Bruno.Rafael 27/09/2023Hakim e o poder de transformaçãoNossa, que história espetacular!
A última parte da odisseia começa na Grécia, e Hakim e seu filho tentam chegar na França para reencontrarem Najmed, sua esposa. No volume 2 parecia que eles já teriam passado pelo pior, mas Hakim nos avisa que ainda teria muitas situações difíceis pela frente, e ele estava certo. No volume 3, vemos situações que parecem improváveis de terem acontecido, principalmente quando passam pela Hungria. Que caos! O país o qual, durante o trajeto, teve a menor empatia com os refugiados. O que eles passaram por lá, nenhum ser humano merece passar, ainda mais pessoas que estão fugindo obrigatoriamente de seus países em busca de melhores condições de vida. Pareciam até criminosos pelo olhar alheio. Mas no fim, superação. Essa viagem certamente foi transformadora para Hakim e seu filho Hadi. Fico pensando se teria a força e a coragem desse Sírio para superar todos os desafios que ele enfrentou. Mas como ele disse, seu filho foi sua força motriz.
Além deles, nós também, leitores, saímos dessa leitura transformados. Só um ser humano sem empatia e sem emoções não seria impactado por toda a história envolvendo, não só o percurso de Hakim, mas de todos os refugiados descritos e não-descritos na HQ. É um aprendizado enorme sobre a situação dos migrantes e refugiados e uma história que se leva para a vida. O autor, Fabien, tem muito crédito nisso, pois soube, assim como em suas outras obras, transmitir as sensações e reflexões necessárias para o leitor, sem aumentar nem diminuir o sofrimento alheio. Ele também foi muito criativo e perspicaz nas introduções e na parte final da história, nos mostrando que o fim da história de Hakim ainda está se desenrolando. Muito boa essa dinâmica que ele deu à HQ.
Espero que essa história seja transformadora para todos que a leiam, e que a percepção que temos sobre os refugiados mude. Elas não querem roubar seu emprego, não querem seu dinheiro, só querem ser felizes e buscar qualidade de vida para suas famílias, e esperam que um dia seus países estejam em clima de paz. Essas pessoas esperam que sejam um dia reconhecidas pelo que elas são, e não pelo rótulo que a sociedade lhes impõem.