spoiler visualizarCarol 27/11/2023
Sócrates - coleção Valores, Clovis de Barros Filho
Um bate papo com o Clovis (bem falante) sobre o Sócrates
- aquele que foi morto por ser fiel aos seus valores, ao seu propósito de vida
Que homem honrado!
Era feio, segundo dizem, e ao mesmo tempo tão admirável!
Sócrates era um perguntão
Crianças são socráticas, logo são perguntonas
?Mas, aos poucos, você foi ficando adulto.
E perdendo devagarinho o espírito curioso. Desapareceu o prazer de aprender por aprender.
E, com ele, o valor do conhecimento por si mesmo?
Em algum momento da vida passou a importar só o que é útil.
Você se tornou menos interessado e mais interesseiro.
A ponto de só querer conhecer quando o conhecimento é indispensável para ganhar,
ou não perder.
Sócrates perguntava muito.
Mas raramente obtinha dos interlocutores a resposta que procurava.
Por que, então, continuava perguntando?
O que pretendia com todas aquelas perguntas?
Talvez porque seu grande barato não fossem as respostas.
Mas o método.
O protocolo.
O procedimento.
O ato em si.
E não o resultado de tudo isso.
Nossa, eis mais um gigantesco valor.
O do caminho. Do durante.
Que atribuímos ao que estamos fazendo.?
A exemplo de Sócrates para que a vida possa valer a pena, ou melhor, as penas, é preciso interagir, dialogar, perguntar e, quem sabe até, pensar coisas lindas juntos.
Assim, mais próximos ficamos da excelência na arte de pensar.
?O que nos possibilitaria optar por uma única existência ? e todas as situações a ela correlatas ? em detrimento das infinitas outras?
Nossos valores, com certeza.
Por isso, a melhor das vidas será sempre a que mais nos aproximar do valioso, do importante, do que é fundamental para nós.
Só por valores as escolhas são possíveis.
As decisões, justificáveis.
As ações, fundamentadas.
Sem eles, não identificamos a escada que vale a pena subir,
a porta que vale a pena abrir,
o mundo que vale a pena encontrar,
a humanidade que vale a pena integrar.?
?Se porventura Sócrates, com generosidade, acaba levando cada um de seus interlocutores a mais lucidez, a sua preocupação maior nunca foi com a individualidade de seus espíritos, mas com o coletivo.
O pensamento individual a serviço da pólis.?
?Saber para quem perguntar é condição para descobrirmos rápido a informação de que estamos precisando.?
?Quem tem convicção sobre o que vale todas as penas em sua própria vida não costuma dar bola para a torcida.?
?Ter consciência da própria ignorância, da fragilidade das próprias convicções, abre a porta para uma preciosidade da vida.
O embevecimento.
O encantamento diante do mundo.
E a disposição para conhecê-lo melhor.?
?Um humano virtuoso não é qualquer um.
Uma vida virtuosa, tampouco.
Parece óbvio, mas merece ser dito.
Muitos de nós, portanto, vivemos a vida inteira sem resvalar em virtude alguma.
Trata-se de uma conquista.
A mais importante.
A de maior valor.
Para alcançá-la é preciso, antes de mais nada, assumir as rédeas da vida.
Bem diferente de deixar simplesmente que a vida leve.
De entregar nas mãos do acaso, do imponderável, do que vai acontecendo na condução dos próximos passos.?
?Para Sócrates, ninguém vive bem sem ser do ramo.
Ninguém é virtuoso da vida sem conhecê-la muito, saber tudo sobre ela.
Pensar e refletir sobre a existência o tempo todo.?
?Para ele o valor da vida que mais contava, muito mais do que ficar bem com essa galera toda, era viver de acordo com a sua consciência.
E suas convicções.?
?Entendia, portanto, que o respeito às suas leis estava acima de tudo.
E que fora julgado de acordo com elas.
Mesmo que entenda o julgamento injusto, jamais ofenderia, com sua conduta, as leis da sua cidade.
Seria negar as condições da sua própria vida, do seu próprio ensinamento.
Seria agir na contramão do que sempre acreditou.
Seria prolongar a vida na indignidade.
E só assim fica claro: melhor ser vítima de uma injustiça do que um beneficiário dela.
Não há indignidade ? nem motivo para vergonha ? em sofrer uma injustiça.
Mas há em cometê-la.?
Morre seu corpo, vive plena sua alma livre.