Miranda 18/09/2022Em ?Mara, uma mulher que amava Mussolini?, acompanhamos a história de duas amigas e sua trajetória da infância à vida adulta enquanto o regime fascista se desenha e se instaura na Itália. Mara e Nádia são importantes personagens femininas em um livro que conta, principalmente, o papel da mulher nos anos de fascismo na Europa.
Uma das grandes diferenças entre a protagonista e sua amiga é: uma é convicta e fanática por Mussolini e seus ideais, a outra sempre acreditou no seu líder pelo amor à Itália, pelo amor à liberdade. Com o passar do tempo, o agravamento da Guerra e acontecimentos na vida pessoal, a visão de ambas se torna divergente, sem perder a ternura e o afeto mútuo.
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Mara percebe que o belo discurso de liberdade e direito femininos não passa de fachada e precisa lutar muito para manter o sustento da família após a morte de seu pai. Afinal, são tempos de guerra, racionamentos, pobreza, medo. Seus deslumbramento e fé por Mussolini e seu regime foram se tornando incertos, e ela passa a questionar se tudo aquilo que acredita realmente visa uma Itália melhor.
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Achamos muito interessantes os capítulos (geralmente intercalados) que nos explicam eventos ou fatos da época. Essa diferença pode ser notada pela fonte utilizada e nos permite acompanhar a costura entre ficção e realidade de forma muito sutil e necessária. Esses e outros traços nos ajudaram a entender o sentimento da protagonista e também vivências da própria Ritanna.
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Para nós, o papel da mulher foi muito bem colocado e descrito, de forma direta e, ao mesmo tempo, dolorosa. O livro também nos alerta para casos de devoção extrema, de crença e obediência a processos e práticas que desconhecemos. Não devemos acreditar piamente em tudo de primeira, devemos buscar nossos próprios pontos de vista a fim de depositar nossa confiança naquilo que realmente nos representa. Não devemos nos iludir: líderes políticos, de qualquer lado, são capazes de qualquer coisa para livrar a própria pele ou a dos seus. Não é uma questão de julgamentos, mas, sim, de observar o passado e não repetir os mesmos erros no futuro.