Ley 18/03/2022São muitas páginas, bem que poderia ser menor, mas no final senti saudadesDormir em um mar de estrelas foi uma das leituras mais longas de ficção científica que já fiz, então foi um livro que também me deixou imersa. Infelizmente não foi um livro rápido de ler, mas o problema não foi a história. A própria leitura tem temas mais complexos que precisei ler com calma para não me perder. A quantidade de informações é imensa, já que se trata de um universo mais avançado.
É como se os humanos tivessem avançado bastante e a Terra não fosse seu único lar. Nosso planeta é pouco citado e não há narrações nele. Todos os personagens são mais distantes, e a ideia é de que a Terra é o berço da humanidade, mas ainda há outros imensos planetas explorados.
A narrativa conta a história sob a perspectiva de Kira, uma xenobióloga que trabalha em pesquisas em possíveis planetas habitáveis. A forma de vida diferente de humanos ainda não é algo descoberto, ainda que houvesse aqui e ali algumas pistas de outros organismos vivos que poderiam ter passado por onde os humanos também estão.
Kira e sua equipe estão no fim de seus trabalhos, então há a possibilidade de se separarem. A equipe se tornou próxima e seu namorado também faz parte dela. A dor para a personagem é que a perspectiva de se separarem não é algo que eles querem.
Em uma última visita em um determinado lugar do planeta em que estão, Kira encontra algumas evidências que podem constar ser outro ser vivo, assim como um lugar que pode ter sido criado por não um ser qualquer, mas um ser senciente. É algo grande demais para deixar passar, então a protagonista logo quer saber mais e adentra o lugar.
As coisas tem um avanço rápido depois da descoberta, mas não exatamente como a protagonista esperava. Kira encontra um organismo desconhecido, que se torna um mistério e ela é envolvida em alguns protocolos de segurança depois do acontecido.
Algumas coisas ainda mais estranhas acontecem depois de Kira fazer essa descoberta, então tudo vira um terror. Sinceramente, não há como imaginar em como tudo prossegue de modo tão trágico e curioso em tão pouco tempo. Primeiro, achei muito estranho como os personagens pareciam felizes nas primeiras 60 páginas, enquanto ainda faltavam mais de 700 pela frente. Quando fui entendendo o rumo da história, quase desejei voltar para a parte feliz, já que pelo menos havia a segurança de algo bom acontecendo.
A história tem um ritmo que me surpreendeu. O livro é maior do que eu esperava, a fonte pequena, portanto um conjunto de coisas me fizeram avançar devagar nessa história. Kira tem tantas descobertas que sua construção é o que, de fato, o leitor pode mais ansiar ver. Há uma evolução quanto à descoberta do organismo encontrado, mas não é apenas isso.
O organismo tem uma certa conexão com Kira, o que significa que aprendemos tanto quando Kira a saber mais sobre ele. A narrativa tem uma cadência que pode ser definida como lenta. O autor não se apressou a escrever as sucessões de acontecimentos. É preciso entender que muita coisa acontece nessa história, há uma evolução imensa desde que nos deparamos na primeira página até o destino final, é um crescimento gradativo e formado por momentos, pessoas e achados.
É preciso estabelecer um ritmo para que possamos assimilar todas as informações, e foi exatamente isso que o autor realizou. O ponto que pode ser cansativo é, ironicamente, o tamanho do livro. Mesmo que sem esse fato, a história não poderia abranger todos os pontos importantes, em contrapartida, pode se tornar uma leitura mais devagar pela densidade.
É impressionante a civilização abordada na leitura. A construção é tão minuciosa que pude facilmente imaginar algo do tipo acontecendo. Me surpreendi com os detalhes, organizações, etc. A história tem uma abordagem introdutória nas primeiras 300 páginas. Até aí, é como se o que se sucedesse fosse uma cadeia de eventos necessários para que a protagonista, entre outros personagens, pudesse ter um rumo concreto pelo qual seguir.
O sistema apresentado é tão transparente acerca de naves, medidas, entre outros, que é fácil entender as definições. Houveram algumas que não consegui assimilar, mas acho perfeitamente normal. Com o passar das páginas, fica fácil se familiarizar com os termos abordados. Também há um glossário no final do livro que ajuda bastante a ficar por dentro da história., algo que eu sempre recorria quando estava começando a me perder.
Uma história de ficção científica nunca me emocionou tanto e acredito que o motivo tenha sido a forma de abordagem mais humana do autor. O crescimento dos personagens não se deu apenas graças às descobertas alienígenas, como também pela humanidade abordada de diversas formas, um adendo importante que mescla perfeitamente como as mudanças afetam os personagens. Foi estritamente por isso que a obra conseguiu me fisgar melhor, me deixando perto dos personagens, de suas perdas e anseios.
Assim como a extensão do livro me assustou, terminar ele foi um misto de saudade e missão cumprida. Dormir em um mar de estrelas é o primeiro livro de uma série com o mesmo universo, mas com personagens diferentes. A história de Kira foi incrível, com um final satisfatório, e espero continuar acompanhando os demais livros.
site:
https://www.imersaoliteraria.com.br/2022/01/resenha-dormir-em-um-mar-de-estrelas.html