Klara e o sol

Klara e o sol Kazuo Ishiguro




Resenhas - Klara e o Sol


158 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Paulo.Ratz 28/12/2022

Meu primeiro Kazuo!
Nunca tinha lido nada do autor e sei que dizem que esse é o maia fraco, mas mesmo assim adorei a escrita, achei fofo demais e amei conhecer a Klara! Uma delícia de leitura!
gregre_v 05/11/2023minha estante
Se o Paulo indicou, com certeza vai pra minha lista de ?quero ler?! ??




edu basílio 25/03/2021

kazuo & o brilho

futuro próximo.
os AA (amigos artificiais) -- robôs humanoides fotoalimentados, concebidos para serem companheiros de adolescentes -- se tornaram corriqueiros. os AA são comercializados em lojas e, como os automóveis, aqueles de uma nova série trazem "melhorias" com relação às séries precedentes.

klara não é uma AA da última série recém-lançada, mas possui uma capacidade excepcional, quase única, de apreender toda a dinâmica do seu entorno e captar as menores sutilezas nos olhares, falas e gestos das pessoas com quem conversa ou que simplesmente observa de longe. após um período de angústia, alternando dias na vitrine com outros nos fundos da loja, klara enfim cai nas graças da simpática jovem josie (por quem também manifesta uma espécie de afeto desde os primeiros contatos) e ganha um lar.

à medida que a narrativa avança, fica cada vez mais evidente o quão puro e ingênuo é o coração de klara, ao mesmo tempo que seu intelecto é extraordinário. é por meio do seu relato que se descortina para o leitor sua linda amizade com josie, que sofre de uma doença grave. construído com essa mistura improvável de ingenuidade e inteligência, o relato de klara revela também, aos poucos, a complexidade de um mundo transformado, em que a poluição atmosférica agride a todos e a possibilidade de edição genética em seres humanos criou uma profunda cisão social.

gravitam em torno de josie adultos cujas histórias de vida vão sendo reveladas por meio do mosaico das impressões de klara (ora uma alma que vê seus erros juvenis de décadas antes estapeando-lhe de volta o rosto; ora um cidadão que se engaja por seu ideal de sociedade, ainda que isso lhe renda ser tratado como pária, e muitos, muitos corações fragilizados pelo luto, angustiados pelo pavor de mais perdas e inábeis em lidar com o amor que eles próprios carregam). em meio a essa complexidade toda, a reverência de klara pelo sol -- que generosamente oferece a ela sua nutrição diária -- a leva a se pactuar com o astro por uma causa maior e mais ambiciosa, e que constitui a metáfora central sobre amizade e altruísmo no romance.

       "...and you're asking me why pain's the only way to happiness,
       well, I promise you: you'll see the sun again..."
               dido -- "see the sun" -- álbum "life for rent" (2003)


o livro é lindíssimo, com uma escrita límpida e docemente melancólica, como seria de se esperar em um romance de ishiguro. o que me trouxe uma pequena frustração foi o que enxergo como falta de ousadia do autor, tão elogiado e apreciado no mundo todo muito em razão de, até então, ter sempre construído cada romance radicalmente diferente de seus precedentes. mas não aqui: o senso rígido de 'dever de servir' de klara é idêntico ao do mordomo mr. stevens, de "os vestígios do dia", ao passo que a atmosfera sutilmente distópica, em que o conceito de humano está posto à prova, é idêntica à de "não me abandone jamais" (seria coincidência esses romances serem os seus dois mais aclamados e premiados, com conhecidas adaptações para o cinema?). em todo caso, em seu primeiro livro após ser laureado com o nobel de literatura, kazuo optou por transitar dentro de uma zona de conforto, o que vi como uma lamentável e desnecessária economia de ousadia.

relevada essa pequena frustração pessoal, também é fato que nesse novo romance há tudo o que amamos em kazuo: sua prosa contida e elegante, seu peculiar estilo 'niponicamente british', sua capacidade de conduzir a trama para aquele ponto em que uma pinçada no coração se torna inevitável... agora é esperar mais 5 ou 6 anos até termos a alegria de um novo romance seu -- o mesmo tempo que a gente espera por um álbum novo da não menos britânica (nem menos talentosa) cantora dido, que canta a linda "see the sun", cujo trecho transcrito acima eu achei possuir um encaixe natural nesta pequena resenha :-)

--
Vinicius 25/03/2021minha estante
Legal! E quantas referências... vi que vc é leitor voraz do Ishiguro... ele está no meu radar faz tempo rs


edu basílio 25/03/2021minha estante
oi, vini! é, eu sou bem ishigurominion hehe. espero que você o aprecie quando der a ele uma chance. 'os vestígios do dia' e 'o gigante enterrado' são meus dois favoritos :-)


Joviana 26/03/2021minha estante
Que belíssima resenha. Resumiu o que senti e pensei ao ler :)


edu basílio 26/03/2021minha estante
oi, joviana. obrigado pelo comentário :-)
kazuo é de fato "um dos grandes", né... agora é esperar o próximo (lá pra 2026, hehe...).


Pandora 02/04/2021minha estante
Acabei de ler o livro, meu primeiro do autor, e achei sua resenha bem boa.


edu basílio 02/04/2021minha estante
obrigado pelo comentário, pandora. é impressionante o talento de kazuo em desenvolver dramas densos com sutileza e delicadeza. se você decidir ler mais livros dele, espero que você se encante como se encantou com 'klara e o sol'.


Helder 13/05/2022minha estante
Bela resenha. Diferente de você, não sou fã de Ishiguro, mas este livro me pegou de uma maneira incrivel, mas também me frustrei um pouco com o terço final, onde me pareceu que o autor se acovardou depois de nos mostrar aquele plot incrivel na galeria. Mas no fim ainda bato palmas para ele, pois tenho a impressão que ele deixou de usar um plot fabuloso para nos trazer um robô movido pela fé! Coisa de genio!


edu basílio 15/05/2022minha estante
oi, helder! que bacana esse ponto de vista... um robô movido pela fé. uma inabalável fé no ser humano, tão indigno de fé. eu não havia feito essa reflexão antes, e concordo muito com você. sob essa ótica, este romance adquire uma camada a mais de complexidade e o tapa na nossa cara estala ainda mais alto: um robô tem mais humanidade em seus algoritmos que nós em nossos corações. de fato, coisa de gênio!




Vans 14/05/2021

Alienação, esperança e a desigualdade social
Klara e o Sol é mais um livro do Kazuo Ishiguro que me pegou de vez. A história começa simples e meiga, sendo narrada pela AA (Amiga Artificial), Klara, que tem um incrível dom de observação, ela é adotada por uma criança doente, Josie. Logo, Klara começa sua jornada de encontro ao Sol para conseguir um milagre para sua amiga e dona.

Como quase todos os personagens principais dos livros de Kazuo Ishiguro, Klara é uma narradora alienada. Ela busca a cura pra Josie, mas não consegue compreender inteiramente o mundo ao seu redor, ela não faz questão de entender o conceito de alguém ser "elevado" ou de entender como as "comunidades" armadas funcionam, mesmo que isso esteja completamente em tudo ao redor dela. A sociedade está ruindo por conta do avanço tecnológico, os robôs estão substituindo humanos em todas as áreas, humanos estão sendo modificados geneticamente e ficando doentes por isso. A desigualdade social gerada por essa tecnologia está fazendo a sociedade ao redor de Klara ruir e ela não consegue perceber isso, sendo a única personagem a não perceber isso, ela é a única personagem a ter esperança.

Um livro extremamente sensível e que me emocionou muito, novamente Kazuo Ishiguro fazendo jus aquele Nobel de 2017
comentários(0)comente



Nay Botelho | @Umsonhodeleitura 02/05/2023

Esse livro nos deixa com uma enorme reflexão sobre a vida, sobre tecnologia e etc, a história em si é bem simples e bem bonita, indico a leitura.
comentários(0)comente



Pandora 02/04/2021

“Klara e o Sol” foi minha primeira experiência com Kazuo Ishiguro. Estou encantada com a delicadeza com a qual ele conta sua história construindo uma ficção cientifica muito peculiar. Geralmente quando pensamos ficção cientifica envolvendo robôs e derivativos nossa expectativa se ligar mais a naves espaciais, explosões, tecnologias mirabolantes e coisas do gênero. A leitura do Ishiguro divergente totalmente dessa expectativa.
Klara, protagonista/narradora da história, é uma AA (Amiga Artificial) alimentada por energia sola. Ela faz parte de uma série de robôs criada para acompanhar adolescentes até o momento da entrada na universidade. Apesar de ser a protagonista do livro, ela é coadjuvante na vida de todos os personagens da história. Como coadjuvante, ela observa, registra e nos conta sobre um futuro no qual a humanidade apostou em um projeto eugenista onde crianças, com o consentimento de seus responsáveis, são expostas a processos que elevam sua capacidade intelectual, mas adoecem seu corpo podendo levar a morte. A tecnologia dos AA é desenvolvida para ajudar as famílias a cuidar dos adolescentes que pelo processo de elevação, pois estes vivem isolados, estudam remotamente além de em constante estado de debilidade física.
Na qualidade de inteligência artificial não importa quão absurda, incomoda, abusiva ou brutal seja a situação, Klara passa por ela como se tudo fosse muito natural, sem questionamento. Assim ela vive sua experiência nesse mundo eugenista, hierarquizado, desigual, brutal, extremamente fascista, e nos apresenta a ele sem arroubos, arcos dramáticos ou conflito de interesses. O impacto da história é todo nosso, a narradora não pisca ou vacila enquanto nos conta as coisas mais absurdas. Klara leu Kafka, tenho certeza!
Para mim, essas histórias brutais contadas de forma tão natural e terna são as mais difíceis de digerir. Não por acaso, leia o livro e você vai entender, estou agora debaixo da roseira plantada pelo meu irmão, kindle na mão, absorvendo os raios de sol, chorosa, digerindo essa história e sentindo medo.

site: https://gataleitora.blogspot.com/2021/04/klara-e-o-sol-resenha.html
Aleska Lemos 03/04/2021minha estante
Obrigada por avisar. Vou evitar esse livro kkk.


Pandora 03/04/2021minha estante
Pq Aleskita?


Aleska Lemos 03/04/2021minha estante
Oxe, tu terminou o livro com medo. Deve ter sido terrível.


Helder 13/05/2022minha estante
Que bela resenha! Consegui te imaginar embaixo da roseira tomando sol com lagrimas nos olhos. Sentimento perfeito trazido por este belo livro!




Daniel 04/12/2022


Kazuo tem uma escrita límpida e doce. Trata com gentileza o seus personagens e consequentemente o seu leitor.
Em cada obra o autor se reinventa, buscando fugir de gêneros. Claro, repetindo alguns aspectos dos personagens, como Klara possuir um senso de dever como o do mordomo Stevens de Vestígios do Dia.
Klara, uma pessoa artificial, sintética, possuí capacidade intelectual para compreender o que é certo, mas o que não é certo, o que é enviesado na relação entre humanos para ela é surpreendentemente incompreensível, ao menos em um primeiro momento. Ela, que deveria ser perfeita, deve se adequar a imperfeição daqueles que a rodeiam.
São as impressões de Klara a respeito do mundo que rodeia Josie, sua dona, que propiciam a Kazuo estudar o humano para com outro humano e para com o mundo.
comentários(0)comente



Luiza.Cabral 12/01/2022

Difícil de explicar?
Eu não sei se eu que sou burra e não entendi a profundidade da obra ou se o autor realmente deixou várias informações jogadas, além de pontas soltas. Apesar de não ter me trazido as reflexões que eu esperava, gostei do tempo que passei lendo o livro e buscarei outras obras do Kazuo
comentários(0)comente



Ani 13/02/2022

Klara e o Sol
A história se passa em uma realidade onde adolescentes têm AAs (Amigo Artificial) que servem como companhia, uma vez que o contato social está cada vez mais raro. Klara é a AA de Josie, ela é muita perspicaz, curiosa e meiga, sempre pronta a aprender mais sobre os humanos. O enredo é envolvente e medida que avança prende mais a atenção. No entanto o final deixa a desejar. Parece que o autor não quis se comprometer com uma questão ética em relação a IA e a relação humana.
Rafael Kerr 13/02/2022minha estante
Oi. Tudo bem? Talvez você já tenha me visto por aqui. Desculpe o incomodo. Me chamo Rafael Kerr e sou escritor.  Se puder me ajudar a divulgar meu primeiro Livro. Ficção Medieval A Lenda de Sáuria  - O oráculo.  Ja está aqui Skoob. No Instagram @lenda.de.sauria. se gostar do tema e puder me ajudar obrigado.




Charles Lindberg 13/06/2021

Uma fábula encantadora sobre pequenezas que nos escapam
"Havia, sim, algo muito especial, mas não dentro de Josie. Era dentro das pessoas que a amavam."

ig: @charlindberg_

Este romance sensível e elusivo é um estudo de personagem profundamente filosófico em natureza, empacotado como fábula infantil. Nada é entregue explicitamente no texto, mas legado ao entendimento do leitor nas entrelinhas das relações interpessoais e diálogos cuidadosamente construídos.

Apesar de se poder rotular como ficção científica, Ishiguro não está tão interessado nos conceitos e ideias típicos do gênero, que, embora presentes, desaparecem nas bordas como aquarela, deixando em foco apenas os temas explorados pela própria Klara.

Klara é uma AA, uma inteligência artificial cujo propósito é acompanhar crianças durante seu período de desenvolvimento, para evitar que se sintam sozinhas. Ela é adquirida pela família de Josie, uma menina elevada, que vive doente, e passa a aprender sobre o mundo e as pessoas através de seu vínculo mais imediato, com Josie, e as relações de Josie com sua família e melhor amigo/namorado, Rick.

Como seguimos a história a partir de Klara, o livro oferece a perspectiva única de uma entidade que, apesar de extremamente inteligente e proficiente em comunicação, não tem experiência prática de vida, o que faz dela, para todos os propósitos, uma criança. No início, Klara tem um vocabulário limitado, referindo-se às roupas das pessoas apenas como "de alto nível" ou "de nível intermediário"; chama celulares de "oblongos", e por aí vai.

Ao longo da narrativa, conforme Klara vai aprendendo, nós encontramos conceitos sociais novos que, por não serem do interesse dela, nunca são propriamente explicados; em vez disso, nos confrontamos com o entendimento da IA sobre coisas como amor, família, solidão, sociedade, desconfiança, preconceito, religião e a individualidade da consciência.

Klara e o Sol é um livro belíssimo que propõe grandes reflexões sem oferecer respostas objetivas, num estilo que, mais do que nunca, encontra o autor num espaço entre ficção, filosofia e poesia; que consegue encostar o coração do leitor naquele sentimento efusivo que é o sublime da infância.

Nota: 4/5 Sóis
comentários(0)comente



Higor 04/07/2021

"Lendo Nobel": sobre o que é ser humano
Provando mais uma vez que tem o domínio da escrita e que a escolha da Academia Sueca foi acertada após alguns anos de polêmicas e láureas questionáveis, Kazuo Ishiguro, nos brinda, através de seu jeito singelo com mais uma história emocionante.

As Amizades Artificiais em "Klara e o Sol" são algo corriqueiro e sempre com lançamentos e versões ainda mais modernas, tal como celulares. Klara é justamente uma dessas AAs, que observa o mundo através da vitrine da loja onde fica, sempre esperando o momento em que será finalmente, comprada e útil para alguém. Enquanto isso, observa e absorve com efusão cada detalhe do comportamento humano, a fim de poder ser necessária a seu possível dono.

Em um dia aparentemente qualquer, conhece Josie, uma criança com quem se afeiçoa a Klara, prometendo levá-la para casa o mais breve possível, mesmo que a mãe não se agrade, ao menos em um primeiro momento, de tal aquisição.

Embora o livro seja escancaradamente futurista, não há necessidade de uma data precisa; ao invés disso, a história carrega um ar de nostalgia, como se passasse em um momento antigo. Tal sensação vem sendo característica de Ishiguro, como em seus livros Não me abandone jamais e O gigante enterrado, em que a nostalgia se sobressaia aos indicativos temporais, o que pra mim é incrível.

Como não podia deixar de ser, o livro traça pensamentos tanto éticos quanto filosóficos, levando o leitor a pensar sobre o uso exagerado de tecnologia. As pessoas em "Klara e o Sol" vivem isoladas, sem muito convívio social, logo, as AAs são a principal companhia de crianças, onde estão acessíveis 24 horas, para tudo, desde brincar a desabafar e estudar…

Parece aterrorizante, em um mundo com bilhões de pessoas, ter necessidade de tecnologia para ter amizade? Mas o que não fazemos hoje sem tecnologia? E nossos amigos virtuais, que conversamos à distância e nunca vemos? E se fossem meros robôs?

Os questionamentos não são rasos como os que expus, mas que levam o leitor a um clímax inesperado e questione as condutas dos personagens para, enfim, com o choque de realidade, perceber que fazemos o mesmo com tantas coisas, em tantos momentos, e que não deveríamos.

Mais do que como usamos a tecnologia, Ishiguro nos faz pensar também o que é, exatamente, ser humano, como seria se pudéssemos não sentir sentimentos, tanto bons quanto ruins, a fim de evitar o sofrimento. Tantas coisas a se pensar em um livro tão singelo, tão simples e sem mirabolâncias.

Altamente sensível e singular, "Klara e o Sol" é um livro para refletir sobre nossas relações pessoais, sobre quem somos e como lidamos com a tecnologia. Mais um grande acerto de Ishiguro.

Este livro faz parte do projeto "Lendo Nobel". Mais em:

site: leiturasedesafios.blogspot.com
Gorette 04/07/2021minha estante
Na minha listinha já.




Giovana 27/03/2021

Muito bonito.

No começo não entendi muito bem a história mas me cativou. Depois não conseguia parar de ler. A questão da tecnologia foi pensada com muita delicadeza.
comentários(0)comente



André Vedder 21/06/2023

E o sol brilhou.
Temos aqui uma mistura de distopia com ficção científica muito bem narrada pelo autor vencedor do Nobel.
Com uma escrita fluída, Kazuo Ishiguro nos traz uma narrativa contada pela perspectiva de uma Amiga Artificial, ou androide, no caso aqui chamado apenas de AA ou Klara. E sendo assim, somos conduzidos pela história através de suas observações de mundo e diálogos entre os humanos, aos quais ela presencia e participa ao longo do enredo. E a partir do ponto de vista de Klara, o autor vai nos dando informações sobre o seu redor e os personagens que a rodeiam de forma gradativa, aos poucos, fazendo assim com que o leitor seja instigado por toda a obra.
Ao fim somos brindados com um livro que prende do início ao fim e que têm um apego emotivo também, mas que pra mim funcionou como um ótimo suspense.

"Você acredita no coração humano? Não estou falando do órgão em si, claro. Estou falando no sentido poético. O coração humano. Você acha que existe uma coisa assim? Uma coisa que faz com que cada um de nós seja especial, único?"

"Ao mesmo tempo, ficava cada vez mais claro para mim até que ponto os humanos, em seu anseio de fugir da solidão, faziam manobras muito complexas e difíceis de compreender."


comentários(0)comente



Dri 28/03/2021

Delicado e melancólico!
Uma narrativa delicada e cheia de detalhes bonitos. A Klara é fofa e carismática, mesmo sendo uma inteligência artificial (ou talvez por isso?). Os outros personagens não me cativaram tanto, entendi seus conflitos e dramas, principalmente o da menina Josie, mas esperava mais da interação deles com a Klara e mais atitude de todos. Eles pareceram mais robóticos e passivos do que eu gostaria.

A questão da Klara com o sol é fofinha e a fé e esperança dela é a melhor coisa desse livro, é lindo e triste acompanhar a narrativa de uma inteligência artificial que se importa mais que muitos humanos. O livro ainda tem reflexões sobre o que nos torna humanos, sobre amor, família e viver. Tem cenas muito bacanas.

Esse livro é ótimo pra quem ama uma narrativa melancólica contemplativa, que gira em torno do protagonista, sem grandes explicações sobre o universo construído e sobre os temas sociais abordados e que fala de tecnologias super avançadas de um jeito mais leve.
comentários(0)comente



Emerson 09/02/2022

Primeiro contato com Ishiguro
"Ao mesmo tempo, ficava cada vez mais claro para mim até que ponto os humanos, em seu anseio de fugir da solidão, faziam manobras muito complexas e difíceis de compreender."

Em KLARA E O SOL somos imersos em um mundo onde existem os AAs, robôs feitos para conviver com crianças e adolescentes para que elas não se sintam solitárias. Klara, nossa protagonista, é uma AA e é através dela que vamos acompanhar esse romance. A Klara é inteligente e muito curiosa, com isso, ela acaba aprendendo muita coisas sobre o comportamento humano, tanto as coisas boas quanto as ruins. Há uma certa ingenuidade na Klara em relação as atitudes de alguns personagens apresentados, é como se ela fosse muito otimista, sempre acreditando na bondade humana.

"Nem sempre é tão fácil consertar as coisas."

Klara simplesmente venera o Sol, não só por ele ser a principal fonte de energia dos AAs, mas por acreditar que ele seja capaz de fazer milagres. É ao Sol que ela pede para que certas coisas acontecerem, é ao Sol que ela agradece quando o que pediu é realizado. Para Klara, o Sol é um deus capaz de tudo, que derrama sua nutrição para aqueles que necessitam.

"'Esperança', ele disse. Essa desgraça nunca deixa a gente em paz.'"

Esse foi meu primeiro contato com a escrita do japonês Kazuo Ishiguro e confesso que teve momentos que pensei em desistir do livro. As partes onde a Klara está na cidade grande são um pouco mais chatas, mas nas partes onde ela está no campo me senti melhor. Ishiguro deixou muitas coisas sem respostas, mas acredito que foi intencionalmente. Klara é uma personagem tocante, que com certeza queria ter como amiga. Seu fim é o esperado, pois ela cumpriu seu papel, e muito bem.

"Talvez todos os seres humanos sejam solitários. Ou pelo menos possam se tornar."
comentários(0)comente



158 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |