A palavra que resta

A palavra que resta Stênio Gardel




Resenhas - A palavra que resta


1199 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Eduardo 24/04/2024

Uma obra-prima da literatura brasileira.

Li esse livro por conta de um youtuber que sigo, mas sabia pouquíssimo a respeito (e nem de longe imaginava ser tão pesado).

Adorei a obra não só pela história que é contada, mas pela forma que ela é dita. O fluxo de consciência ali misturado com uma falta de marcações (vibe Saramago), somado, ainda, com gírias e palavras do Nordeste do país, trouxeram um sentimento único consumindo essa obra; porque o que importa, não é só o que é dito, mas como é dito.

O livro me incitou diversas reflexões, e se quando procuram benefícios da leitura e encontram sempre a resposta que ajuda a criar empatia, bom, definitivamente essa obra aqui é um dos livros que auxilia pra isso. É impossível você não se sensibilizar com a história do Raimundo, não só por ele, personagem individual, mas por todo mundo que vive ao redor e tem que lidar com toda aquela situação. Você se sente mal pela sociedade simplesmente ser assim.

Para mim, foi uma leitura que funcionou muito, que me emocionou demais e retratou perspectivas urgentíssimas da nossa sociedade, embora lamentavelmente tristes e violentas. Em vários trechos eu ficava sim, mal, pelo contexto da história em si, mas também porque eram facilmente relacionáveis com a realidade que eu já presenciei (tanto comigo, quanto com outros próximos), e ver dentro desse modo de enxergar, traz uma experiência única - e um sentimento de revolta.
O final pode ser frustrante, mas entender que no contexto da obra encaixa perfeitamente, alivia um pouco.

Percebi, lendo algumas resenhas, que algumas pessoas não gostaram da obra por ter muita violência, homofobia e até transfobia; entretanto, creio que um outro ponto de vista deva ser levado em consideração. Este livro busca retratar uma realidade complicada e, como diz a própria palavra da minha frase, REAL, que fez parte, e ainda faz, da vida de inúmeros indivíduos. Embora exista toda essa violência, ela em momento algum é romantizada; pelo contrário, na verdade, ainda que se trate de uma retratação, percebe-se ali no texto que é uma denúncia àquele modo de viver que as pessoas são obrigadas a ter por razões exteriores. Causa um sentimento de revolta, um sentimento de fazer com que tudo seja diferente. Eu entendo completamente que as pessoas podem simplesmente não gostar da obra por darem gatilhos a elas, por não gostarem de temas pesados e outros N motivos, mas creio que deva haver uma separação entre "o que eu não gosto" e "o que não é bem-feito". Não é porque VOCÊ não gostou de algo, que o problema seja NA OBRA. É perfeitamente possível concluir que uma obra não funcionou pra você pelo seu modo de viver, do que por que ela em si é um problema (como algumas resenhas destacaram).

No mais, tenho só a elogiar essa obra e ter a certeza de um dia realizar a releitura. A felicidade que tenho é da língua portuguesa providenciar tais textos; nenhuma tradução pra qualquer língua estrangeira carregará, em si, o peso que o nosso português brasileiro carrega.

"É difícil explicar, pai, sabe se o senhor coloca umas pedras dentro de um copo e o que fica dentro, as pedras, não se aformam ao copo, fica sempre uns espaços, sem pedra ou sem copo, não é igual quando você enche um copo com água, que o copo fica todo preenchido, a água colada nas paredes do copo, sem sobrar um cantinho de ar que não tenha água, todo mundo parecido feito água, eu me sinto pedra dentro do meu corpo, eu disse pra ele, mas disse com vergonha do que estava sentindo."

"Esconder de uma vez o desejo pra não mais me esconder."

"Tu já viu que não tem jeito, não tem, a mudança vem, ou a gente correndo atrás dela ou ela atropelando a gente com tudo, sem pedir pra sair do meio. E é bom que venha mesmo, que o fim certo é que é bom, é o fim certo que empurra a gente, não fosse a certeza do fim, a gente ia viver igual todo santo dia?
comentários(0)comente



LuAsa.vidor 23/04/2024

Maravilhoso
O livro, para mim, abordou dois temas que me cativaram muito: o amor interrompido cedo demais de forma injusta demais e a saudade, o ?e se? que fica marcado no peito depois; e o poder da linguagem, tanto na escrita em si do livro que exprime os pensamentos do protagonista, quanto a história que traz o desejo dele de aprender a ler para poder resgatar esse amor antigo. Amei demais esse livro, senti a dor que ele quis exprimir diversas vezes, mas valeu cada segundo.
comentários(0)comente



Guil 23/04/2024

Leitura interesssante, mas confesso que as vezes me perdia um pouco e tive que reler algumas partes para saber quem estava falando ou em que momento da história estava, pois existem muitas lembranças não lineares, e a narrativa se desenrola em uma linguagem coloquial, mas a história em si é muito bacana e fala basicamente de amor, traumas e homosexualidade por um ponto de vista diferente
comentários(0)comente



Glaucers 23/04/2024

Não sei como o autor conseguiu imprimir tanto sentimento em pouquíssimas páginas. É uma história comovente em todos os sentidos. Senti a dor do Raimundo na conversa com a mãe, na "proteção" do pai, na frustração e na falta de respostas, essas guardadas, talvez, na carta de Cícero.
Claro que ansiei pela leitura da carta, mas antes mesmo do final do livro, a própria narrativa deu os sinais do que ela poderia conter.
A ausência de atitude, o silêncio, é uma resposta.
Mas fiquei feliz que o Raimundo, pelo menos em alguma parte da vida, tenha se libertado dos medos que sentia e se revelado. Amém, Suzzanný. Uma bich@ porradeira!
Amei tudo e recomendo a todos. S2
comentários(0)comente



Marina 22/04/2024

Adorei a história de Raimundo. Realmente, todos têm seus traumas e sua história, muitas vezes reproduzidas com atos dos familiares anteriores, sem que muitas vezes se reflita sobre isso. Assim se explica um pouco as atitudes do pai de Raimundo, embora não se justifique? é um livro doloroso, pesado e atual, infelizmente. Recomendo muito a leitura.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Lucas Whitethorn 22/04/2024

Que livro!
A leitura desse livro no começo foi um pouco mais difícil até eu me acostumar com a escrita, mas depois que acostumei a leitura fluiu. Gostei muito da leitura, apesar de ser um livro pesado e triste.








?? Spoiler??




Sobre o final depois de refletir porque o autor terminou daquele jeito acho que entendi um pouco, apesar de não ter gostado tanto porque ele passou o livro todo criando uma expectativa na gente sobre algo que no final não vimos.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Bárbara Matsuda 22/04/2024

Aos 71 anos, raimundo resolve aprender a ler e a escrever. movido por uma carta do passado de sua grande paixão, cícero, ele busca tornar seu conteúdo acessível.

nascido no interior e com uma família marcada por um histórico traumático de preconceito e repressão, ele passa por todos os tipos de violência por conta de sua sexualidade. trabalha como caminhoneiro, costura roupas, vai ao cinema proibido. e o desejo x culpa/vergonha sempre presente.

os diálogos e pensamentos são feito ping-pong, podem ser um pouco confusos, mas eu gostei do ritmo frenético e poético que o autor cria. apenas o final, que entendi a proposta, mas senti falta de um enlace mais direto. também esperava um foco na transformação da alfabetização, mas os conflitos de sexualidade são o que realmente permeiam o livro.
comentários(0)comente



Rimylles.Silva 21/04/2024

A dor de não poder ser quem somos
Nesse livro, Stenio Gardel conta a história de Raimundo, um senhor com mais de 70 anos, analfabeto e que está disposto a aprender a ler para saber o que está escrito em uma carta deixada pelo grande amor da sua vida, Cícero! Uma vida marcada pela violência física desde o início da adolescência quando o pai descobre sua homossexualidade, pela "necessidade" de se esconder diante da sociedade por muitos anos de sua vida por ter vergonha de ser quem ele era, pelo preconceito vivenciado cotidianamente que atrapalhava sua vida. Uma leitura difícil, mas importante para que possamos cada vez mais respeitar as pessoas pelo que elas são!
comentários(0)comente



vinizambianco 21/04/2024

[sobre passado, cartas e dores que perpassam gerações]

Não estava em meus planos, ler outro livro nacional, porque queria variar um pouco, só que algo em A Palavra Que Resta, me atraiu e eu não consegui não ele. O livro conta a história de Raimundo, que aos 71 anos resolve aprender a ler e escrever para que então possa ler uma carta escrita para ele pelo seu amor de juventude Cícero.

A premissa por si só já é bastante interessante, porém acredito que a grandiosidade da obra está em seu modo de narração e em seus personagens tão reais, Stênio Gardel escreve com veracidade essa história, seu ?casal? de protagonistas não se assemelham a nada que eu já tenha lido e visto, pois tem um pé na realidade e transmite verdade e autenticidade.

O modo de  narração une em alguns momentos  pensamentos, diálogos e conversas, e no começo soa bastante confusa, mas depois que entramos no universo da história soa tão normal e sabemos quem fala e com quem se fala, um trabalho primoroso de edição e montagem da história.

Além desses muito pontos positivos, a parte 2 do livro em que conhecemos um pouco mais sobre a vida do pai de Raimundo é de uma magnitude e de uma maravilha, e de uma dor que quando chegou ao fim eu tive que parar, desligar a tela do Kindle e dar uma longa respirada porque a paulada foi forte, no rosto não Stênio.

Outro ponto forte do livro são os personagens coadjuvantes, com destaque para Cícero e Suzanný, é muito gostoso ver as interações de Raimundo com os dois, e a construção da amizade dela com a segunda me tirou bons suspiros de felicidade, muitas passagens da mudança de Raimundo são maravilhosas, essa é a verdade.

Minha única ressalva, é que eu queria SABER O QUE ESTAVA NA CARTA, o final é lindo, e acredito que o mistério e a grandiosidade estão também nessa dúvida cruel que nos segue pelas páginas e pela vida do protagonista por vários anos.

Com uma prosa fenomenal, cenários certeiros e personagens humanos, Stênio Gardel mostra porque dos prêmios e da aclamação que conquistou, e ao final do livro não sabemos qual a palavra que resta, porque com um livro desses, não sobra nenhuma.
comentários(0)comente



clingriid 21/04/2024

Eu tenho o costume de ler, pensar um pouco sobre e, depois, procurar alguma resenha pra ouvir um pouco sobre opiniões de outras pessoas. Foi assim que eu encontrei uma resenha no youtube com opiniões muito diferentes da minha e que eu gostaria de fazer alguns apontamentos de acordo com a minha opinião.

Nessa resenha, essa pessoa dizia que achou o livro raso, porque tudo o que se poderia explorar da história estava na sinopse e que não houve grandes reviravoltas no decorrer do livro. Eu não poderia discordar mais dessa opinião.

Eu concordo que essa não é uma história com grandes reviravoltas, mas eu também acredito que essa não é a intenção do autor.

No decorrer desse livro acompanhamos a história de Raimundo e, através de seus pensamentos, encaramos seus medos, seus traumas, suas vivências e, na minha opinião, esse é o grande propósito do livro, essa é uma história sobre aceitação e sobre os preconceitos vividos por Raimundo, pela sua própria família, pela sociedade, e também por ele mesmo e, se tratando da vivência de um homem comum, enfrentando seus próprios demônios, não havia nenhum “plot twist” pra acontecer nessa história.

Ainda nessa resenha é dito que o Stênio Gardel tenta escrever de uma forma literária e se perde por não conseguir sustentar a escrita por todo o livro. Novamente eu discordo.

Como se sabe, Raimundo é um homem analfabeta que, apenas aos 70 anos de idade aprende a ler e a escrever e eu acho que a escrita do autor expressa exatamente isso.

Durante todo o livro acompanhamos os pensamentos de Raimundo que vagam entre o presente e o passado e, pelos pensamentos do personagem é possível compreender sua constante ansiedade, suas contradições, anseios e perturbações e claramente isso só é possível devido a escrita do autor.

Em resumo, o livro me tocou profundamente, gostaria de poder acompanhar a história de Raimundo por mais tempo.
Glaucers 23/04/2024minha estante
Como alguém é capaz de dizer que esse livro é raso


clingriid 23/04/2024minha estante
eu também não consegui entender?




bffreitas 20/04/2024

Precisei de um tempo
Ler esse livro pode parecer fácil, até porque a leitura é fluida, os causos são curtos e as palavras poucas. Mas ele não é nada fácil de ser lido. Existe uma emoção dentro da simplicidade, um abismo dentro do raso e uma tristeza dentro de cada palavra que não consigo explicar aqui em uma resenha, só lendo.
Quando terminei o livro, a sensação era de perda. Queria saber mais, queria continuar conversando com Seu Raimundo. Não pude. Mas agora, me contentando com essa conversa de poucos instantes, me sinto grata pela experiência.
comentários(0)comente



thexbia 19/04/2024

A essência das palavras de um senhor na sua melhor idade
A palavra que resta é um desses livros com uma premissa muito interessante: um senhor de 71 anos se alfabetiza para conseguir ler a carta deixada pelo seu amor da juventude.
Raimundo é o nosso protagonista, nascido no interior, de uma família humilde proprietária de um sítio. Chutando, o encontro dele com Cícero se dá por volta dos anos 40 ou 50.
O que eu não esperava é que a execução fosse ainda mais tocante do que a premissa. Pensando bem, não acho que o livro tenha defeitos. Mas definitivamente o ponto alto para mim são as divagações do Raimundo, que acontecem alternado 3 linhas temporais (presente, um passado dos últimos acontecimentos da sua vida e o que foi vivido quando estava com Cícero) deixando-as ainda mais emocionantes. Isto foi possível porque o Raimundo é na maior parte do tempo (ou em todo tempo) o narrador e escritor da sua própria história.
Nenhum dos personagens está ali a atoa, todos são importantes para a narrativa e desenvolvimento do protagonista. Ainda assim, o que mais me cativaram foram o tio do Raimundo e a Suzzaný. Duas pessoas que enfrentaram tudo para poderem ser quem são.
Sobre a carta, assimilei que ela foi por 50 anos a grande propulsora da vida do Raimundo.
Terminei tendo a certeza que precisarei de uma releitura e que ainda voltarei diversas vezes aos trechos do livro.
Stênio Gardel escreveu ouro em seu primeiro livro publicado, mal posso esperar para os próximos.
victoria896 22/04/2024minha estante
suas palavras ?




Clara.Oliveira 18/04/2024

Não me restou nenhuma palavra
Na verdade, talvez tenham surgido tantas palavras que eu simplesmente não consigo escolher nenhuma.
Já faz alguns dias que acabei, mas fiquei muito impactada e precisava tirar um tempo pra poder falar sobre ele.
Entra naquela categoria de livros que todo ser humano deveria ler.
comentários(0)comente



1199 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR