmente aceitável.
Aqui acompanhamos Klara, um robô de geração já levemente ultrapassada, (uma vez que na mesma loja onde ela está exposta já há outros modelos robóticos mais eficazes), que desde as primeiras páginas gosta de interagir com o sol, também personagem título e que atua, vejam só, como ele mesmo.
Como ela funciona a base da própria energia solar, ok ela já ter esse fascínio pela grande bola amarela. Leva uns 300 anos pra alguém resolver comprá-la, e, ainda assim, a menina vai e vem na loja algumas vezes antes de fechar negócio.
Aqui como havia faíscas que o robô poderia vir a sofrer maus tratos por parte do dono, pensei que talvez fosse essa a linha da história, afinal a mãe chatérrima da menina Josie pede para Klara imitar os movimentos da filha.
Aqui achei que era apenas para testar a motricidade fina do robô, saber se ela era uma boa aquisição, mas depois veio o porquê.
Klara vai então para a casa da nova dona Josie e lá já percebe que Melania empregada doméstica, como ela mesmo diz, não a trata muito bem, ainda bem que Melania é insignificante para a robô e para a história em si, é só pra dizer q a casa com a menina não fica sozinha durante as saídas da mãe para o trabalho.
Josie é doente mas não fica muito claro a doença, imaginei que devesse ser um tipo de câncer associado com apatia. Tem um menino que experimentei era pra ter sido o namoroado de Josie, representado como um amigo que se preocupa bastante com o bem estar dela, o tal Rick.
Acho que aqui se abre um abismo pois Josie é elevada e ele não,entendi como serem de diferentes níveis sociais o que garantia a Josie melhores oportunidades já de bandeja em relação às chances de Rick.
Há capítulos em que a mãe, com medo de perder a menina, a leva em uma espécie de”artista” construtor de robôs, que está tentando captar todos os traços dela para construir uma nova robô que, com a ajuda de Klara seria uma “cópia da Josie” com a consciência da robô que estava acompanhando e sabia de seus trejeitos e gostos. Aqui pensei que se a linha de desenvolvimento fosse essa, seria um grande sucesso o livro, com uma ideia inovadora e ainda dando à Klara uma chance maior de viver, afinal ela tomaria o lugar da menina que a mim não conquistou nada.
Aqui Klara até questiona, e o coração humano? E o coração dos pais em relação a amar um robô com as características de sua filha após perdê-la? Por mais bem desenvolvida que seja a máquina, até que ponto o sentimento humano ela consegue refletir?
Enfim, nem precisei me preocupar muito com essa linha de narrativa pois ela não foi seguida e voltamos ao marasmo. Me peguei três vezes filosofando e pensando em outras coisas enquanto lia o livro, a sensação é que ele vai do nada ao lugar nenhum, nem mesmo a robô Klara é carismática o suficiente para manter a história.
Voltamos ao sol, Klara pede a ele que cure a menina, e acho q aqui é o que conseguimos extrair de bonitinho no livro, a fé do robô no sol, acreditar que mesmo uma máquina tem fé no que seria equivalente ao seu “deus”.
A cena a seguir é ela subindo ao quarto abrindo as cortinas e deixando o sol banhar Josie, que olha só, na hora já se sente melhor e continua a melhorar. Vai pra faculdade, corta os laços com o tal Rick que pra vir a ser desnecessário ainda teria que melhorar muito! E o que a robô Klara ganhou com isso? Um adeusinho, um pequeno abraço, e esquecimento, abandono e consequente desintegração em um pátio até que suas faculdades de inteligência finalmente se desvanecessem. Ela não era só a sucata a qual a reduziram.
Eu já tinha meus receios a respeito de histórias envolvendo robôs porque seja em filme ou em livros eles são tratados (e maltratados) como objetos, e pra mim, tudo que recebe um nome recebe uma identidade, um lugar no mundo.
Ainda mais Klara, criada com consciência, capacidade de aprender e conviver como se fosse alguém da família, ela merecia mais, nem desligada foi, apenas foi descartada, com memórias, percepções, achei decepcionante.