Vitória 19/08/2023
Finalmente voltei pros livros da Karina. Conheci essa querida ano passado quando li Lady Audácia e me apaixonei de cara. Eu leio muito romance de época, e já vi de quase tudo do gênero, mas pela primeira vez uma autora tinha conseguido me surpreender em quase tudo da história. Confesso que o primeiro volume se manteve como o meu grande favorito e o meu ânimo foi sumindo conforme os volumes foram passando, tanto que sequer cheguei a ler Lady Escândalo e As Doze Noites de Lady Malícia. Achei que iniciar uma série nova traria de volta a minha paixão pela autora e estava certa, mas talvez nem tanto assim.
De novo a Karina me ganhou pela ambientação. Aqui a gente não está nem perto da alta sociedade Londrina com seus bailes e regras de etiqueta. A Karina joga a gente numa ilha no meio do nada, com três viúvas e uma tia solteirona se virando sozinhas tendo que dar conta de uma fazenda que dá de tudo, menos lucro. A autora sabe muito bem inserir a gente nesse ambiente, apresentar o dia a dia das personagens e fazer com que o leitor se apegue rapidamente a elas, ainda que seja um ambiente completamente estranho quando falamos de livros desse gênero. E ainda temos a tal da maldição, que é a cereja do bolo. As três mulheres protagonistas da série tem total noção da lenda que ronda a sua família, até porque todas elas já são viúvas, e é angustiante demais vê-las lutando contra ou tentando enganar algo que em um minuto parece uma grande bobeira pra elas, e no seguinte é a coisa mais séria do mundo. O sentimento dúbio das três em relação à maldição me pareceu muito verdadeiro porque, a partir de certo ponto, eu mesma estava em conflito, sem saber se acreditava naquilo ou não, e com medo do que poderia acontecer com o Niels e a Effie.
A Effie é a definição de mocinha fora dos padrões, e isso vai muito além do que a gente costuma imaginar de personagens assim quando o assunto é romance de época. A mulher é viúva, mãe de uma menina de 9 anos, e 10 anos mais velha que o par romântico dela. Amei que a Karina trouxe o age gap invertido, coisa que não é muito comum da gente ver, pro romance de época, onde ele é mais raro ainda. Gostei ainda mais de que o fato da Effie ser mais velha não é apenas um número, isso traz inseguranças pra ela, pelo fato dela não ser mais a menina virgem com o corpo perfeito, mas sim uma mulher com marcas da gravidez pela qual passou, sejam elas estrias ou gorduras "no lugar errado". Pra mim foi maravilhoso acompanhar o Niels exaltando essa mulher, mostrando pra ela que o sex0 não é apenas aquilo com o que ela teve contato no casamento anterior, que pode e deve envolver prazer para as duas partes, que ela é sim uma mulher linda, que ele vai repetir o quão gostosa ela é a cada oportunidade em que os dois estiverem juntos, e que o caminho que ela trilhou ao longo dos anos só contribuiu pra que ela se tornasse a mulher incrível que ela é hoje.
O Niels é aquele piadista que faz você rir e, quando você percebe, já está pelada. Amei como ele sempre tem uma piadinha pronta na ponta da língua, e que esse humor se mantém até nas cenas de safadeza. Confesso que os hots aqui não foram os melhores que eu já vi nem nos livros do gênero, nem nas obras da Karina, na verdade eles ficaram do mediano pro "nossa, isso aqui foi um hot mesmo?", mas os pontos altos ficaram por conta do Niels e do seu humor. Amei ver a relação que ele constrói não apenas com a Effie, mas com todas as mulheres da casa, incluindo a Theresa. Eu já sou completamente rendida a livros com crianças, e aqui não foi diferente. As cenas do Niels com ela foram escassas, e eu confesso que ficaria feliz se elas fossem mais frequentes, mas até mesmo esses pequenos trechos já foram suficientes pra que eu conseguisse ver como o companheirismo estabelecido entre os dois é verdadeiro, e tudo faz sentido pra que, no epílogo, a Theresa chame o Niels de pai e eu me acabe de chorar com isso.
Como uma boa fofoqueira ansiosa, eu já li esse livro pensando nos próximos da série, e Hank e Liesel já conquistaram o meu coração com as poucas cenas que protagonizam aqui. Eu sou completamente rendida por casais cheios do rancor e do ódio (problemática, eu sei, preciso de terapia) e parece que com eles vai ser justamente assim. Até admito que o Hank tem um tiquinho de razão de ter raiva da Liesel, afinal o coitado tava caidinho por ela, os dois estavam quase se casando, ele fica à beira da morte e, quando se recupera, a bonita tá noiva do irmão dele, que por acaso era o detentor do título, que era pra ter mais uns motivos pra ele criar a fanfic da pobretona aproveitadora dentro da cabeça. Como se não bastasse, o irmão morre, e toda a história encaixa certinho na maldição que as mulheres da família dela carregam. Pra mim está mais do que claro que o sentimento ainda está escondidinho (porém nem tanto) dentro dele, afinal esse livro termina com ele sequestrando a querida, e eu não vejo a hora de ver essa história de amor cheia de culpa finalmente acontecer. Aliás, ninguém tira da minha cabeça que aquela noiva que ele arrumou no meio do livro era uma das damas de aço, afinal a coitada que se meteu nessa confusão sem ter noção de nada é descrita como uma das filhas do grande magnata do aço, mas eu ainda tenho que ir atrás direitinho do nome dela e confirmar essa referência, porque a minha memória é de centavos. Fiquei chateada de saber que o próximo livro não é deles? Sim, afinal eu sou ansiosa, mas entendo que deixar os dois por último cria todo um clima e dá tempo pro leitor criar ainda mais coisas dentro da cabeça, que eu só espero que sejam recompensadas. Ao contrário da série das Damas de Aço, que começou com um favorito e depois foi ficando nem tão bom assim, esse aqui começou no 4 estrelas, mas espero sinceramente que melhore com o decorrer do caminho. Sei que a minha ansiedade por Hank e Liesel vai me fazer voltar aqui logo logo pra falar das Rosengarten.