Cartas a uma negra

Cartas a uma negra Françoise Ega




Resenhas - Cartas a uma negra


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Nana 12/04/2024

Livro nr 70 do projeto "A volta ao mundo através dos livros"
País sorteado : "Martinica"

Um relato importante escrito em forma de diário por Francoise Ega, nascida na Martinica , mas que viveu na França na década de 1960 .

No livro ela conta as dificuldades, sofrimentos e desrespeitos que ela e outras negras vindas das Antilhas sofreram trabalhando como domésticas para as francesas que não perguntavam nem o nome das empregadas.

Triste, revoltante , mas fundamental que se leia e jamais se repita essas atitudes vergonhosas contra qualquer pessoa, independente da cor da pele ou nacionalidade.
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rookvalente 30/03/2024

Muito melhor que eu esperava!
Narrando as dores compartilhada por antilhanas e brasileiras, Ega fala de minha mãe e minhas tias. Fala da luta diária contra um sistema racista, classista e machista. E fala do poder que nossos sonhos e nossas raízes têm sobre nossas ações.
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Jessica 29/01/2024

Françoise e Carolina: contato além-mar.
Françoise Ega escreve ?lettres à une noire? após ter contato com trechos de Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus, em uma revista francesa.
O livro é uma reunião de histórias pessoais que relatam a vivência de mulheres antilhanas que vão para a França trabalhar como empregadas domésticas. Desse modo, Françoise capta a essência de um trabalho pautado na exploração.
É interessante perceber o quanto a história contada pela autora martinicana se assemelha à realidade de Carolina, mesmo que ela não tenha lido seus livros integralmente. Nota-se, então, uma aproximação pelas vivências marcadas por racismo, pobreza, opressão, etc.
Por fim, em uma atitude metalinguística, Françoise fala sobre a dificuldade de escrever e publicar um livro sendo uma mulher negra e pobre - questão que também aparece em Quarto de Despejo -.
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Fernanda M. 03/01/2024

A mulher negra como objeto e sujeito na discussão
Comecei a ler Cartas a uma negra, da Françoise Ega por indicação de uma professora que conheci recentemente, que após alguns minutos de conversa sobre o meu projeto de pesquisa no Mestrado, sugeriu essa leitura.

Ficou muito claro para mim, que a indicação desse livro se deu pois as cartas escritas pela Françoise Ega, se dirigiam à Carolina Maria de Jesus, escritora brasileira, que muito embora não tenham se conhecido, seus escritos foram responsáveis por estabelecer uma grande conexão.

A Mamegá (como era comumente chamada) descobriu os escritos de Carolina, por que acessou uma publicação feita em um jornal na França, em 1962, com um breve relato sobre a publicação de Quarto de Despejo - com auxílio de Audálio Dantas - e alguns trechos da publicação.

Há muitas diferenças entre as escritas das duas autoras, que não se limitam apenas a questões textuais, já que a minha leitura do livro é uma tradução feita para a língua portuguesa. E dadas as circunstâncias (tempo-espaço), entendo que a francesa tinha ensino médio completo e era formada em datilografia, ao contrário da brasileira, que tinha frequentado apenas os anos escolares iniciais.

Mas essa não é a única diferença que percebo até este momento da leitura. E apesar das diferenças percebidas acerca da rotina das duas mulheres, ambas sofrem com as condições precárias em que vivem e se incomodam com a forma como as pessoas ao seu redor são tratadas socialmente.

Françoise tem um grande afeto pelas pessoas da sua terra (Martinica), e relata a vinda dessas mulheres para a França com muita tristeza, pois essas mulheres são tratadas de forma totalmente diferente das mulheres nascidas na França, a saber, com desprezo e indignas de terem acesso a um empregos menos desgastantes como o é, o de empregada doméstica.

Apesar do racismo que elas sofrem, a forma como este se manifesta é completamente diferente, muito bem expresso por Carolina em seus livros e pela Françoise em seu texto epistolar. A pobreza é diferente, as dores são diferentes. Carolina cata papel para viver, e esta é uma realidade muito distante da Françoise, que tem 1 marido e 5 filhos, mas que trabalha em casas de famílias francesas abastadas com o intuito de aumentar a renda.

Ela relata que na verdade está fazendo um estudo, uma experiência, uma coleta de dados sobre as mulheres negras, vindas da Martinica, que são contratadas nessas casas, por essas famílias na condição de empregada doméstica, em Marselha, na França, mas que na verdade, são amplamente exploradas pelas famílias contratantes, em especial pelas mulheres.

Dá para perceber nitidamente os níveis de pobreza, e é gritante quando a Françoise, volta para casa, de ônibus, e ainda lhe sobra um dinheiro para tomar café. O marido faz questão de manter a casa e não deixa que lhes falte nada. Diferentemente, Carolina e seus três filhos sofrem com a insegurança alimentar e total instabilidade de sua moradia.

A Françoise se sente totalmente representada por Carolina, e ela escreve as cartas como se vivesse uma realidade muito próxima, sem ter noção da ausência da "segurança matrimonial" com a qual Carolina vivia, em um barraco de tábua, coberto com zinco. A mercê de violências e falta constante de salubridade, que só a Carolina soube bem, pois experimentou na carne.

Tem uma coisa que aproxima a Françoise da Carolina, que aproxima talvez todas as mulheres, que é o fato de não ter um tempo, "um teto todo seu", um espaço para conseguir colocar no papel as suas ideias. Esse é um ponto forte de conexão entre elas duas, porque elas têm as mesmas privações na hora da escrita e que na verdade não necessariamente precisam estar relacionadas com as privações financeiras, econômicas e sociais.

Em determinado ponto do livro, tem uma parte na qual a narradora-autora descreve um episódio, em que ela foi trabalhar em um lugar e não contou ao marido sobre as condições de trabalho. Conforme ela descreve, era um prostíbulo disfarçado, e ela diz que não conta para que o marido não a impeça de se deslocar para o lugar e tentasse impedir que ela continuasse com o que ela chama de "experiência documental".

Depois ela complementa "só podemos falar com propriedade sobre o que presenciamos". Isso é bem uma tentativa de se aproximar da forma como Carolina Maria de Jesus reproduz no seu dia a dia, não como um experimento, ou como uma experiência documental, mas como uma forma de compreender a sua própria realidade.

Acredito que é isso que Carolina fazia: escrevia para tentar entender como tudo aquilo podia ser possível e as condições em que ela e os três filhos se encontravam. Como era degradante e a fazia se sentir tão mal. Ela também acreditava que ela era uma escritora, uma poeta. Para ela não se tratava de uma experiência, mas um relato sobre o modo como vivia. Reitero que a Carolina não era uma catadora de resíduos, mas uma escritora, que catava resíduos para viver.

Uma coisa interessante no livro, é que a Françoise não acreditava na possibilidade de publicação do livro, não se entendia como escritora, se diferenciando da escritora brasileira que acreditava que o seu livro precisava ser publicado, pois ela sim, se entendia como escritora-poeta.

A Françoise entende a escrita como uma segunda atividade. Quando ela recebe a visita do editor em sua casa em Marselha, fica entusiasmada, mas não demonstra esperança por entender a impossibilidade de se tornar uma escritora. Entendo agora que assim se sentia por falta de representatividade.

Ela pensa que escrever, que ser escritora, vai além do que ela tem feito, que é expor o dia a dia e suas experiências. Mas o que é escrever de fato, se não colocar no papel todas as experiências? Por que as experiências de uma pessoa branca são mais importantes que as experiências de uma mulher negra? O que há de mais interessante na vida de uma pessoa que é branca e rica? Por que a vida dessa pessoa é mais importante e mais interessante do que a vida de uma mulher negra, trabalhadora, vinda da Martinica ou do interior de Minas Gerais, que precisa ser repensado antes de ser escrito e publicado?

Encerrei a leitura e li alguns textos de apoio, textos complementares, que auxiliam na compreensão desse livro e como as informações paralelas e contextuais permitem que entendamos sob que perspectivas a Mamegá, a Madame Ega, que escreveu o livro de forma epistolar.

Nesses textos é possível descobrir algumas curiosidades sobre a autora, como por exemplo, quantos livros ela escreveu, como ela acessa as informações, como ela descobriu o texto da Carolina e então a grande surpresa: a Françoise não leu o livro da Carolina, na verdade.

Ela viu pedaços do livro em uma reportagem, e foi o suficiente para que se encantasse e compreendesse de forma empática o que a Carolina estava falando. Os textos falam sobre a não-leitura, que já é uma leitura e outras perspectivas interessantes como a vida da Françoise, a escrita de outras mulheres negras e como isso pode reverberar positivamente ou não.

No geral, é uma forma de entrar em contato com Carolina e um ponto de identificação, como tantas outras mulheres que se identificam, mas que não conseguiram se expressar, porque não achavam que suas vivências não era algo que merecesse ser escrito. A Françoise se sente objeto e sujeito no seu processo de escrita, informação retirada dos textos complementares, recomendo por tanto a leitura completa da obra.

A francesa escreve as cartas partindo de uma premissa não de escrita, mas como uma forma de dividir momentos e experiências é uma forma de partilhar, se identificar e se corresponder com uma interlocutora que nem irá ler as suas cartas, nem respondê-las.

Muito lindo, e espero que outras mulheres consigam escrever e consigam entender a importância da sua escrita independentemente da sua condição social e da sua cor de pele e que todas possam ter o seu próprio espaço para escrever, e oportunidades para publicar.
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Geovanna498 09/12/2023

Que livro sensível
Sim, sensível, essa é a palavra que melhor descreve essa leitura na minha opinião, comecei esse livro sem saber do que se tratava. E que experiência espetacular, foi uma leitura onde eu conseguia sentir os sentimentos da Maméga, e me senti abraçada por ela, me senti uma de suas amigas, me senti a Carolina. Ah! Carolina, se você lesse...
Só dei 3 estrelas porque esse não é o meu gênero preferido, demorei para ler por essa razão, mas que livro LINDO! pretendo relê-lo só para marcar as partes mais "lindas" e que mais me tocaram!!!

" Nós não falamos o mesmo idioma, é verdade, mas o do nosso coração é o mesmo"
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Thami 29/11/2023

Este livro nos abre os olhos pra tantos temas importantes! A ?troca? que não chega ser troca, entre Ega e Carolina (aqui podemos preencher suas não cartas com suas obras) é uma leitura suave, as vezes triste, as vezes revoltante, as vezes alegre. Obras assim nos permite enxergar a Europa com mais pé no chão; não é o francês que passeia em Paris que estamos admirando aqui, mas sim a mulher honesta ainda que injustiçada, que trabalha e escreve, que tem uma mente sagaz e coração bom. faz bem pra cabeça e evita síndromes de vira-lata ?
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Vanessa 17/11/2023

Muito bom! Semelhante à Quarto de Despejo de Carolina de Jesus. Sofrido, triste, emocionante, resiliente e cheio de pequenos confortos. Retrata o racismo e a pobreza extrema de forma nua e crua.
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Camila Alexandrino 16/11/2023

Obra francesa com um quê de brasilidade
Apesar de essa ser uma obra francesa, a brasilidade está presente. Não só pela questão da protagonista escrever cartas para a Carolina Maria de Jesus, autora de "Quarto de Despejo", mas porque as situações que ela vive, se parecem com as de Carolina e também com a de milhares de outras empregadas domésticas no Brasil e no mundo. Ter lido essa obra depois de já ter lido Quarto de Despejo e Solitária, complementou muito a leitura desse. É uma obra quase que obrigatória para todos.
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Crixtina 03/11/2023

Cartas a uma negra
Gostei do livro, ele narra a existência do racismo que existe em qualquer parte do mundo ! Sempre necessário este tipo de leitura
?resignação, dom que Deus dá aos infelizes. Ela impede a revolta, os atos e as palavras impróprios.?
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Nay__ 01/11/2023

Didático
Só faltou desenhar pra mostrar a realidade que ninguém quer ver. Pode ser dos anos 60, mas é muito atual.

Nesse relato o tom é tão otimista (ainda que realista) que me passou certo mal estar, mas entendi que ela não quis se assujeitar ao sofrimento imposto, o que a meu ver beirou tanto a fantasia e os óculos de Pollyana (em relação as atitudes/pensamentos da protagonista) que só então eu descobri que o livro é uma ficção autobiográfica, acostumada que sou com o relato de sofrimento em situações de sofrimento.

O final, aos solavancos, mostra que o corpo é frágil, não nos esqueçamos, e arremata a história do cotidiano às vezes repetitivo, às vezes com uma viagem de férias ou uma festa, às vezes com um acolhimento a quem não tem família, não tem lugar, não tem oportunidade.

Não li Maria Carolina, isso parece que fez diferença. E, mesmo sabendo que as realidades são outras, a de Ega talvez menos precária, ainda é uma realidade de sofrimento, luta e não pertencimento. Discordo de quem disse que Carolina diria que Ega não sabe de nada, ela sabe... e talvez tomassem um café juntas.
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Marina 29/10/2023

Impecável
A autora nos mostra que ser uma mulher preta em diáspora é uma experiência semelhante independente do lugar do mundo em que se esteja.

A escrita em forma de diário fez com que a leitura fosse leve e me deixou curiosa para saber como seriam os outros dias.
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Rayne.Peres 20/10/2023

O livro conta a história de Ega Françoise, uma negra antilhana que vive em Marselha na França. Nessa história acompanhamos a realidade do racismo e da exploração feminina presente no cotidiano das mulheres negras e
principalmente a humilhação e desvalorização das quais são submetidas as antilhanas negras diante das patroas/patrões. O livro é narrado em primeira pessoa pela própria autora, se identificando com Maria Carolina de Jesus, autora da obra ?Quarto de despejo? ela decide escrever cartas que nunca foram enviadas para Carolina.
Este foi um livro de muita reflexão que deixou explícito que o racismo não está presente apenas aqui no Brasil com também em outros países e que este racismo possa ser pior em muitos lugares.
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samantabellei 15/09/2023

Confuso...
A leitura é extremamente confusa.
A ideia é boa, mas muitas vezes me pareceu que as palavras estavam sendo jogadas ao vento.
Enfim, não gostei.
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tonhão 15/09/2023

Françoise Ega, com sua obra-prima "Cartas para uma Negra", mergulha profundamente na complexidade das experiências negras, proporcionando uma leitura intensa e transformadora. Publicado em 2021, este livro tem se destacado como uma obra literária que merece reconhecimento e louvor pela maneira como aborda questões raciais, identidade e a interseccionalidade que permeia a vida de pessoas negras.

A narrativa é construída por meio de uma série de cartas escritas por um narrador anônimo para uma mulher negra, cujo nome não é revelado. A escolha de usar o formato de cartas permite ao leitor entrar profundamente nos pensamentos, emoções e experiências do autor, criando uma conexão íntima e visceral. É como se estivéssemos lendo o diário de alguém, compartilhando suas reflexões mais profundas.

A escrita de Françoise Ega é simplesmente espetacular. Ela tece palavras de forma cuidadosa e poética, criando imagens vívidas que saltam das páginas. Sua habilidade em transmitir as emoções do narrador é notável. A tristeza, a raiva, a alegria e o desespero são todos retratados de forma magistral, fazendo com que o leitor sinta cada uma dessas emoções em sua própria pele.

O tema central do livro, a experiência negra, é explorado de maneira profunda e multifacetada. Françoise Ega não se limita a um único aspecto da identidade negra, mas aborda uma ampla gama de questões, desde o racismo institucional até a busca pela identidade pessoal e cultural. Ela lança luz sobre a luta cotidiana de pessoas negras para encontrar seu lugar em uma sociedade que muitas vezes as marginaliza e desvaloriza.

Uma das grandes realizações de "Cartas para uma Negra" é sua capacidade de abrir os olhos dos leitores para as complexidades do racismo estrutural. A autora expõe as microagressões e os estereótipos prejudiciais que as pessoas negras enfrentam regularmente.

Além disso, Françoise Ega aborda a importância da autoaceitação e do amor-próprio para pessoas negras que muitas vezes são pressionadas a se encaixar em moldes brancos de beleza e comportamento. Isso ressoa profundamente em um mundo onde a representação negra ainda é limitada e distorcida na mídia.

No entanto, "Cartas para uma Negra" também oferece esperança e resistência. A autora mostra a força e a resiliência das pessoas negras, destacando suas conquistas e a importância de se orgulhar de suas raízes culturais. Isso serve como um lembrete inspirador de que a luta não é apenas sobre resistência, mas também sobre celebração.

Uma crítica justa a este livro seria a sua intensidade emocional, que pode ser avassaladora em alguns momentos. Algumas partes podem ser difíceis de ler devido à sua crueza, mas essa é precisamente a razão pela qual este livro é tão importante. Ele desafia os leitores a confrontarem as realidades difíceis que as pessoas negras enfrentam todos os dias.

Em resumo, "Cartas para uma Negra" de Françoise Ega é uma obra-prima da literatura contemporânea que aborda de forma brilhante e comovente as questões raciais e de identidade. É uma leitura essencial para qualquer pessoa que queira entender melhor as experiências das pessoas negras e se engajar na luta pela igualdade racial. Françoise Ega nos presenteou com uma obra que não apenas nos faz refletir, mas nos inspira a agir. Este livro é uma obra de arte que merece ser celebrada e estudada, e sua autora é uma voz que merece ser ouvida e aclamada.
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Emerson Dylan 25/06/2023

O universo de Maméga
Que obra singular! Tudo na narrativa de Françoise Ega impressiona. Poderia ser apenas um diário, poderia ser apenas um conjunto epistolar; mas o que ali é narrado transforma em um potente relato de seu tempo e de seu espaço. Uma obra tão completa e complexa que fica difícil enquadrar sob qualquer tipologia.
A singularidade começa pela escolha da destinatária das cartas-testemunho. É notável demais o impacto que apenas a notícia da existência de Carolina Maria de Jesus causou na autora. E é lindo ver o quanto essa revolucionária da literatura brasileira se torna personagem onipresente no decorrer de todo o relato, apesar de Ega ter lido somente uma matéria sobre Carolina.
As mazelas da pobreza paulistana se replicam na realidade das antilhanas violentamente exploradas sob o sol de Marselha. Há uma universalidade na exploração, na desigualdade, o que faz com que a obra dessas duas autoras existam. Mas há universalidade também nos elos de solidariedade e criatividade e na necessidade de se fazer ouvir (e ler), o que faz com que elas existam.
Naa cartas há passagens emblemáticas das violências sofridas (o que lembra muito o contemporâneo e extraordinário filme "A Negra de...", de Ousmane Sembène), mas há outras que chamam muito a atenção do quanto Ega era uma cronista ímpar de seu tempo. Penso em como a narração da festa dos jovens, quase nas últimas cartas, e da descrição do cotidiano do prostíbulo, captam com olhar único a França no início dos anos 1960. Em ambas as cenas, a história dos costumes acontece; em ambas existe uma empregada negra, que a crônica de Ega ajuda a não inviabilizar.
Findada a leitura (que se complementa com o excelente posfácio dos tradutores na edição da Todavia), fica o anseio por passar o livro para frente, para gritar ao mundo que leia Ega. Fica também a vontade de revisitar a velha amiga Carolina, imaginando a felicidade que seria a concretização em vida desse encontro literário.
NathaliaEira 26/06/2023minha estante
Tive o mesmo ímpeto: sair gritando "leiam Ega", fenomenal! Ótima resenha!




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