Aline R. 23/01/2011Há um pouco de Raquel em mimA história é contada em primeira pessoa por sua protagonista: Raquel, uma menina de idade não declarada mas que é a criança da casa. Seus irmãos são pelo menos 10 anos mais velhos que ela. Raquel possui 3 grandes vontades: a de ser mais velha, a de ser menino e a de ser escritora. Ela quer ser mais velha porque os adultos da casa a tratam com descaso e desrespeito. Quer ser menino porque várias vezes ela é impedida de fazer as coisas sem nenhuma explicação além de "não pode porque você é menina". E quer ser escritora porque ela observa tudo o que acontece ao seu redor e adora inventar histórias. Só que essas vontades crescem, ficam pesadas e sempre colocam Raquel em confusões. Um dia, chegou um pacote de roupas doadas pela Tia Brunilda, que era rica, comprava muitas coisas mas enjoava logo e dava para os parentes. Nunca deixavam Raquel escolher nada. Dessa vez sobrou pra ela uma bolsa amarela da qual ninguém gostou. A menina então fez da bolsa um lugar para esconder as suas vontades. Quanto mais as escondia, mais as vontades cresciam e pesavam. Raquel deu vazão a uma delas: a vontade de escrever, pela qual ela conheceu amigos incríveis e que a ajudou a resolver o que fazer com as outras duas. A história se altyerna entre a dura realidade, no meio dos adultos ríspidos, e sua imaginação.
Os personagens da história são: Raquel, sua família de adultos e seus brinquedos inventados: o galo Afonso que foge por não aceitar o papel que lhe impuseram, o galo Terrível, que teve as idéias costuradas para não se rebelar nem fugir, o alfinete que temia não servir para nada (mas servia), uma guarda-chuva que não sabia se queria ser grande ou pequena e uma família de consertadores na qual todos se ajudavam, se ouviam, se respeitavam e trocavam de papéis constantemente.
A história é contada por Raquel, os capítulos com as aventuras de seus amigos e vontades enfiados na bolsa representam a forma como Raquel enxergava seus problemas e as soluções que ela encontrava. Toda criança se sente incompreendida pelos adultos. Toda menina se revolta quando é desrespeitada só por ser menina. E todo escritor é sensível e capta o seu interio e o dos outros também. Eu sou adulta mas já fui criança ejá fui um pouco raquel.