Beatriz Kath 18/12/2022
Elegidos
Gostei bastante da escrita da autora e do ritmo da narrativa. Achei os pequenos conflitos e revelações bem distribuídos pelos capítulos, de uma forma que não deixou a história monótona ou cansativa em nenhum momento.
Os personagens principais são interessantes de se acompanhar e gostei de como, ao longo da leitura, passei a ver alguns de uma outra forma e a gostar bem mais deles, como foi principalmente o caso da Maiken.
Porém, não gostei de praticamente nenhuma parte do romance que, em certo ponto, foi introduzido na história, entre o Frederico e a Eva. E nem da forma como esse romance passou a ocupar uma grande parte da narrativa dali adiante.
Confesso que sou totalmente do time do slow burn, então talvez isso torne minha opinião questionável mas, ainda assim, a verdade é que achei a forma com que os personagens começam a se envolver EXTREMAMENTE rápida, abrupta e um tanto inverossímil. E não só no início, em praticamente toda cena em que os dois estavam juntos as coisas me pareceram escalar rápido demais.
Outras coisas que não gostei tanto na história foram pequenas contradições, informações e atitudes dos personagens que não me pareceram totalmente verossímeis. Não é nada muito grande ou que prejudique toda a obra, mas foram momentos pontuais que me fizeram perder parte da imersão por conta dessas "quebras" que me faziam desconectar da leitura por um tempo.
A personagem Eva também acabou me irritando em vários momentos, principalmente por conta dessas contradições (além de toda a participação dela nas partes de romance que já comentei). Como, por exemplo, quando ela diz que gosta de "caras maduros que sabem o que querem" mas, pouco tempo depois e pela maior parte da história, acaba no meio de um triângulo amoroso. Ao menos ao meu ver, isso não é alguém que parece saber o que quer, e o fato dela exigir isso dos outros também não me agrada muito.
Sei que pessoas são naturalmente contraditórias e acho interessante quando personagens fictícios também o são. Não seria necessariamente um problema para mim ela ser hipócrita. Mas se ao longo da história o próprio personagem ou algum outro não relembram esse ponto e apontam a contradição, eu acabo enxergando-a apenas como um traço irritante da personalidade do personagem.
Também não me senti muito convencida pela forma com que o Frederico, em pouco tempo, passou a pensar quase que exclusivamente na Eva e quase que a não dar mais qualquer atenção à sua família. Família essa que não só é tudo que ele mais ama, como também foi a principal motivação dele para aceitar participar dessa história toda, apesar dos riscos enormes.
E falando nos riscos, algo que também me incomoda um pouco é o modo com que os eventos do cenário geral da história claramente demonstram ser grandiosos e bastante sérios, conflitos de escala global ou algo próximo disso se formando e ameaçando causar desastres - ou no mínimo mudanças - consideráveis no mundo dos personagens. Mas, ainda assim, a maior parte do foco do livro e dos personagens em si é em dramas adolescentes e brigas de namorados.
Não é como se eu não gostasse de acompanhar essas coisas - me senti bastante entretida com essas partes também -, só achei que o foco foi excessivamente direcionado para essas questões e acabou deixando outros pontos relevantes não tão bem explorados.