Ley 18/03/2022Foi aqui que me apaixonei por um clube do crime de velhinhosOs livros podem nos conquistar de diversas maneiras, e em O Clube do Crime das Quintas-Feiras, os personagens são um dos pontos que mais me conquistou. A narrativa é formada por idosos, que moram em um retiro tranquilo, e se reúnem uma vez por semana para tentar resolver crimes que podem ter passado despercebidos para outras pessoas.
Esse grupo é composto por cinco integrantes, que se tornaram um pouco nebulosos no início, mas cada um tem uma personalidade única e marcante. O livro tem início com a narrativa de Joyce, relatado em primeira pessoa como em forma de diário. Ela é uma senhorinha quietinha que, em suas próprias palavras, passa despercebida em qualquer lugar por ninguém reparar direito nela. Joyce foi enfermeira por um tempo, então possui algumas qualificações que podem ser úteis no clube.
Assim, neste capítulo inicial, Joyce é convidada por Elizabeth, uma senhora boa em liderança, a fazer parte do clube do crime das quintas-feiras. Os personagens não fazem nenhum alarde, nem resolvem nenhum crime se intrometendo em assuntos oficiais, mas buscam sair da monotonia por meio desse novo passatempo.
É exatamente por esse motivo que, quando o empreiteiro do retiro em que moram aparece assassinado, o clube começa a investigar o crime mais recente. A sensação, para os personagens, é de algo finalmente acontecendo. É como se um evento importante tivesse dado início, de modo que todos ficam animados para tentar achar o culpado.
Embora o livro se estreite na perspectiva em primeira pessoa de Joyce, não é somente aí que ele se limita. A leitura tem várias outras narrações, já em terceira pessoa, uma delas da policial Donna de Freitas, que sonha em fazer algo emocionante em seu trabalho. Tudo é tão pacífico que não há necessidade de Donna investigar casos maiores.
Quando o terrível assassinato chega nas mãos da polícia, mesmo assim não há muito o que Donna possa fazer. Entretanto, para o clube do crime das quintas-feiras, poucas coisas são inalcançáveis. A ajuda de Donna faz diferença para o clube e visse e versa, e o modo como cada um trabalha é o diferencial na leitura. Os idosos são como pessoas com total passe livre, sendo às vezes inocentados e se livrando de peripécias impossíveis, com uma desculpa simples.
A leitura é tão leve e descontraída que as vezes eu tinha que lembrar que estava lendo sobre um assassinato. Em meio a esse assunto mais sério, acabei dando boas risadas. A perspectiva pelos olhos dos personagens da terceira idade mostram como nunca é tarde para se reinventar e ser quem é.
A vida não se limita apenas a um certo período, e a leitura nos permite aventurar em meio a um retiro de aposentados que querem fazer algo para sair da mesmice do dia a dia. O clima da leitura é tão fluido, que ela tem uma rapidez impressionante. A resolução de cada parte da história também traz boas surpresas.
O mistério inicial se torna maior e nem é apenas isso com que vamos nos preocupar. O próprio passado dos personagens esconde mistério que nem sempre são respondidos. Gosto como mesmo entregando respostas, o autor ainda os deixou envoltos em perguntas, principalmente Elizabeth, uma senhora com bons contatos, e mesmo finalizando a leitura continuou me intrigando.
Uma boa lição aprendida neste livro, é que não devemos subestimar quem quer que seja. O livro é uma riqueza só, com mistério, diversão e boas resoluções. É uma leitura tão gostosa que surge uma vontade imensa de entrar no livro e conhecer esses personagens maravilhosos.
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