Soliguetti 16/06/2023Uma aventura emocionante que poderia ter ido além"Olhos de Pixel", o livro do autor Lucas Mota, promete levar os leitores a uma empolgante jornada por uma Curitiba futurística e cyberpunk. A sinopse promete uma história repleta de ação, elementos queer e uma luta contra preconceitos, tudo isso envolto em uma trama protagonizada por uma mercenária determinada chamada Nina Santteles. Embora o livro seja bem escrito de forma geral e apresente uma história divertida, é lamentável constatar que algumas áreas ficaram subdesenvolvidas e que a resolução da trama foi apressada, deixando um gosto de insatisfação.
Um dos principais pontos fortes de "Olhos de Pixel" reside na habilidade do autor em criar uma atmosfera distópica e cheia de detalhes tecnológicos. A cidade de Curitiba ganha vida através das descrições habilidosas de Mota, fazendo com que o leitor mergulhe de cabeça em um mundo repleto de neon, ruas movimentadas e corporações corruptas. O cenário futurístico e cyberpunk é um deleite para os fãs do gênero, trazendo uma sensação palpável de imersão.
Nina Santteles, a mercenária destemida e queer, é uma protagonista cativante. Sua determinação em resgatar o amor de seu filho adolescente e alcançar uma vida melhor na colônia espacial Chang'e é palpável, e acompanhar suas peripécias ao longo do livro é uma experiência divertida. A representação diversa dos personagens é um aspecto louvável, trazendo à tona questões de identidade e preconceito que são relevantes nos dias de hoje.
No entanto, apesar do potencial promissor, "Olhos de Pixel" deixa a desejar quando se trata do desenvolvimento de alguns personagens. Alguns deles são apresentados de forma superficial, sem um aprofundamento adequado de suas histórias ou motivações. Como leitores, ficamos sedentos por mais informações sobre esses personagens secundários, pois suas contribuições poderiam ter enriquecido ainda mais a trama.
Além disso, a resolução da história é um ponto fraco significativo. A trama avança em um ritmo ágil e emocionante, mas a conclusão parece apressada. Os eventos finais são resolvidos de maneira rápida e simplista, não proporcionando o impacto que se esperaria. Dadas as expectativas elevadas para um livro vencedor do prêmio Jabuti, essa falta de desenvolvimento na resolução da trama é uma decepção palpável.
Apesar dessas falhas, é importante ressaltar que "Olhos de Pixel" ainda é uma leitura empolgante e divertida. Lucas Mota tem um dom para criar um mundo rico e envolvente, e sua escrita fluída mantém os leitores engajados ao longo da narrativa. A temática LGBTQ+ e a abordagem dos preconceitos são valiosas, trazendo questões relevantes para o centro da trama.
No geral, "Olhos de Pixel" é uma aventura emocionante, porém peca pela falta de aprofundamento dos personagens e uma resolução apressada. A habilidade do autor em criar uma atmosfera distópica e abordar questões LGBTQ+ é louvável, mas algumas áreas do enredo ficaram subdesenvolvidas. Com ajustes no desenvolvimento dos personagens e uma conclusão mais satisfatória, o livro poderia ter alcançado todo o seu potencial.